Capítulo 5

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Pov Josh

Segunda-feira, primeiro dia de aula, ou seja, primeiro dia no inferno. Pelo menos acaba esse ano. Acordo cedo e me "arrumo", arrumo entre aspas porque eu só coloco um moletom e saio de casa. Ninguém me nota mesmo, a não ser que seja pra me zoar.

Minha mãe não me leva, pois ela trabalha, então eu pego um ônibus até a escola. Any disse por mensagem que me esperaria na frente da escola, mas eu não acredito muito nessa de que ela vai andar comigo ou ser minha amiga. Até porque ela tem muita energia, é bonita e com certeza vai ser popular nesta escola.

Quando eu desço do ônibus, vejo Any acenando para mim como uma louca. Balanço a cabeça em negação e vou até ela.

- Oi Josh! - ela fala, me abraçando.

- Oi Any! Já conheceu a escola? - pergunto.

- Estava esperando pra você me apresentar... Vem vamos! - ela me puxa pelo braço até dentro da escola.

Apresento o necessário para ela e vou até o meu armário arrumá-lo, e, por incrível que pareça, o armário de Any é do lado do meu. Estava organizando o meu armário quando chegou Justin, um dos caras que vive me zoando, junto com seu grupinho.

- Olha só, o viadinho ainda não se matou! - ele fala, rindo. Eu nem falo nada, porque já estou acostumado com isso. - Ei, não vai me responder?

- Com licença, posso saber o que vocês estão fazendo? - pergunta Any.

- Oi, princesa! É nova aqui? - Justin pergunta, se atirando para ela.

- Sou. Quem são vocês? - ela pergunta.

- Meu nome é Justin...

- Perguntei só por educação, não precisa me responder porque eu não tenho interesse de saber. - diz Any, de cara fechada. O quê? Ela está dando um fora no cara mais popular da escola?

- A princesinha ficou irritada, é? - Justin se aproxima de Any, mexendo no cabelo dela. Ela sorri irônica para ele e dá um chute no meio de suas pernas. Uou, isso doeu até em mim! - O que foi isso sua maluca? -fala ele, gritando e se contorcendo de dor.

- Você nunca mais encoste um dedo em mim nem ouse falar do Josh, seu idiota! - Any fala para ele, me puxando dali.

- Any, você está louca? Esse cara é o cara mais popular da escola. - falo para ela.

- E daí? Não ligo para isso. - ela me puxa até o lado de fora da escola. - Eu acho que chegou a hora de contar o que aconteceu comigo e do porquê eu me cortar.

- Ahn... Se você não quiser me contar tudo bem.

- Não, eu quero te contar. - ela suspira - Na minha antiga escola eu era popular, mas nunca fui de fazer maldades, inclusive defendia muitas pessoas. Até que um dia eu estava namorando um cara lindo, capitão do time de futebol americano, o sonho de todas as meninas, inclusive o meu. Um detalhe importante, eu era virgem e só iria perder a virgindade com a pessoa que eu amasse, todos na escola sabiam disso... - os olhos dela se enchem de lágrimas.

- Se não quiser contar o resto...

- Eu vou contar. Esse garoto dos meus sonhos pedia nudes meus e eu, para agradar, mandava para ele. Até que, em uma noite na casa dele, ele quis transar comigo. Eu não estava preparada, mas ele insistiu tanto que acabei cedendo. Lembrando que era a minha primeira vez. Eu não sabia o que estava por vir... No dia seguinte todos me olhavam torto, e eu não sabia por que, até descobrir que ele havia mandado todos os meus nudes e gravado a nossa transa para todo mundo da escola. - ela dá uma pausa para respirar, e eu seguro a mão dela, demostrando apoio. - Quando fui confrontá-lo, ele me chamou de vadia, e todos na escola passaram a me chamar assim. Ou de vadia que pagava de santa.

- Meu deus...

- Até o final do ano letivo eu já havia sido humilhada o suficiente. E então passei a me cortar. Não cheguei a tentar suicídio porque minha mãe descobriu antes e resolveu me tirar daquela escola. E por isso hoje estou aqui. - termina ela chorando - Então, Josh, quando eu digo que não ligo para aqueles populares nojentos, eu digo a verdade. Aquele tipo de gente é igualzinho àquele garoto que fez isso comigo, e eu não vou deixar te humilharem mais.

- Any, eu sinto muito por tudo que você passou, e obrigado por compartilhar comigo a sua história. Eu sei como é difícil se abrir sobre essas coisas. - falo, acariciando a mão dela.

- Eu contei porque eu realmente quero ser sua amiga, e de Noah também. Vocês são como eu, então sei que nunca vão me julgar.

Eu não sei mais o que responder, então só abraço ela, bem forte, transmitindo tudo que eu gostaria de falar. E acho que ela entendeu o recado, porque retribuiu da mesma forma.

- Agora chega de chororo! - fala ela, secando as lágrimas depois do nosso abraço - Vem, nós temos aulas para assistir. - se levanta, estendendo a mão para mim.

Seguro a mão dela e entramos os dois juntos no inferno. Retiro o que eu disse, pelo menos esse ano eu vou ter ela para aguentar esse inferno comigo.

Monster In MeOnde histórias criam vida. Descubra agora