Capítulo 11

641 86 11
                                    

Pov Josh

Terça-feira após festa. Any me encheu o saco o dia inteiro ontem sobre o que aconteceu na festa. Ela fica dizendo que eu gosto dele e devia aproveitar que ele também gosta de mim. Eu nem sei se gosto do Noah, e tenho certeza que ele também não gosta de mim.

Estava na aula de química, e Any era a minha dupla, como em todas as aulas que temos juntos, até que os nossos celulares apitam ao mesmo tempo. A gente estranha, e quando vê, é o Noah mandando um áudio. Ele nunca manda áudio, isso é estranho. A aula termina em seguida, e nós saímos da sala, já ouvindo o áudio.

Hoje faz 10 anos da morte dos pais dele, e ele estava chorando no áudio. Any e eu nem pensamos muito e já pegamos nossas coisas, indo até a casa dele. Sim, nós matamos aula, mas é por uma boa causa. E, para completar, o ônibus demora a chegar, fazendo com que eu e Any andássemos nervosos de um lado para outro.

- Será que seria uma boa nós levarmos alguns doces para ele? - Any me pergunta. Tem uma vendinha na frente da parada de ônibus. Então, eu concordo com a cabeça e ela vai até lá. Logo depois ela sai da tal vendinha, e o ônibus chega. Nós embarcamos e ficamos a todo momento falando com Noah pelo telefone, para ele não fazer aquilo.

Ao chegarmos na casa dele, tocamos a campainha. No caso eu, educado, toco a campainha, já Any esmurra a porta. Ele só grita para nós entrarmos, que a porta estava aberta. O perigo disso! Entramos na casa dele e o encontramos enrolado numa coberta, (detalhe que estava muito quente) sentado na sala, chorando.

- Ôh, meu amor, vem cá... - diz Any, se aproximando dele e o abraçando. A cena dele chorando me dói muito, é como se eu quisesse tirar a dor dele e passar para mim. - Ah, desculpa, eu sei que você não gosta de abraço. - Any fala, se afastando. - Nós trouxemos alguns doces, a gente sabe que não funciona em nada nesses momentos, mas você precisa comer, nem que seja uma besteira.

Eu me sento do lado dele e começo a fazer carinho em seu cabelo sedoso. E, para minha surpresa, ele me abraça.

- Eu sei que não há nada no mundo que tire essa dor, mas você tem a nós pra passarmos por ela com você. - eu falo pra ele enquanto sua cabeça está em meu peito.

Any segura na mão dele, transmitindo conforto e, assim, passamos a manhã e parte da tarde. Um momento de dor, um momento entre amigos.

- Desculpa fazer vocês saírem da aula assim... - ele fala com a voz rouca enquanto comíamos os doces.

- Não tem problema, meu amor. - Any fala - Eu fiz o que eu sei que vocês fariam por mim. - nós dois sorrimos para ela. A Any é tão preciosa.

- Que tal nós assistirmos Friends? Para rir um pouco... - eu falo. Eles concordam e começamos a assistir.

- Quem vocês seriam? - Any pergunta, depois de alguns episódios - Eu acho que eu seria a Rachel ou a Phoebe.

- É, você parece a Rachel às vezes... Eu acho que eu seria a Mônica, porque eu tenho mania de arrumar tudo. - eu falo.

- É verdade, o armário dele na escola é impecável. - Any concorda.

- Bom, eu seria o Chandler, eu acho... Tenho um humor meio ácido... - Noah fala. É verdade.

- Hummm – Any comenta rindo. Ué.

- Que foi?

- É que vocês sabem que eu já assisti toda essa série, né? - a gente concorda. Só eu e Noah ainda não havíamos assistido - Então, no final, Mônica e Chandler ficam juntos.

- Quê? Como assim? Por que você está dando esse spoiler? - eu pergunto.

- Em que temporada isso acontece? - Noah pergunta.

- Final da quinta temporada. - nós estamos na terceira. Mas o porquê dela falar isso é que eu não entendo.

- Nossa, obrigado, Any Gabrielly! Agora eu sei o que acontece no final. - fala Noah, irônico. É bom ver ele assim e não chorando.

- A questão é que vocês são totalmente eles dois. - ela fala, e eu entendo. A Any não desiste dessa história, acho que até Noah entendeu, porque ele ficou vermelho.

Assistimos mais um episódio, e logo ela tem que ir embora, pois seus pais já estavam preocupados com ela. Enquanto isso, minha mãe nem sentiu minha falta. Ficamos só eu e Noah lá.

- Agora a gente para de assistir né? - ele pergunta.

- Ela já assistiu tudo, então não importa. Vamos assistir! - falo, pegando o controle da mão dele e dando play na tv. Nossos dedos se tocam por um momento, e houve novamente aquele choque, mas eu não dei bola para isso.

- Josh... - ele me chama.

- Oi? - eu me viro para ele, e ele me beija. Simplesmente me beija. E eu retribuo. Na verdade, não estou pensando muito, somente em como isso maravilhoso.

Dessa vez, fui eu que pedi passagem com a língua, porque eu necessitava disso. A boca dele se encaixa perfeitamente na minha, e isso é muito bom. Eu posso não ter experiências com beijos, mas o dele parece o suficiente para mim. O beijo estava muito bom, mas o ar falta e nós nos afastamos com um selinho.

Nós ficamos um tempo em silêncio, só nos olhando. Eu não tive um surto dessa vez, e não sei o porquê.

- Ahn... Me desculpa por isso... - Noah fala, se afastando de mim.

- Tudo bem... Não precisa se afastar de mim. Eu não vou surtar novamente – ele parece se aliviar com isso. Me aproximo dele e o faço deitar no meu peito.

Eu não sei o que foi isso que aconteceu, mas eu gostei, novamente. Além de que, dessa vez, foi ele que me beijou. Porém a amizade dele é mais importante para mim, e se isso for atrapalhar a nossa amizade, é melhor nem acontecer.

Monster In MeOnde histórias criam vida. Descubra agora