Capítulo 8

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Pov Josh

Sexta-feira, estou chegando em casa da aula. Estou com meus fones enquanto ouço uma música qualquer. Falava com Any e Noah pelo celular. Quase perco o ponto onde devia descer de tão distraído que eu estava.

Entro em minha casa sem dar atenção para muita coisa, até que minha mãe grita o meu nome.

- O que foi, mãe? - ela fica me olhando com uma cara séria. Ué?

- Que história é essa de você não estar indo nas reuniões? - ela me pergunta, e de repente, tudo faz sentido.

- Quem te contou?

- O orientador falou pra vizinha da Silvia que você fugiu na primeira reunião e não foi mais. Mas a questão é... Onde você vai? Porque eu continuo te levando lá todos os sábados.

- Primeiramente, mãe, eu sempre disse que essas reuniões não funcionavam. - eu pauso - Era óbvio que assim que eu tivesse oportunidade eu fugiria. - completo, revirando os olhos.

- Josh, isso é para o seu bem...

- Mas não adianta, mãe. O cara nem psicólogo é. E pode crer que eu estou bem melhor não indo lá. - eu falo, quase gritando.

- Onde você tem ido nesses sábados se não lá?

- A lugar nenhum... - falo, subindo as escadas, mas ela vem atrás me perguntando. É óbvio que ela não vai sossegar até saber. - Eu encontrei amigos, tá legal? A Any, que você conheceu quarta, e o Noah, e nós estamos saindo juntos. Agora que eu já falei você pode me deixar em paz?

- Any era desse grupo? Ela fez você fugir? Eu acho que esse tipo de gente que faz você fugir dessas reuniões não são bons amigos... - eu não acredito que ela falou isso!

- Eles são meus amigos sim, e são eles que tem me ajudado, não aquele maldito grupo de apoio! Você não ouse falar mal deles! - falo fechando, a porta na cara dela, e pela primeira vez desde a tentativa, tranco a porta.

Toda essa discussão com a minha mãe me deixou extremamente com raiva. Como ela pode falar assim deles? Ela conheceu a Any e viu que ela é uma boa pessoa. E ela, como minha mãe, deveria ficar feliz por, pela primeira vez em 18 anos, eu ter amigos. Mas não. Só porque são problemáticos como eu, ela age assim.

Na hora eu só queria falar com eles, e eles concordaram em fazer uma chamada de voz em grupo.

- Calma, Josh... Ela vai aceitar. - Any fala com a voz doce depois de eu ter contado tudo para eles - Sua mãe só quer seu bem...

- Se ela quisesse meu bem, ficaria feliz por eu ter amigos. E não falaria para eu me afastar deles.

- Mas, convenhamos, nós vacilamos em não contar que fugimos né. - Noah fala, pela primeira vez. - Talvez, se você ou Any tivessem falado desde o início o que estava acontecendo, isso não teria acontecido.

- Você quer dizer então que eu sou o culpado por toda essa situação? - eu falo, já com raiva. Não acredito que o Noah está defendendo a minha mãe.

- Não foi o que ele quis dizer, Josh... É só que é uma situação delicada que poderia ter sido evitada... - Any fala, tentando consertar.

- Uau! Eu defendi vocês e agora eu sou o culpado. Que maravilha! - falo, irônico - Querem saber? Foda-se vocês, também! - desligo na cara deles.

Que ódio, tá tudo uma merda! Não acredito que defendi eles para dizerem que eu sou o culpado. Pela primeira vez desde que meu pai morreu, eu chorei, chorei muito. Até que decidi que não valia a pena, eu mal os conheço. Resolvo, então, dar uma estudada no que foi dado em aula hoje.

Estava concentrado em matemática quando batem na minha porta.

- Mãe, eu não quero falar com a senhora e estou estudando. - eu falo.

- Não é a sua mãe... Abre a porta pra nós, Josh. - ouço a voz de Any. Como assim? Nós?

- Eu não quero falar com você e seja lá quem estiver com você, também - eu falo, ainda sem entender o que ela estava fazendo aqui.

- Desculpa a gente, Josh, por favor. - ouço a voz de Noah agora. Ele também está aqui?

- Não. - respondo, curto e grosso.

- Josh, meu amor... A gente veio conversar com você, pedir desculpas. Nós te amamos muito. - Any fala - Bom, você abre a porta quando quiser, enquanto isso vamos ficar aqui esperando.

- Esperando o quê? Vocês não precisam ver o meu rosto... Vão para casa de vocês.

- Nós precisamos, sim, te ver. Josh, a gente precisa saber se você está bem. Nós não somos nada sem você. Desculpa a gente, por favor! - fala Noah, quase suplicando. A voz dele está embargada. Ele está chorando?

Resolvo abrir a porta, e, quando faço isso, dois pares de braços me rodeiam, me abraçando forte. Isso é estranho, porque Noah odeia abraços.

- Desculpa, a gente não queria falar aquilo. Não é culpa sua... - Noah fala.

- Tá, gente, eu já entendi. Eu aceito as desculpas de vocês. Tudo bem, mas vocês vieram até aqui só pra me pedir desculpas? - pergunto, me desvencilhando do abraço.

- A gente precisava saber se você estava bem, e, sinceramente, eu não ia dormir até saber se você perdoava a gente ou não. - fala Any. Então eu sorri, porque isso só prova que eles se importam comigo, e que eu fiz drama à toa.

- Nós não somos um trio sem um membro, e pode apostar que você é o mais importante. - fala Noah e volta a me abraçar. Ok, isso é muito estranho.

- Cara, não é você que odeia abraços? - pergunto para ele. Any tá com aquela cara de malícia de novo. Ele me solta, envergonhado (detalhe que eu nunca o vi envergonhado).

- É que... Eu pensei que você precisava de um abraço e tals. - ele fala, meio gaguejando. Any dá risada, e eu fico sem entender.

No fim eles ficam até anoitecer comigo. Conversamos sobre tudo, e a Any fica falando toda animada sobre a festa de amanhã. Ela também resolveu contar para os pais sobre a gente ter fugido da reunião, e já estava tudo certo entre eles. Queria que a minha mãe entendesse assim...

Monster In MeOnde histórias criam vida. Descubra agora