Jake Loveno versão
"Falais baixo se falais de amor"
William ShakespeareEla escolheu vir, e agora era minha função não estragar a noite, eu nunca me imaginei como aqueles caras românticos que jogam pétalas de rosas no chão formando um caminho que vai levar a amada princesa pra algum lugar com mais pétalas de rosas escrito "eu te amo" e um super buquê de flores que vai morrer em sei lá, uma semana. Mas acho que o que eu bolei vai ser legal, vai ser a minha cara, e eu espero que seja a nossa cara.
—Aonde vamos mesmo? —ela perguntou curiosa.
—Já estamos chegando, relaxa aí. — "relaxa aí"? Nem eu estava relaxado, e olha que eu sabia pra onde a gente ia. Liguei o rádio e estava tocando a música "Gold" de Tolan Shaw, sorri ao lembrar que era essa musica tocando quando a vi pela primeira vez.
Uns vinte minutos depois chegamos e pelo olhar dela, pareceu que gostou, mas a testa levemente franzida mostrava que não tinha entendido.
—Viemos pra praia? A gente vai mergulhar no escuro? Você sabe quais animais marinhos se alimentam de noite?... digo... eles vão estar procurando comida e nós vamos estar lá dentr..
—A gente não vai mergulhar, não hoje. Vem. —disse saindo do carro e procurando um amigo que deveria estar aqui.
—Então a gente vai andar na praia? — alguém estava mesmo curiosa, e cadê esse cara.
Até que o encontrei, ele veio na minha direção com a cesta nas mãos, era Léo, da padaria da esquina da praia. Ele me entregou, deu uma piscadinha e saiu rápido, acho que não queria atrapalhar.
—Quem era esse? O que tem aí dentro?
—Aqui tem tudo que a gente precisa pra fazer um piquenique. Vem, vamos pra areia.
—A gente vai fazer piquenique na praia? — ela disse sorrindo e é, acho que acertei na escolha— Como ele sabia? Quer dizer, ele estava esperando a gente? Quando você programou isso? —ela falou com interesse enquanto caminhávamos até achar um bom lugar pra sentar.
—Ontem, quando você me ligou tentando inventar uma desculpa pra fugir do seu encontro. E aquele é o Léo, ele é dono da padaria que tem ali na esquina. Eu vou direto lá, como você deve imaginar, principalmente nos dias que venho mergulhar. Ele acabou virando meu amigo.
—Mas até uns 20 minutos atrás você não sabia que eu ia estar aqui, como você...
—Depois que eu saí da sua sala, eu avisei ele pra se preparar, estava conversando com ele no telefone, quando você chegou. E você tem razão, eu não tinha certeza mas... bom, eu esperava que você viesse e era uma possibilidade, então... —eu disse enquanto abria a cesta e retirava um lençol pra esticar, afinal, a gente precisava sentar.
—Me da aqui isso, deixa eu ajudar. — ela disse pegando a cesta quando terminei de colocar o lençol na areia.
E então retiramos tudo de dentro, Léo preparou melhor do que eu imaginava, tenho que agradecer depois, tinha tudo ali dentro. Ele colocou varias coisas diferentes em potinhos de vidro, os mesmos que ele usava para servir os petiscos na padaria. Tinha tanto salgado quanto doce, era como se ele quisesse que a gente provasse de tudo.
—Isso foi muito legal da sua parte —disse Maitê sentando e eu, obviamente, fui sentar do lado dela, então ela me olhou nos olhos e soltou um baixo e envergonhado "obrigada".
Conversamos e comemos por mais umas duas horas, até que uma luz rápida e forte clareou onde estávamos. Era alguém, tirando uma foto. Eu rapidamente olhei pra direção que vi a luz e Maitê tampou o rosto, sem entender.
—O que foi isso? Tiraram fotos da gente? — ela perguntou confusa.
—Acho que sim... isso é raro de acontecer, minha vida não costuma ser muito movimentada, mas acontece as vezes. —respondi ainda olhando pra direção em que a luz tinha vindo e identifiquei um homem correndo com uma câmera na mão.
—E agora? O que ele vai fazer com isso?
—Eu não sei, mas ele foi embora. Deve ter esquecido de desligar o flash, e quando viu o que fez, saiu correndo. Quer caminhar um pouco? Assim não ficamos parados. — sugeri e ela logo concordou, tirando a mão que cobria o rosto.
Então guardamos tudo no carro e fomos pra típica, mas agradável, caminhada na praia.
—Eu sinto muito por isso, eu não esperava que isso fosse acontecer... —disse dando chutinhos na areia.
—Está tudo bem. De qualquer forma, essa noite está sendo melhor do que o esperado, tudo bem que o esperado era cama e netflix... —ela disse com humor enquanto caminhávamos e então continuou:
— O que eu quero dizer, na verdade, é que eu ia pro primeiro encontro da minha vida com um cara que na mesma hora que me convidou pra sair estava beijando outra. Depois eu achei que não fosse fazer mais nada hoje, e então você fez um piquenique e agora estamos caminhando na praia com a lua bem em cima da gente... — ela disse como se fosse uma história de superação... espera, ela ia pro primeiro encontro da vida dela, e era com o Peter? Ah cara, fala sério.
—Bom, se posso ser sincero eu também nunca fui a um encontro tipo, encontro mesmo, tipo, oficial. —falei o que fez ela parar de caminhar e olhar pra mim, que logo em seguida parei e a olhei de volta.
—Então você ta me dizendo, que Jake Loveno nunca foi a um encontro antes? Nenhuma garota nunca te fez planejar um jantar especial ou escolher um restaurante? — ela parecia surpresa.
—Até ontem de noite, não. Nenhuma garota. —disse me aproximando dela.
—O que mudou? —ela perguntou me olhando
—Bom, começou com uns espirros —disse rindo— Mas mudou mesmo quando uma certa morena chegou, derrubando suas coisas no chão e franzindo a testa de uma forma linda. — falei me aproximando mais, ela sorriu e também se aproximou, acho que entendi o recado.
—Que bom que você notou os espirros então— ela disse sussurrando. Já estávamos perto o suficiente, então eu a beijei, coisa que eu queria fazer desde que ela entrou pela minha sala e eu a reconheci. Acho que ali, uma parte de mim já sabia que era ela.
Obrigada por ler, se você estiver gostando, por favor, deixe sua ☆, ela ajuda bastante.Vejo vocês no próximo capítulo! ♡
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M(ar)
RomanceEm uma cidade onde a chuva era praticamente desconhecida, o mar era a principal fonte de água potável através do processo de dessalinização. A cidade projetada por 20 fundadores agora contava com toda a população. Todos pensavam em tudo para manter...