05 | Frio até demais...

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Há três meses...

Não sabia como Cameron conseguiu convencer meus pais a me deixarem sair com ele para procurar o irmão mais velho e trazê-lo para casa. Arriscava dizer que foi mais fácil para papai oferecer para Cameron sua picape, gasta pelos imensos caminhos desnivelados de terra na plantação Feldman, do que oferecer um dos dois quartos sobrando que tínhamos em casa. Mas eu não ia perguntar o motivo e arriscar ter minha liberdade reivindicada. Com muito esforço para usar as marchas da picape velha, Cameron subiu a rua Três em direção a cidade quando parou na bifurcação entre a rua que se seguia e a Eagle Ridge que levava para o outro lado, bem distante do centro. Não tinha sinal naquela bifurcação o que me fez olhar pela janela para o campo de golfe Prairie Links e então me virar para ele.

– Por que você parou? – vi Cameron fechar os dedos no volante ao encarar as casas em sua frente.

– Você quer chamar sua amiga? A Stace? – perguntou ao se virar para mim.

Pressionei os lábios com força para não sorrir e deixar que uma piada sobre aquilo escapasse, eu não poderia arriscar destruir o momento precioso que minha melhor amiga estava prestes a ter. Olhei para a bifurcação entendendo o motivo de termos parado ali ao invés de pegar a rodovia expressa.

– Tudo bem. É aquela alí. – respondi apontando para a terceira casa da rua, a de paredes amarelas, mas Cameron já estava dando partida sem nem mesmo olhar para onde meu dedo apontava.

Parou frente a calçada e me acompanhou em silêncio até a porta de Stace.

– Oi senhor Garner, Stace está? – perguntei ao homem de pele morena e olhos claros de dar inveja, meio esverdeados meio acobreados, que nos encarava.

– Oi Ken. – a voz entusiasmada de Stace surgiu atrás do pai, quando ele se afastou mostrando a pessoa ao meu lado, Stace travou em surpresa. – E Cameron. – disfarçou ela.

De cabelos amarrados em um rabo de cavalo, Stace era o total oposto do pai e parados ali, um ao lado do outro, as diferenças eram evidentes. Ela era a cara da mãe, uma cópia perfeita da única mulher oriental em Waverly que chegou de repente e criou raízes ao conhecer o senhor Albert. Quando Stace completou cinco anos, um acidente chocou toda Waverly quando o carro de sua mãe caiu da ponte no rio Cedar, bem onde ficava o lado oeste da cidade. Desde então, Stace se tornou a única mulher oriental em Waverly, tendo orgulho do posto que antes era de sua mãe.

– Viemos perguntar se você quer dar uma volta com a gente. – falei olhando dela para o pai esperando permissão. – Nós vamos até a cidade, comer um pedaço de pizza e voltamos. – menti descaradamente para ele.

– Você acabou de jantar. – uma voz trêmula me fez olhar para além de Stace, para sua avó sentada na cadeira de balanço perto da janela lateral da casa.

Entre Segredos e SuspeitasOnde histórias criam vida. Descubra agora