Capítulo 3

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Pov Josh

Minha semana passou devagar e entediante como sempre. Como eu estava de férias, nem a escola me distraía, não que eu amasse ir para escola, mas pelo menos eu estudava. Porém sábado chegou novamente, e como a minha mãe não sabia que eu havia fugido da reunião, eu teria que ir novamente e fingir que isso estava adiantando em alguma coisa.

-Vamos filho! Já está quase na hora da reunião. -minha mãe fala me empurrando para o carro. -Você nem me contou como foi a reunião passada...

-Foi legal – falei sem muito ânimo, eu não consigo fingir muito.

-Conheceu alguém legal? -eu até conheci, mas não vou falar deles para minha mãe, porque eu tenho certeza que ela vai criar expectativas e vai fazer eu criar também e no fim não vai dar em nada.

-Não, nem tive tempo para isso.

Logo chegamos no salão e eu já fui entrando, ia me sentar no mesmo lugar de sempre quando vejo Any no canto abanando para mim. Quanto escândalo.

-Você veio! -ela fala animada. -Não tive coragem de falar pros meus pais que isso aqui não adiantava, então tive que vir novamente. Mas pelo menos você ta aqui e a gente pode fugir de novo.

-Eu também não falei para minha mãe, até porque ela ia continuar me obrigando a vir de qualquer forma. -falei para ela.

Nem esperamos o coordenador chegar e já saímos, ficando sentados em um muro que tinha ali. Noah após um tempo, chega também.

-Ué, por que você ta aqui? -Any pergunta para ele.

-Porque eu pensei que vocês viriam mesmo e vim encontrar com vocês. -ele responde ela e depois olha para mim –Como você está Josh?

-Eu to bem na medida do possível.

-Bom, então todos os sábados iremos nos encontrar aqui... nosso ponto de encontro. -Any comenta.

Noah senta do meu lado e ficamos falando sobre coisas aleatórias, eles mais do que eu obviamente.

-Por que todo mundo acredita nessas reuniões? Elas são horríveis. -Noah fala.

-Não é? Eu era uma que acreditava, até vir e ver que eles só falam "vai ficar tudo bem" -Any fala tentando imitar a voz do cara- Mas gente, não é assim que funciona.

-O cara não deve nem ser psicólogo. -eu comento. -Eu já fui em alguns e isso aqui não é como eles trabalham.

-Você devia falar mais vezes, sua voz é bonita. -Noah fala para mim sorrindo. De novo esse sorriso.

-Cara, de novo isso! Se quer paquerar ele, faz isso pelo celular, sei lá, mas não me deixem ficar aqui de vela. -Any reclama.

-Não tem ninguém de vela aqui Any. E obrigado Noah! -eu falo, por que ele sempre me elogia?

-Nós podíamos fazer algo diferente semana que vem né. Antes das aulas começarem. -Any fala.

-Que tal cinema? -Noah propõe.

-Eu acho uma boa. O que você acha Josh? -Any pergunta à mim.

-Desde que eu não fique nessa reunião horrível.

Ficamos um bom tempo conversando, até Any propor um jogo para nos conhecermos melhor.

-É tipo verdade ou desafio, mas só com verdade.

-Como funciona? -eu pergunto, eu nunca joguei isso antes.

-Como assim você nunca jogou verdade e desafio? -Noah pergunta

-Eu não tenho uma vida muito social. -sorrio debochado.

-É só responder as perguntas... -Any fala. - Ok, quais são os hobbies de vocês?

-Eu costumava dançar, mas hoje eu só leio ou assisto uma série. -respondo

-Eu toco violão, as vezes guitarra –responde Noah acendendo um cigarro- Querem?

-Eu aceito. -Any pega um cigarro e acende. - Eu gosto de cantar. É engraçado porque eu não tenho talento nenhum.

-Há, duvido. Você tem cara de quem canta bem. Tipo a Beyoncé. -Noah fala

-Concordo. Inclusive você parece aquela princesa da Disney, acho que Moana o nome.

-Já me disseram isso, obrigada! -ela fala rindo. -Agora um de vocês perguntem.

-Ahn... qual a cor favorita de vocês? -eu pergunto

-Definitivamente vermelho. -Any responde, é uma cor que remete muito a ela, uma cor vívida.

-Eu gostava de preto, mas de um tempo para cá comecei a gostar de azul. -responde Noah me encarando, ele é estranho.

-Você sabe que ele falou isso por causa dos seus olhos né? -fala Any para mim no meu ouvido.

-O que? Nada ver. -falo para ela- Bom, eu gosto de cinza. Vez de vocês.

-Por que você parou de dançar? -Noah pergunta diretamente para mim.

-Porque aconteceram algumas coisas que eu não quero falar agora que me fizeram ver que a dança não leva a nada.

-Queria ver você dançar qualquer dia. -a gente fica se encarando tanto que eu até esqueço que Any está ali.

-Afe vocês dois. A tensão sexual de vocês ta me deixando triste. -Any fala nos fazendo olhar para ela e rir.

-Não tem tensão nenhuma –eu nego

-Aham, sei –ela fala.

Jogamos mais algumas rodadas até o pessoal sair do salão, eles olhavam estranho pra gente, como se fugir dessa reunião fosse um pecado.

-Gostaram da vista? -Noah pergunta debochado para eles.

-Noah, para. -falo para ele batendo no braço dele. Foi meio que sem intenção nenhuma, mas quando minha mão tocou o braço dele houve um choque, que me fez afastar a mão na hora. Quando olho para ele, percebo que ele também sentiu isso e me olha assustado e admirado? Não consigo identificar o olhar dele.

-Bom meus lindos, eu preciso ir, até sábado que vem! -Any sai praticamente saltitando até o carro que acredito ser do pai dela.

-Vai querer carona? -Noah me pergunta

-Minha mãe deve estar vindo me buscar...

-Ahn... então até sábado que vem.

-Até Noah! -ele anda até o carro dele, logo saindo dali.

Enquanto espero minha mãe chegar fico pensando se tudo o que Noah me falava, os elogios e tals, eram flertes ou não. Eu nunca flertei antes, eu nunca nem beijei antes. O mundo do romance nunca foi para mim, a única certeza que eu tenho é que sou gay. Aí você me pergunta, como eu sei disso? Simplesmente por eu nunca sentir atração por mulheres, já assisti pornôs, e quando tem mulheres envolvidas eu simplesmente não me excito, já homens...

Nunca escondi isso dos meus pais e eles sempre me aceitaram, pelo menos isso. Já basta as outras merdas que acontecem na minha vida.

Minha mãe chega e eu entro no carro sem falar nada com ela. Não estava afim de conversa e acho que ela percebeu porque não ficou me enchendo de perguntas.

Será que eu finalmente encontrei um grupo de amigos? 

Monster In MeOnde histórias criam vida. Descubra agora