Capítulo 21

570 80 3
                                    

Pov Josh
Noah e eu acordamos cedo para irmos ao tal memorial, seria na escola mesmo, então não é tão longe.

-Não sei se você já andou de ônibus antes... -eu ia falando, enquanto estávamos na parada de ônibus, quando ele me interrompe.

-Ei! Eu sei que aparento ser riquinho... -ele olho para ele levantando as minhas sobrancelhas- Ok! Eu sou riquinho, mas já andei de ônibus antes, tá?

-Tá bom então. -respondo sorrindo e me aproximando para beijá-lo. Nosso ônibus chega interrompendo tudo. Que saco viu!

Dividimos um fone, nem estava prestando atenção na música, minha cabeça estava muito cheia com outras coisas. Era para Any estar aqui com a gente, zoando a nossa boiolice, mas estamos indo para um memorial da morte dela. O quão trágico o mundo pode ser? Eu já entendi que era para ter acontecido, mas ela era tão jovem e tinha tanta vida.

-Amor? -Noah me chama, olho para ele o questionando- Não é aqui que nós descemos? -olho pela janela e já estávamos na frente da escola. Só levanto correndo e descemos antes que o ônibus saísse do lugar.

Entro de mãos dadas com Noah na escola e já consigo sentir os olhares de alguns colegas meus. O boato é real, eu sou gay e agora eu tenho um namorado. Mas no momento não estou ligando para isso. Entramos no ginásio, onde aconteceria, os pais de Any estão aqui e logo vieram falar com a gente.

-Ei! Ainda bem que vocês vieram! -fala a mãe de Any.

-Nós não perderíamos isso. -fala Noah sorrindo- Acho até que merecemos estar aqui mais do que algumas pessoas. -ele comenta olhando em direção dos caras que a gente brigou no shopping. O que eles estão fazendo aqui?

-Com certeza... Vocês sim eram amigos dela. -concorda a mãe de Any.

A cerimônia não demora a começar e eu só prestei atenção nos pais de Any, o resto era só baboseira de gente que mal a conhecia, como o meu diretor. Até que um daqueles caras do shopping resolve falar, se eu não me engano, foi ele que fez tudo aquilo com Any.

-Eu não acredito na cara de pau desse cara. -comenta Noah do meu lado.

-... Any sempre foi uma garota de ouro, sempre alegre. Nosso relacionamento durou pouco, mas eu gostava muito dela. -ele fala. Não aguento ouvir essa baboseira.

-Mentira! -eu grito me levantando. Noah tenta me puxar para eu voltar a me sentar- Vocês são um bando de hipócritas. Você principalmente. -aponto para o cara- Vocês expuseram a intimidade dela, praticaram bullying com ela, a chamaram de vadia e agora você vem com esse papo de gostar dela? Se você gostasse realmente dela, não tinha feito o que você fez, seu nojento –eu grito.

-Quem é você para falar assim comigo?

-Eu sou um dos melhores amigos dela e eu sim gostava dela. Assim como o meu namorado e os pais dela. -vejo alguns colegas me olharem surpresos- Ah, vocês estão surpresos por quê? Durante toda a minha vida estudantil praticaram bullying comigo por eu ser gay e sim, eu sou gay. -falo me direcionando para os meus colegas- Porém, se eu tivesse morrido, vocês estariam fazendo que nem esse cara idiota aí, e estariam se lamentando. Vocês são nojentos.

-Amor, acho melhor a gente ir embora. -Noah me fala. E eu concordo com a cabeça.

-Fiquem com esse show de falsa lamentação. Academia do Oscar está perdendo vocês. -falo me retirando de lá, junto com Noah. Quando estávamos do lado de fora, me dou por conta do que havia feito. -Meu Deus! O que eu fiz? Noah me desculpa.

-Desculpa? Amor, você falou tudo que eu queria falar, mas não tinha coragem. -ele me abraça- Estou orgulhoso de você!

-É tão bom por pra fora o que estava entalado aqui dentro.

-Eu imagino. -ele fala sorrindo para mim- E ai? Vamos de sorvete? Para animar...

-Por favor. -ele estende a mão para mim e eu pego.

Andamos até uma sorveteria que tinha ali perto. Eu vinha aqui com Any as vezes depois da aula. Agora qualquer coisa vai me lembrar ela.

-Um sorvete de morango para mim. -já que é para me lembrar de Any, vamos fazer isso direito. Noah faz os pedidos e tomamos juntos.

Nosso dia foi assim, relembrando momentos com ela e reclamando daquele povo sem noção. Dessa vez, não houve lágrimas, só risos. Pelo o que nós conhecemos de Any, ela não gostaria que nós lamentássemos para sempre, ela ia querer que vivêssemos nossa vida e sempre com alegria.

Monster In MeOnde histórias criam vida. Descubra agora