Entre Segredos e Suspeitas

14 | Noite do Terror part.2

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Atualmente...

Abri os olhos para o quarto escuro ainda com o cheiro de fumaça do beck no ar, me fazendo tossir ao levantar para sentar na cama ao observar o cômodo em volta. Eu estava sozinha naquele quarto depois de passar a noite inteira revisando todos os fatos que nós sabíamos sobre aquela noite, principalmente a novidade em termos Brandon Feldman de volta a Waverly depois de alguns meses desaparecido. Quando Fitz foi embora, me deixando sozinha com meus próprios pensamentos, eu me vi observando a garotinha ingênua e apaixonada que eu era mentindo para os pais depois do jantar para fugir até a casa da frente para encontrar o amor da sua vida e ajudá-lo a encontrar a garota por quem ele parecia gostar.

Naquela época eu não tinha um pingo de orgulho ou amor próprio, ao invés disso, aproveitava qualquer mísero momento que Brandon me permitia ter com ele acreditando que um dia aquele garoto iria acordar e se dar conta de que estava apaixonado por mim. Enquanto isso, seu irmão mais velho, aquele que parecia completamente indiferente, fazia mais coisas por mim do que qualquer outra pessoa e era obrigado a ouvir minhas lamentações sobre o irmão.

É claro que naquela época Aaron e eu nos tornamos bons amigos, mesmo que eu não soubesse seus interesses em mim depois de um longo mês árduo em busca de Liza Muller.

Hoje em dia, tudo o que sobrou daquele amor e amizade se tornou ódio em sua forma mais pura.

Pisquei algumas vezes ao voltar minha atenção naquele quarto, me forçando a não voltar em lembranças que abriam várias cicatrizes que tentavam se curar com o tempo. Apesar dessas lembranças estarem sempre à minha volta, eu precisava focar em mim dessa vez e passar na cara de todas aquelas pessoas que me culparam por algo que eu não tive culpa alguma.

Olhei em volta à procura do meu celular. De repente, nervosismo tomou conta do meu corpo quando precisava checar que horas eram e se estaria atrasada para o encontro com o tal advogado que Madison conseguiu para mim. Revirei basicamente todo o quarto à procura do aparelho que estava debaixo de alguns papéis soltos na mesa onde Fitz havia deixado frente à parede onde mantinha todas as pistas que tínhamos até então.

Para a minha tristeza, eu estava muito, muito atrasada para voltar para casa. O que significava que eu seria um alvo para papai me fuzilar até que fosse seguro chamar minha atenção depois que a visita saísse.

Fui rápida para buscar a mochila e socar tudo dentro dela, coloquei o celular no bolso de trás da calça caminhando em direção a porta do quarto. Abri em um solavanco, ouvindo vozes alteradas vindas do corredor que me chamaram atenção em um milésimo de segundo. Em outros momentos, eu teria ignorado a possível briga de casal entre prostituta e caminhoneiro que frequentavam ali e teria seguido o meu caminho como se nada tivesse acontecido. Mas, a voz masculina chamou minha atenção quando meu cérebro e a Kennedy adolescente dentro de mim reconheceram a voz de Brandon.

Assim como abrir a porta, fechei no mesmo instante colocando o ouvido na madeira para tentar reconhecer a voz feminina que falava com ele, quase gritando.

"Você não entende o que fez?" – dizia ele.

"Eu não tenho culpa se você não viu o que queria ver, mas eu fiz a minha parte como a gente combinou!"

"Sua parte?" – uma risada rouca me fez engolir em seco sentindo arrepio por meu corpo ao perceber que a Kennedy de três meses atrás estava ali, ouvindo e sentindo tudo o que sentiu quando via Brandon quase surtar por uma garota que não fosse eu mesma. "Você me deve muito mais, Daphne!"