Capítulo 15 - Zach

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- Você está bem? - Perguntou Will assim que desligou o celular.

- Não era eu quem devia estar perguntando isso? - Olhei para ele com as sobrancelhas erguidas. Havia certa ironia em ter um Irmão que está morrendo perguntando se você está bem.

- Você sabe do que eu estou falando - Ele revirou os olhos. Eu sabia, mas ainda assim optei por dar de ombros e não responder. Will soltou um bufo aborrecido, mas não insistiu.

Liguei o carro e saí do acostamento voltando para o asfalto, desejando imensamente ter continuado a dirigir e deixado que Will atendesse meu telefone desde o início. Eu havia tentado protegê-lo do surto de nossa mãe e, no final, foi ele quem teve que me defender, isso devia fazer de mim o big brother mais inútil da história.

Ficamos em um Silêncio desconfortável por alguns minutos até que meu irmão finalmente pareceu ter pena de mim e ligou o rádio enchendo o carro com os acordes de guitarra excessivamente altos de alguma música e banda que eu não conhecia.

Fiquei feliz ao ver a placa indicando que a próxima cidade ficava a 5 km. Depois de ter passado direto pela última cidade e parado na anterior apenas para abastecer e comprar comida e água, eu realmente precisava tomar um banho e dormir.

A cidade em questão, não parecia muito maior que a nossa, mas era definitivamente maior que as duas últimas pelas quais passamos.

Parei em um posto de gasolina para pedir informações sobre hotéis em que poderíamos parar. O atendente disse que não haviam hotéis na cidade, mas indicou a direção de um lugar chamado Pousada da Vovó.

A Pousada era um pequeno sobrado. Sua tinta azul estava descascada e deixava visível a camada amarela de baixo. Apesar disso, parecia um lugar habitável. Definitivamente eu podia ficar alí por algumas horas.

Saí do carro após estacionar em uma vaga perto da calçada, peguei as mochilas do porta-malas e dei a volta para ajudar Will. Ele já havia saído e estava encostado no carro me esperando. Quando me viu, estendeu o braço e eu franzi o cenho fingindo confusão.

- Quer segurar minha mão? - Perguntei

- Minha mochila, idiota.

- É... Não. - Respondi com uma imitação de Michael Kyle de Eu, a patroa e as crianças. Dei alguns passos na direção da pousada antes de olhar para trás e ver a expressão irritada em seu rosto - Você vem, irmãozinho?

- Vai se foder, Zach - Rosnou, começando a andar. Esperei que ele passasse a minha frente. Sabia que não se apoiaria em mim por vontade própria, mas, pelo menos assim, eu poderia fazer algo se ele sentisse tontura e se desequilibrasse.

Quando entramos na recepção da pousada, caminhamos até o balcão onde uma mulher que aparentava ter uns 35 anos estava lendo um livro. Ela ergueu os olhos da página e olhou para nós.

- Sim? - Perguntou com uma certa arrogância.

- Um quarto. - Respondi pegando a carteira em meu bolso. Senti Will colocar sua mão sobre meu ombro e automaticamente passei o braço por sua cintura, ele não protestou. Devia estar se sentindo horrível para esquecer seu orgulho e buscar apoio. A mulher também viu o "abraço" e enrugou a testa.

- Nós não alugamos quartos para... Hum... Pessoas como vocês.

Por um momento a encarei sem entender o que queria dizer. Quando entendi, senti meu rosto queimar, não sabia se era mais pela vergonha de nossa relação ser mal interpretada ou pela raiva de sua fala homofóbica.

O aperto de Will em meu ombro aumentou e eu sabia que ele estava prestes a dizer algo que nos faria ser expulsos. Em qualquer outra ocasião, o apoiaria, mas precisava mesmo de um banho e descanso e, pela palidez de Will, ele também precisava.

O Último Show Da Minha Vida (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora