Any Gabrielly
“Até agora não foi confirmado, mas temos uma média de mais ou menos seis pessoas mortas em bairros diferentes. Todos os repórteres estão trabalhando o quanto podem para descobrir quem é o mais novo assassino da cidade”
Suspirei, percebendo que mais uma vez, perderia algumas horas de sono. Era óbvio para mim que Josh estava enrolado nisso. Ele havia acabado de sair do manicômio, mas isso não quer dizer que tenha ficado bom. Não, muito pelo contrário. Eu como psiquiatra sei bem do estado mental de Beauchamp e ele está tudo, menos saudável mentalmente. Mas ninguém enxerga isso.
Desliguei a televisão e tentei me concentrar em minhas anotações. Liguei para a clínica Fresh Start e eles me aceitaram de volta, me fazendo ficar feliz por conseguir resolver isso. Minha vida estava voltando aos eixos. Algumas horas depois de Ron ter saído de minha casa, eu me senti muito culpada por algo que eu não sabia ao certo. Fiquei pensando no quanto sou idiota por ter me envolvido com Josh, mas não é como que se me arrependesse. Só de ter dito a ele que estava me apaixonando. Não foi recíproco e eu devo me conformar com isso. Seguir em frente. O bom de tudo é que eu saí de toda a confusão onde estava submersa. Só falta conseguir dar um jeito em Robert. Até agora não tive sinal dele, mas quando tiver tudo o que Úrsula, Ron e eu resolvemos, entrarei em ação.
Levantei do sofá onde estava sentada. Convenhamos que tenha algo me incomodando, me deixando muito tonta por pensar tanto em algo que já não me interessa. Talvez esse plano que tenho com os pais de Josh me prejudique de certo modo. Ambos me lembram muito dele e ainda por cima, fazem questão de mostrar-me de forma indireta ou não, que estão desapontados comigo. Mas afinal, quem eles acham que eu sou? Uma máquina para aguentar a bipolaridade do filho? Aguentar ser menosprezada pelo mesmo, enquanto ele não liga?
Fui diretamente ao banheiro, me despi e entrei no box. Enquanto deixava com que a água caísse por todo o meu corpo, lembrei-me dos momentos difíceis que enfrentei durante o início de minha carreira, até o dia que o conheci. Também me lembrei dos momentos em que eu achava que Josh começara a ter sentimentos por mim, no dia que achei que nós poderíamos dar certo. Lembrei-me também de como ele me tocou, como se eu fosse só dele e aquele fosse o nosso momento. Ele me beijava com paixão e desejo. Mas de repente, tudo veio a baixo. Como um alerta, meu subconsciente me lembrou do nosso último momento juntos. Quando ele me expulsou, sem remorso, de sua vida. E de repente me vi com raiva, raiva por não conseguir tirá-lo de minha cabeça, de meu coração. Enquanto ele tinha o feito tão rapidamente.
Saí do banheiro, sentindo-me leve por ter conseguido relaxar no banho, mas ao mesmo tempo pesada, por dentro. Algo em mim sempre me lembra que terá alguma coisa errada e eu estava começando a ficar sem paciência com isso.
Vesti uma lingerie preta, toda detalha. Como estava calor, resolvi colocar um short jeans e uma camiseta branca, combinado com minhas unhas pintadas. Penteei meus cabelos, calcei uma sapatilha e me olhei no espelho. Não estava tão mal. Como só iria ao mercado fazer algumas compras, resolvi não apelar para maquiagem. Não tinha nenhuma ocasião especial para me maquiar. Dei uma última olhada no espelho e vendo que nada faltava, saí de casa, sem o carro, andando mesmo. O mercado não era longe e a compra não seria tão grande.
(...)
Após comprar todo o necessário, aproveitei para deixar as compras em minha casa. Vendo que o sol ainda iria se por, resolvi caminhar pelo bairro. Sim eu não deveria, pelas “mortes causadas sem explicação”, mas eu não tinha medo.
Ao passar por um parque, onde crianças brincavam com seus pais, me vi suspirando, sabendo que isso não aconteceria comigo tão cedo. Eu nunca fui o tipo de garota que acreditava no príncipe encantado, pois ele não existe. Mas sempre tive uma sensação estranha, como se eu necessitasse de alguma coisa, como se eu devesse fazer alguma coisa. Já namorei muitos caras, depois de ter perdido a memória, ou seja, depois de Josh, mas nenhum me fez sentir feliz completamente. Sempre me sentia vazia com todos eles. Só que como era teimosa, não desistia mesmo sabendo que talvez o garoto certo para mim, venha com o tempo e não com a pressa de tirar a angústia de dentro de mim. Eu devia ser paciente. E foi isso que fiz com meus dezenove anos. Dediquei-me mais aos estudos do que ao amor até conseguir me formar e quatro anos depois me encontrar nessa situação. Se for parar para pensar, é cômico, ao mesmo tempo em que é triste.
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Psiquiatra De Um Assassino
FanfictionAny Gabrielly é uma psiquiatra de 23 anos que batalha pelo bem estar mental de seus clientes e das pessoas que a envolvem. Quem a conhece bem, vê que ela não faz o tipo de desistir fácil. Em um dia comum de trabalho, Any é mandada para o manicômio m...