Capítulo 14

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Pov Josh

Acordo no dia seguinte com um braço sobre mim. Noah me apertava como se eu fosse um ursinho, e eu estava adorando isso. O cheiro dele é muito bom. Me viro de frente para ele para admirá-lo, porém sou surpreendido quando vejo que ele já está acordado. Ele sorri para mim, agora que eu reparei que não há mais tristeza no sorriso dele. Sorrio de volta.

- Bom dia, Josh! - ele me fala.

- Bom dia, Noah! – respondo - Temos que levantar para ver como a bêbada está... -falo, me espreguiçando.

- É verdade. Mas tá tão bom aqui. - ele diz, se aconchegando mais em mim. Eu não entendo esse garoto, diz que odeia abraços, mas tá sempre me abraçando. Ficamos um tempo assim, até a Any aparecer reclamando no quarto.

- Que dor de cabeça dos infernos! - ela fala, se atirando na cama junto com a gente.

- Eu deixei remédios lá do lado da sua cama para você tomar. - falo para ela.

- Eu já tomei, mas tô me sentindo horrível igual, parece que passou um caminhão por mim – Noah e eu rimos - Mas e vocês, hein? Agindo como um casalzinho...

- Any, cala a boca. - Noah fala, vermelho - Você lembra de algo de ontem à noite?

- Eu posso beber muito, mas eu sempre lembro no outro dia, então sim, eu me lembro da pegação de vocês.

- Any, você não estava com dor de cabeça? Então fica quietinha que passa. - eu falo.

Ficamos conversando um pouco até decidirmos comer alguma coisa. Então Noah desce para começar a preparar umas panquecas para nós, enquanto Any e eu nos arrumamos.

- Josh, vou te perguntar uma coisa, não se ofenda e seja sincero. - Any fala, de repente, depois que termina de se vestir. Concordo com a cabeça para ela continuar - Você gosta do Noah? Romanticamente falando.

- Eu, sinceramente, não sei. A gente se beijou pela terceira vez ontem... - sou interrompido com ela gritando.

- Terceira vez? Qual foi a segunda que você não me contou seu chato? 

- Aconteceu naquele dia que nós viemos aqui, depois que você foi embora.

- Mas nem para deixarem eu ver a cena linda de vocês se beijando. - a Any é maluca - Continua...

- Bom, eu não sei o que eu estou sentindo por ele, mas eu não quero pensar nisso. Não quero estragar a nossa amizade.

- Não acho que isso vai estragar a amizade de vocês, até porque ele gosta de você também.

- Ele já te disse isso? - pergunto para ela e ela nega com a cabeça - Então você não pode afirmar nada.

- É, você tem razão... - ela concorda e saímos do quarto. Quando chegamos na cozinha, Noah já nos esperava com as panquecas prontas.

- Demoraram hein. - ele comenta

- Josh tava ficando cheiroso e bonito para você. - fala Any, e eu dou um tapa no braço dela - Ai! Demoramos porque estávamos arrumando a cama.

Estávamos comendo as panquecas que estavam deliciosas, quando o telefone de Any toca. Ela atende e logo passa para mim. Como assim?

- Alô? – falo, estranhando

- Por que você não me avisou que não ia voltar Josh? - era a minha mãe - Eu fiquei preocupada, por isso vem pra casa agora! - fala ela, gritando a última parte e desligando na minha cara.

- Então, eu acho que vou ter que ir... - eu falo, meio sem entender ainda.

- Eu te levo. - Noah fala, se levantando.

- Não precisa, eu pego um táxi. - ele nega e pega as chaves do carro.

- Aproveita e já me deixa em casa, então. - Any fala, também se levantando.

Como eu não havia trazido nada, nós só fomos até o carro. O caminho de volta foi um silêncio, todo mundo tava meio que com ressaca ainda. Minha casa foi a primeira, então logo chegamos.

- Tchau, gente! - falo para eles, já saindo do carro.

Entro dentro de casa, já esperando o sermão da minha mãe.

- Josh, você tem noção do quão preocupada eu fiquei? Cheguei a pensar que você tinha feito aquilo de novo. - fala ela, me abraçando, aliviada.

- Pode falar a palavra suicídio, mãe, porque foi isso que eu tentei fazer. - ela se afasta e me olha, magoada. - Mãe, eu tô bem, tá legal, dormi no Noah e tá tudo certo.

- Você podia ter me avisado...

- Como se você se importasse... - falo baixinho, mas ela ouve.

- Eu me importo, Josh, eu me importo porque você é meu filho! - fala ela, gritando - Eu não sei em que momento você passou a achar que eu não me importo. Você é a única pessoa que me restou, mas age como se eu fosse um nada, como se eu não sofresse também.

- Você em algum momento notou que eu estava afundado na depressão, que eu me cortava? Você só se preocupava em trabalhar... – respondo, também gritando.

- Quem você acha que falou para o seu pai procurar um terapeuta? Enquanto você acha que eu não te notava, eu estava fazendo o possível e o impossível para trazer comida para essa casa, já que não tínhamos mais o sustento do seu pai... Eu também estava sofrendo com a perda, mas eu tive que me virar para ser uma mãe solteira, mas o meu próprio filho me largou sozinha quando tentou se... suicidar.

- Eu não sabia disso... - eu falo, com sinceridade. Na minha cabeça, ela não estava sofrendo e seguiu com a vida muito facilmente.

- Sabe o que é pior?   Saber que seu filho não tem um pingo de consideração sobre você. Eu faço tudo para você, mas você nem para em contar que tinha amigos...

- Mãe, eu...

- Josh, eu tô falando. Eu não quero mais saber de você sair sem me avisar e mentir para mim. Não vou te proibir de ver seus amigos, porque eles fazem bem para você, mas eu quero saber de tudo da sua vida, porque eu sou sua mãe. - finaliza ela, chorando. Eu fico sem como reagir. Será que seria errado abraçar ela?

Ela ia sair quando eu a puxo para um abraço.

- Me desculpa, mãe! Eu não sabia que você também sofria, fui egoísta e achei que você não dava bola para mim, quando na verdade fazia tudo por mim. – falo, apertando-a nos meus braços e chorando ao mesmo tempo. Foi o primeiro abraço que dei em minha mãe em anos.

- Tudo bem, Josh. Eu só quero te ver bem, meu filho, e quero participar da sua vida.

- Vou começar a te contar tudo então, dona Úrsula. – falo, sorrindo para ela.

- É tão bom te ver sorrindo, Josh... Por favor, agradeça aos seus amigos por isso. - ela fala, também sorrindo - Já comeu?

- Sim, sim. Noah fez panquecas...

- Você e esse Noah tem algo? – Caraca, até minha mãe com isso!

- Não, mãe, não temos nada... Nós só nos beijamos as vezes. Mas somos só amigos.

- Por que você não o traz até aqui para apresentar para mim? - ela pergunta, se sentando no sofá. Eu me sento ao lado dela.

- Porque nós não temos nada, mãe. E nem vamos ter.

- Você gosta dele, né?

- Não sei...

- Vocês são jovens, aproveitem isso. Mas ele parece ser um cara legal, e, se te faz feliz, melhor ainda. - fala ela, acariciando o meu rosto, logo depois se levantando. - Vou fazer o almoço.

- Obrigado, mãe! Por tudo... - ela só sorri em resposta e vai até a cozinha.

Eu subo para o meu quarto para pensar. As coisas parecem estar dando certo agora. Eu tô verdadeiramente feliz, Noah e Any me fazem felizes, minha mãe e eu nos acertamos. E, atualmente, em momento nenhum pensei em suicídio. Eu sei que não estou totalmente curado, mas acho que estou no caminho para isso.

Monster In MeOnde histórias criam vida. Descubra agora