Part 9

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A faca voou em minha direção fazendo com que eu me abaixasse rapidamente para que não me machucasse, no momento em que ela caiu no chão, coloquei meu pé em cima, senão o barulho que o metal faria sob o chão de pedra seria o suficiente para chamar a atenção de Aaron.

Passaram-se dois dias e ao contrário do que todos viviam me dizendo, ninguém veio ajudar-me a sair desse quadrado rodeado de barras de metal. Então, decidi que já passei tempo de não estar fazendo nada e era melhor pensar em algo.

Nesse meio tempo, pude pensar em um jeito de não só tirar a mim daqui,mas como todos e quem não quiser sair, que seja, mas não podem dizer que eu não tentei. Má? Não, mas toda essa baixa estima de toda santa palavra que saem da boca de cada um desse bendito lugar fazia com que eu perdesse cada vez mais a paciência.

Bom... vamos para o plano. Pude perceber que embaixo do colchão havia várias molas em baixo, o que eu faria com elas? Vão ver.

Gastei alguns minutos tentando soltar três molas no total, não que eu precise de três, mas é sempre bom ter reservas. Deixei que ficassem penduradas apenas em um lado da cama e agora vinha a parte que eu precisava que todas as aulas de teatro da escola fossem uteis. O par de olhos castanhos ainda me encarava.

-Aaron! -Disse em um tom meio afetado e alto o suficiente para que o homem dormindo no final do corredor acordasse e prestasse atenção no que estava acontecendo. Estava apoiando-me nas barras geladas com cara de inocente.

-O que... -Falou dispersando e quando notou que era eu quem o chamava, levantou na hora. -O que vossa majestade precisa? -Posicionou-se ao lado de sua mesa, que igual aos outros móveis do lugar, estava caindo aos pedaços.

-Venha aqui, por favor? - Perguntei no mesmo tom afetado. O silêncio se espalhou pelo lugar assim que abri a boca.

-O que desejar. - Eca eca eca!

Assim que o velho ficou em minha frente, pude ver que o menino se interessou pela novela, igual a todos ali. Os que não conseguiam ver, ficavam escutando com o máximo de atenção com medo de perder alguma palavra.

-Minha cama quebrou! -Fiz cara de criança prestes a desabar em lágrimas.

-Como? -Desviou seu olhar de mim para o objeto.

-Não sei! Eu apenas fui deitar e quase cai no chão, já pensou se quebro a bacia ou pior! Podia ser a coluna... eu poderia morrer e sabe que Anastásia não iria gostar nada se eu estivesse mor....

-Tudo bem, tudo bem! Eu vou entrar aí para dar uma olhada, não se desespere, minha linda.

"Serio?!Minha linda? Eca eca eca." pensei.

Suas mãos tremiam tanto que por pouco não consegue abrir a porta da cela.

Ele entrou e andou apressadamente em direção à cama.

-Onde está quebrado?

-As molas.

Tirou o colchão de cima do esqueleto de ferro que o sustentava e o encostou na parede. Voltou e olhou curioso para as molas.

-Isso não vai demorar. -Falou segurando uma delas e na outra mão, uma ferramenta que não reconheci. Tudo nesse lugar era tão diferente de onde vim, acaba parecendo que sou burra ou que tenho alguma doença.

-Tudo bem. - Passei os olhos pelo garoto que, como sempre, me encarava e depois voltei para Aaron.

Esperei até o momento que ele se distraísse mais com as molas e esquecesse por algum segundo que eu estava ali.

Peguei uma das que deixei solta e enrolei em seu pescoço deixando-o sem ar para pedir ajuda e rapidamente tirei a faca de minha calça e acertei no meio de sua perna esquerda assim eu teria tempo o suficiente para correr em direção à porta, onde ele esquecera as chaves, e o trancasse ali. E foi isso que fiz.

Aaron tentava desenrolar as voltas do ferro para que pudesse voltar a respirar e por fim gritar por ajuda.

Fui de cela em cela abrindo cada porta, no final, algumas pessoas se recusaram a sair de seus devidos lugares. Quando cheguei na do garoto, vi que era bem mais alto do que eu e mais forte também.

O velho que estava trancado em minha cela, tentava gritar porém sua voz não saia. Ele intercalava sussurros com socos nas grades.

-Vamos gente, corram! -Dayse disse quando a última pessoa saiu de um dos cubículos. Era a menina chorona, como eles a chamavam. -Eu sei o caminho!









Todos seguiam a mulher gorda que se esforçada para correr e dizer as direções ao mesmo tempo.

Paramos um momento por escutar um grito de socorro, mas eles se recusaram a ir ver o que era, mas eu reconhecia aquela voz. Letícia.

-Onde você vai?

-Temos que sair daqui!

-Está louca?

-É PARA O OUTRO LADO, ESTÚPIDA!

-Eu preciso ir ajudá-la! -Gritei enquanto corria em um corredor paralelo ao que estávamos.

Estava com tanto medo do que estava acontecendo e com medo do que poderia acontecer que não olhei quem falou o que e não olhava para ver se havia guardas nos lugares, a única coisa que vinha a minha cabeça era que eu precisava achar minha amiga.





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O que eu estava pensado? Sério! Podia ter pelo menos tomado um pouco mais de cuidado enquanto corria, por que aí os guardas não iam ter me visto e.... Droga!

OK! Vou continuar...



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Alguns homens me perseguiam e eu aumentava minha velocidade cada vez mais, já estava perdendo o fôlego.

-Ela está ali! Corram!

Virei em vários corredores o mais rápido que eu consegui para despistar os homens, que com o passar do tempo, se multiplicavam.

Uma porta se abre e sinto uma mão me puxar para dentro de uma pequena e escura sala. Sua mão se dirigiu a minha boca para que nenhum barulho saísse alto demais e a outra se apoiava na parede. Era ele.

-Sh! -O garoto olhava em meus olhos, pedindo silêncio.

Escutávamos o som dos guardar falando e correndo de um lado para outro. Posso dizer que demorou uns quinze minutos até que toda a confusão parasse e então retirou sua mão delicadamente de minha boca, colocando-a na parede.

Ainda na minha frente, disse:

-Olha a confusão que você fez... -Sorriu sem mostrar os dentes.

-Confusão?...

-SHHH! Baixo, por favor!

-Confusão? -Repeti sussurrando. -Eu tirei você de lá e nem me agradece.

-Cadê minha faca?

Bufei ao lhe entregar e ele sorriu novamente ao ver minha expressão, agora mostrando seus dentes, que por sinal, eram lindos!

Eu acho sim os dentes dele bonitos e daí?

-Obrigada. -Disse sarcástico e continuou. -Alguns amigos meus estão a caminho, então não tenha pressa para sair daqui.

-Aqueles que eram para vir há dias? Não, obrigada. -Disse me indo em direção a porta o que provocou outro puxão de volta à parede.

-Escuta, você quer um agradecimento por ter nos tirado de lá? Obrigada, mas agora você faz o que eu mando.

-Por que eu deveria?

-Porque eu estou mandando! - Ele estava tão perto que podia sentir seu halito. Tá! A não ser a beleza, eu nunca ficaria com alguém como ele. Fora de cogitação.

Unusual Life (não finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora