06 | Ignorando um Feldman

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Atualmente...

Voltei para casa encontrando papai sentado sozinho na mesa de jantar, o cheiro de comida estava no ar, o que significava que Violet havia deixado o jantar preparado para nós e não iríamos comer a gororoba que papai e eu sabíamos fazer sem os dotes culinários de mamãe. Em silêncio me sentei à esquerda da cabeceira, como sempre havia sido por todos os anos da minha vida, enquanto mamãe sentava à direita e papai, na cabeceira. O tilintar de talheres nos pratos eram os únicos barulhos naquele cômodo, muito diferente do que já foi um dia.

Naquele momento, eu vi a oportunidade perfeita para contar ao papai o que eu estava sentindo, mas ao mesmo tempo em que gostaria de desabafar com ele em uma tentativa de tirar o grande elefante da sala, eu tinha medo de que suas palavras me machucassem.

Eu já estava machucada, esse era o fato, mas eu não precisava de mais um motivo para achar que estava errada com tudo o que aconteceu.

– Madison conseguiu um advogado para você. – disse ele, de repente.

Olhei em sua direção apenas para ter certeza de que estava falando comigo ou era simplesmente uma maluquice da minha cabeça pirada.

– O que? – foi tudo o que consegui dizer.

– Madison conseguiu um advogado, ela chega amanhã com ele.

– Como ela conseguiu? Ele vai ficar aqui em casa? – perguntei.

Papai deixou o garfo cair no prato fazendo barulho, ele respirou fundo ao colocar as duas mãos frente ao rosto, como se estivesse rezando. Observei durante alguns segundos até que ele voltasse a olhar para mim.

– Eu só te peço uma coisa, Kennedy. – disse ele, enfatizando meu nome. – Não faça besteira.

– Mas...

– Não. Faça. Besteira. – repetiu ele, voltando a pegar seu garfo para voltar a comer.

Arrastei a cadeira na madeira fazendo barulho o suficiente para que meu pai olhasse em minha direção. Dessa vez eu fiz questão de encará-lo deixando claro o quanto estava com raiva, furiosa, com aquela situação. Parecia que até mesmo em casa eu era a inimiga.

– Eu não fiz besteira com o outro advogado, os Muller que conseguiram comprar ele. – falei ao levantar da cadeira.

– Você não tem provas. – disse papai, mas antes que eu pudesse responder, ele completou: – Não diga que você ouviu a conversa.

– Mas eu ouvi! – exclamei, sem esconder a angústia de não ser acreditada pelo próprio pai.

– É a sua palavra contra a deles, não entende? – disse ele. – Ninguém vai acreditar nisso.

– E você pai, vai acreditar em mim? – perguntei.

Mas antes que eu pudesse ouvir sua resposta, deixei o prato na mesa e a cadeira onde estava para me apressar até a escadaria para me trancar no quarto. Na verdade eu estava com medo de sua resposta, pois eu sabia que se ele fosse sincero, ela iria doer. Atravessei o corredor dos nossos quartos parando de repente na porta aberta do quarto onde mamãe estava, o antigo quarto da minha irmã mais velha, Madison. Espiei através da abertura o corpo completamente paralizado deitado na cama ao lado de aparelhos que ela precisava para respirar. No cômodo ao lado da cama, inúmeros remédios, sondas e fraldas geriátricas estavam bem organizadas apesar de tanta coisa parecer uma bagunça.

Entre Segredos e SuspeitasOnde histórias criam vida. Descubra agora