Ingerindo o Veneno

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Havia se passado duas semanas. Duas semanas que não tenho notícias dele. Duas semanas que estou com meu tempo todo ocupado pelo trabalho para não ter que ficar em casa pensando no que ele estaria fazendo agora.

Tanto a família de Beauchamp quanto a minha dizem não saber onde ele foi, mas tenho a leve sensação de que os mesmos sabem a razão dele ter ido embora. Só não me dizem o porquê talvez por acharem que eu não sou capaz de lidar com a situação. Isso me deixa frustrada porque eu, assim como eles, quero ajudar, porém não tenho a oportunidade.

Balancei a cabeça voltando as minhas anotações sobre a consulta de Richard que tinha acabado há 15 minutos. Ele com certeza está progredindo muito e logo não precisará de minha ajuda para lidar com seus problemas. Richard ainda sente falta de sua esposa, mas está aprendendo a lidar com a saudade e isso é muito bom.

Meu trabalho, para mim, é um dos mais complexos e difíceis que já vi. Exige muito do meu conhecimento de como lidar com qualquer tipo de ocasião. Também preciso saber sobre medicina para indicar medicamentos certos para o tratamento, tenho que ser também psicóloga, saber dar os conselhos certos. Mas a maioria dos meus pacientes tem problemas sérios e entender o que se passa na cabeça dessas pessoas é muito difícil. A maioria delas são suicidas ou homicidas e eu tenho que tomar muito cuidado no que falo. Apesar de todo o perigo que passo todos os dias, gosto do que faço. Alegra-me muito poder ver um paciente meu sair daqui com um sorriso no rosto por estar melhor.

No caso de Richard, após perder a sua esposa, ele começou a agir de forma estranha, conversando com as paredes, dizendo que estava conversando com Mary, preocupando seus parentes, o que os fez me procurar.

Respirei fundo, aconchegando-me melhor em minha cadeira. Estou aqui desde as 9h00min e agora são 14h00min e ainda não comi nada.

Levantei e me dirigi até o refeitório que aqui tinha, para pegar um lanche, porque não conseguiria comer direito para pagar por um almoço completo.

Depois de comer e esperar um momento para digerir o alimento, voltei para minha sala, preparando-me para mais sete consultas seguidas. Suspirei, cansada, desejando poder voltar para casa, deitar em minha cama e assistir minhas séries, mas não podia. Eu devia continuar.

Pronta para entrar na sala, abri a porta logo franzindo o cenho por ver uma pasta em cima de minha mesa. Olhei para os lados, para ver se tinha mais alguém e quando verifiquei que não, abri o envelope vendo que tinham fotos dentro. Mas uma coisa que reconheci nelas: São as mesmas que eu mostrava para Josh quando ele estava internado na Casa Westreet. Fui passando as fotos até parar em uma folha onde tinha em bilhete com uma letra horrível, porém legível.

Oi minha querida. Reconhece esses lugares? Ah, mas eu sei que sim. Você me deu vários problemas e agora que não tem meu sobrinho por perto, vou aproveitar e brincar com você. Não vejo a hora de poder te sentir em meu colo. Ainda não tivemos tempo para nós dois, mas agora vamos ter todo o tempo que eu quiser.

Obs: Não tente fugir, eu sempre estou te vigiando.

Levantei a sobrancelha, ainda encarando aquele papel, totalmente chocada.

Robert está de volta.

                               (...)

- O que? - Priscila exclamou depois de tudo o que eu disse. - Isto não pode estar acontecendo. - Sussurrou, encarando Úrsula e Ron.

- Querida, nós temos que ter calma. - Meu pai disse, tentando consolá-la.

- Calma? Edward, um psicopata ameaçou minha filha e você quer que eu tenha calma? - Minha mãe exclamou.

Psiquiatra De Um AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora