Luta Interna

30.9K 3.1K 5.4K
                                    

- Eu não diria que a palavra certa seria saudade. - Vi quando Robert arqueou a sobrancelha.

- Vejo que aprendeu alguma coisa com meu sobrinho. Está mais corajosa. - Cruzei os braços, indignada pelo homem a minha frente estar tão calmo. - O que te trouxe até mim, minha querida? - Aproximou-se em passos lentos. - Eu adoro a ideia de tê-la assim, como está agora... Tão, frágil. - Sorriu sarcástico e um calafrio subiu por meu corpo. - Mas realmente estou curioso.

- Eu quero resolver de uma vez por todas o que me incomoda.

- O que seria?

- Sei muito bem que desde que conheceu Úrsula, você foi e continua sendo obcecado por ela. Mas já parou para pensar no que isso vai te levar?

- Não é esta a questão, Any. - Disse desapontado, porém voltou a sorrir como se fosse capaz de me devorar. - Agora que percebi. - Riu como que se o que tivesse acabado de pensar, fosse a coisa mais óbvia.

- O que? - Engoli em seco.

- Você somente ouviu um lado da história. Já parou para pensar que injúria isto tudo é? Tudo bem que pude ter feito coisas horríveis na vida, mas quem não fez?

- Prejudicar outras pessoas para se sentir melhor vai muito além do que isso, Robert. O que fez comigo foi algo sério e você não percebe? - Alterei o tom de voz, por perceber que esta discussão nada vai adiantar, pois estou falando com um louco.

- Hummm... - Aproximou-se mais do meu corpo, logo encostando seu nariz em meu coro cabeludo, aspirando. - Você tem um cheiro maravilhoso. Lembra-me muito de Úrsula. - Atrás de mim, ele segurou minha cintura, juntando-me mais a si fazendo-me sentir sua ereção. Na mesma hora, uma sensação de desgosto e nojo me atingiu. - Você deve ser deliciosa quando está quietinha. - Antes que pudesse dizer ou fazer mais alguma coisa, virei-me com tudo e dei um tapa em seu rosto.

- NUNCA MAIS - Minha respiração estava descompassada. - faça isso, seu monstro.

Ele gargalhou como que se comprovasse algo, ao mesmo tempo em que passava a mão onde estava a marca de meu tapa.

- É tão teimosa e difícil quanto Priscila. Tudo bem é genética. - Fiz careta. Além de tudo, ele é pedófilo. - Você anda bem espertinha para meu gosto. - Andou de um lado para o outro, examinando-me. - Mas agora vamos ao que interessa. Tenho muito o que fazer com você. - Sorriu maliciosamente. - Vou te contar a minha versão e você depois analisa bem as questões e decide de qual lado quer ficar. - Olhei para ele sem expressão. Robert acha mesmo que, de algum jeito, eu ficarei do lado dele?

Bufei, com a raiva dominando meu corpo, porém tive que me controlar, pois ainda assim, ele continua sendo o homem que causou o traumatismo craniano em mim.

- Continue.

- Eu e Úrsula temos uma história mais complicada que você pode imaginar. Eu a amei há muito mais tempo que meu irmão. - Arqueei uma sobrancelha e contive a imensa vontade de rir. Se ele acha que aquilo se chama amar, então este homem está completamente perdido. - Nos conhecemos quando ela tinha sete anos e eu dez. - Parou um instante e me encarou. - Como ela era adorável, você não imagina o quanto a desejei naquele momento. - Engoli seco, tentando não vomitar. Como ele pode? - Naquela época tanto ela quanto eu, éramos inocentes, mas eu pude sentir um calor que você não entende. - Coçou a mão antes de continuar. - Deixei-a ir naquele dia, mas fiz questão de observá-la todos os dias. Até que, alguns anos depois, ela conheceu Ron, para meu desgosto e eu tive de fazer alguma coisa a respeito para tê-la de volta.

- Você é muito louco, e mais ainda egocêntrico ao ponto de fazer isso? Tudo bem que a conheceu primeiro, mas isso não te dá o direito de estragar um...

Psiquiatra De Um AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora