Capítulo 1

1.5K 134 57
                                    

Josh acordava mais um dia pensando que não queria acordar nunca mais. Todos os dias ele tinha esse tipo de pensamento. Ele possuía 18 anos e estava no último ano do colegial. Você pode pensar "um cara tão novo, com pensamentos desses?", mas se você tivesse vivido o que ele viveu e vive, talvez mudaria de ideia.

Ele sempre sofreu bullying na escola, simplesmente por dançar. As pessoas eram ignorantes ao ponto de dizer que dançar não é coisa de menino e que ele era gay por isso. Sim, ele era homossexual, mas não por causa da dança. Ele nunca teve um amigo na escola e sempre passou seus intervalos se escondendo de tudo e todos. Ele preferia ser invisível do que ouvir palavras ruins. Não, ele nunca apanhou, mas a violência por palavras dói muito mais e deixa marcas muito mais difíceis de serem curadas.

Aos 14 anos teve seus primeiros sinais de depressão, o que fez com que seu pai -considerado seu heroi e melhor amigo- procurasse tratamento para ele. Quando começou apresentar sinais de melhora, seu pai foi diagnosticado com câncer. E para piorar no aniversário de 16 anos de Josh, seu pai faleceu, deixando-o com uma mãe que não ligava muito para ele, ou pelo menos não aparentava ligar. O mundo de Josh desabou, perdeu o pai no dia que era para ser especial para ele e não possuía mais ninguém no mundo.

Aos 17 começou a se cortar, mas nunca parecia suficiente para acabar com a sua dor. Parou de ir em terapia, pois deixou de acreditar, assim como parou com os medicamentos para depressão. Sua vida só estava afundando e por esse motivo deixou de dançar também.

Perto de completar 18 anos, tentou suicídio. Tomou todos os remédios que havia em sua casa, mas não obteve sucesso. Acordou uma semana depois em uma cama de hospital com sua mãe do lado chorando. Ele nunca teve ligação com a mãe, mas ela implorou para ele nunca mais fazer isso e ele ficou sem saída.

Voltando para o momento presente, era sábado, um dia que para Josh não fazia diferença nenhuma, já que ele não contava mais os dias. Porém, hoje seria o dia que ele iria para uma terapia grupal, obrigado por sua mãe. Segundo ela "a vizinha da fulana foi e depois disso parou de ter pensamentos ruins", sua mãe nunca tocava na palavra suicida ou suicídio, em uma tentativa de tentar esquecer o que aconteceu. Na verdade, depois que Josh saiu do hospital, sua mãe passou a trata-lo como um bibelô e ele odiava isso, ele não queria ser mimado, ele só queria que parasse de doer.

-Bom dia filho! -aparece sua mãe no quarto, abrindo as cortinas fazendo com que o sol entrasse e cegasse Josh. -Puxa! Como o dia está bonito hoje! -ela fala, como se isso fosse mudar alguma coisa no humor de Josh.

-Mãe, fecha a cortina por favor -Josh pede se escondendo mais embaixo das cobertas, estava quente pois era verão, mas Josh não ligava.

-Ninaninanão, pode ir levantando. Esqueceu da reunião?

-Infelizmente não esqueci mãe, mas tinha esperança que você tivesse esquecido.

-Vamos Josh, levanta! O almoço está na mesa -fala ela puxando as cobertas dele e assim ele não teve outra escolha a não ser levantar.

Ele foi ao banheiro tomar um banho e se arrumar para a tal reunião, ele só queria ficar em casa e ler qualquer coisa, ou assistir um filme talvez, tudo menos isso. Após estar pronto, ele desce para almoçar e sua mãe o esperava com o sorriso de sempre no rosto, era um sorriso de pena. Josh amava avaliar sorrisos e ele não sabia o porquê.

Após o almoço, sua mãe o leva até o salão onde seria a reunião.

-Filho melhora essa cara, aposto que você vai se dar muito bem lá e até vai melhorar. -Sua mãe disse. Ele finge um sorriso. -Credo filho, melhor não sorrir então.

-Então tá.

Ao chegarem lá, Josh nem demora para sair do carro, pois já não aguentava mais a sua mãe falando no seu ouvido. Ao entrar no local, senta em qualquer cadeira, sem dar bola pra quem está por perto e fica olha mexendo no celular, esperando começar.

Monster In MeOnde histórias criam vida. Descubra agora