Você Poderia Estar Morta

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Ao acordar no dia seguinte, uma vontade imensa de sair e ir a algum lugar me despertou. Estava animada demais. Acho que dormir depois do dia anterior me fez bem. Sabina viria hoje e iria embora depois de amanhã, passando aproximadamente dois dias aqui e eu queria aproveitar esse tempo com minha amiga. Em relação ao Josh, eu não quero pensar nele nesses dias. Esquecê-lo talvez seja o melhor a se fazer agora. Levantei da cama e fui diretamente ao guarda-roupa me trocar, colocando uma roupa apropriada para sair. Compraria algumas coisas, salgadinhos, pepsi, doces, pipocas e alguns filmes de terror e suspense para que eu e Sabi possamos assistir no final do dia.

Sai de casa depois de pronta e fui diretamente para meu carro, entrando no mesmo e logo em seguida fui aos lugares em que precisava.
Já com tudo comprado, decidi dar uma volta pelo bairro onde estava. Então estacionei numa rua segura meu veículo, trancando o mesmo. Passear pelo lugar me fez lembrar a época em que era criança. Tive uma infância normal como todas as pessoas, mas com uma coisa exclusiva minha: sempre ajudei ou tentava ajudar todos com seus problemas sejam eles pessoas ou até mais complicados como o trabalho. Ri, lembrando-me do dia em que vi um casal brigando e entrei no meio da conversa tentando resolver a discussão. Ambos não me deram atenção naquele momento. Afinal o que uma criança pode fazer? Mas acabou que, com o passar do tempo, fui crescendo e aprimorando meus conceitos. Como nunca desisti, hoje, graças aos meus esforços, tornei-me uma psiquiatra que neste momento não consegue ajudar completamente um homem que sem minha permissão, mexe com minha cabeça.

Despertei-me de meus pensamentos ao escutar alguém me chamar.

- Senhorita? - Uma mulher havia me parado, erguendo em minha direção um folheto.

Virei-me para ela e arregalei os olhos.
Era Úrsula. Mãe de Josh.

- P-pois não? - Fraquejei a voz, mas parece que ela não percebeu, pois continuava com a mão erguida em minha direção.

- Meu marido e eu abrimos esses dias uma livraria no centro e gostaríamos muito que você fosse dar uma olhada. - Sorriu gentilmente. Com a mão trêmula, peguei o papel e olhei. Beauchamp's Livraria.

- Seu marido é o Ron Beauchamp?

- Sim, querida. Você o conhece? - Ela me perguntou dessa vez com o semblante, talvez preocupado, e eu neguei rapidamente.

- Não, quer dizer, eu só ouvi falar do nome, mas... - Pronto Any você já fez a merda, agora resolva. - Eu tenho que ir, tchau. - E praticamente saí correndo.

Parabéns, agora olha o que você fez.
Eu devia ter ficado mais tempo lá e não ter corrido desesperadamente dali. Talvez tentar arrancar alguma coisa dela, uma informação sobre o passado de Josh ou algo do tipo. Mas pensando bem, talvez não seja uma boa ideia. Seria estranho, uma pessoa que ela nunca viu, sair fazendo muitas perguntas a ela. Sim, com certeza seria estranho.

- Ei, menina. - Assustei-me ao vê-la na minha frente com a respiração descompassada. Ela me seguiu? - Por que saiu correndo? Está tudo bem?

- Ah-h sim, está tudo bem por quê?

- Olha eu só quero dizer que se você está assim por saber o que aconteceu comigo, meu marido e filho eu...

- Filho? Você fala do Josh? - Interrompi, perguntando-a.

- S-sim... Josh... - Ela sussurrou, abaixando o olhar e, depois de um tempo, voltou a me encarar. - Então você sabe não é? Nunca soube por que ele tentou fazer aquilo. A única solução que Ron encontrou foi a de interná-lo na Casa Westreet - Riu sem humor. Reprimi a vontade de perguntá-la o que foi que aconteceu e dizer que eu era a psiquiatra de seu filho.

- Meu nome é Any. Any Gabrielly - Sorri estendendo uma de minhas mãos. Úrsula apressou-se a apertá-la, balançando nossas mãos com uma força exagerada.

Psiquiatra De Um AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora