Maitê Xavier: praia

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Maitê Xavier Versão

—Aqui estamos. — disse Jake quando parou o carro. — Você quer mesmo ir pra praia conosco? Não vai ser divertido, nós só vamos a trabalho e não quero que se sinta obrigada a isso.

—Só vai ter homens lá? — perguntei cogitando não ir se a resposta fosse sim, até porque, seria chato.

—Não, Jane vai também, ela quer ver a alga de perto.

—Mas você não deu uma amostra pra ela?

—Dei, mas já estava fora da água fazia um tempo então...Ela quer ver viva, algo do tipo.

—Eu vou, decidido. — falei e quando ia abrir a porta do carro pra sair vi uma moto se aproximando. Era meu pai, que ótimo.

—Acho que seu pai chegou. — disse Jake enquanto meu pai parava a moto atrás da gente e eu saía do carro.

—É ele mesmo. —disse sem entusiasmo.

—Oi filha, ainda conseguiu chegar antes de mim— disse quando tirou o capacete.

—Oi pai, é, cheguei...

—Quem te trouxe? A pessoa quer entrar? Podemos comer juntos— disse meu pai sendo simpático.

—Foi eu, senhor. —disse Jake abrindo a porta do carro e saindo. — Prazer, Jake Loveno. — e estendeu a mão, que meu pai logo apertou.

—Olá, prazer, sou David. Você quer entrar? Podemos colocar um prato a mais na mesa. — disse meu pai, que parece ter gostado de Jake.

—Não senhor, obrigado, mas infelizmente tenho alguns assuntos importantes pra resolver, só vim deixar sua filha mesmo.

—Você é o cara com quem ela mergulhou, não é? Alguma coisa relacionadas a algas tóxicas. — disse meu pai ligando os pontos.

—Ele é meu chefe, pai. — disse tentando explicar.

—Sou eu mesmo, perdão por isso senhor, mas precisávamos de resultados, então foi necessário mergulhar, mas fica tranquilo que eu não colocaria sua filha em risco. —disse Jake com a voz firme e sério.

—Imagina, nós agradecemos. Ela ficou bem feliz de ter ido, era algo que nós fazíamos antes de nos mudar. — meu pai pareceu gostar de Jake, pareceu gostar de verdade.

—Ah, é, ela me contou, quem sabe um dia o senhor possa ir conosco, quando tudo estiver normal novamente. Nós vamos lá hoje, mas não é socialmente. Vamos tentar resolver o problema. —contou Jake pro meu pai.

—Como vocês pretendem resolver? —agora meu pai estava interessado demais.

—Nossa equipe de química desenvolveu um produto que ao entrar em contato com a alga vai impedi-la de sofrer mutações e de se reproduzir, eu não sei explicar a parte teórica, mas nós vamos mergulhar pra retirar elas do mar e aplicar o produto. Recrutamos algumas pessoas pra ajudar no processo então no final da tarde, tudo já deve estar resolvido.

—E você vai, filha? — perguntou meu pai pra mim.

—Vou sim, por isso ele me trouxe. Ele ia me dar o equipamento de mergulho hoje, mas como vamos voltar lá, vamos deixar no carro, é mais fácil. —e meu pai concordou com a cabeça.

—Eu até iria com vocês, tirei à tarde de folga e seria legal lembrar os velhos tempos. Mas não tenho equipamento de mergulho, então não posso ajudar. —falou meu pai e na mesma hora Jake olhou pra mim, como se me perguntasse se podia chamar meu pai pra ir junto, afinal, ele pediu que comprassem um equipamento a mais. Eu só olhei de volta e então Jake falou:

—Temos um equipamento a mais, tamanho M, deve servir, se o senhor ainda quiser pela tarde, quando eu vier buscar sua filha, o senhor pode ir junto.

Então eu vi um sorriso no rosto do meu pai e eles se despedindo, acho que aquilo significava um sim.

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Depois do almoço tomei um banho e coloquei biquíni com um short por baixo, finalmente iria estar preparada para vestir aquela roupa apertada. Fiz uma trança no cabelo e passei óleo de coco neles, meu cabelo estava ficando grande e não queria que aquelas toxinas atrapalhassem em nada.

Duas horas depois Jake me ligou avisando que iria chegar em quinze minutos, provavelmente estava vindo da casa dele. Ele avisou que iríamos direto pra praia, que os amigos dele pegariam carona com Matias. Estava tudo pronto, tudo bem organizado, como essa cidade era, como deveria ser.

Com o tempo esperado Jake chegou, meu pai foi na frente com ele. Mas mesmo sem eu ir à frente, assim que chegou Jake desceu do carro pra nos receber e abriu a porta de trás para que eu entrasse. Era incrível como ele fazia essas coisas naturalmente, e como ele e meu pai se deram bem. Ele ainda não tinha conhecido minha mãe, mas ela já gostava dele só de ouvir falar. Além disso, ela ficou espiando a gente ir embora pela janela, sei que Jake a viu, porque ele deu um sorriso e a cumprimentou com a cabeça, o que deve ter feito ela gostar dele mais ainda.

Chegando na praia tudo correu conforme o esperado. Peter foi também, não pra mergulhar, mas estava lá anotando algumas coisas e fazendo uns cálculos, mas eu não entendi exatamente qual era sua função ali. Jane estava também, a vi olhando pra mim algumas vezes, mas não me importei. Eu não estava ali por causa dela, não iria sair por isso também.

Pode ser coisa da minha cabeça, mas quando Jake não estava por perto, via Jane ficar com sorrisos para Peter, que retribuía as vezes. Mas com certeza Peter retribui na amizade, pelo menos eu espero que seja.

Alguns minutos depois chegou Liliam, mãe do Jake, que provavelmente estava lá por causa da família e Cris, que provavelmente estava lá por causa de Liliam. Elas eram amigas há muitos anos, pelo que entendi. Elas pareciam cochichar algo de longe me olhando e logo depois virem na minha direção, ainda rindo. Acho que gostavam de mim. Eu costumava despertar isso nos mais velhos, a maioria das mães das minhas amigas gostavam de mim, isso pra não dizer todas.

—Oi Maitê, que bom te ver, você está linda! — disse Liliam sendo educada.

—Obrigada, é ótimo te ver também. Eu vim ajudar, vou ficar segurando os frascos reservas e ficar com a sacola para retirar o acesso das algas que já estão mortas, assim nenhum animal corre o risco de comer, ainda não sabemos se elas são prejudiciais a eles.

—Não sabia disso, Jake não me contou. Ele só me disse que ia tentar convencer você a não entrar, mas pelo visto não conseguiu. —ela disse rindo.

—Não, não conseguiu. —eu disse sorrindo também— Nós também não sabíamos que seria necessário recolher as que já morreram, descobrimos quando chegamos aqui na praia e vimos uns peixes mortos, achamos que pode ser isso, então vamos fazer.

—Muito bem pensado... Acho que Jake está te chamando. — disse Cris olhando na direção de Jake.

—Parece que sim, bom, vou ir lá. —e fui na direção dele, e vi Jane se aproximando também.


Se você está gostando, por favor, deixe sua ☆, ela ajuda bastante. Até o próximo capítulo!

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