Capítulo 12- Zach

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Olhei com receio para o senhor Carter que estava fechando o caixa antes de fechar a loja. Eu já devia ter ido embora quase duas horas atrás, mas estava enrolando, tentando encontrar o melhor momento para falar com ele.

- Por que você ainda está aqui, Parker? - Me assustei quando a voz de meu chefe quebrou o silêncio.

-Eu... Hum... Estava organizando, sabe facilitando as coisas...

-Hum... Isso é bom... Assim não vou estar muito perdido enquanto você estiver de férias.

Senti minha boca se abrir em choque, eu trabalhava para Carter há quase três anos e ele nunca havia sequer mencionado férias, exceto para dizer o quanto isso incentivava a vagabundagem e a baixa produtividade.

-Eu estou... de férias? - Perguntei exitante

- Foi isso o que eu acabei de dizer - Apesar do tom ranzinza habitual, havia uma nota de gentileza nas palavras que nunca havia visto em Carter. - Acho que trinta dias são suficientes - Mexendo na gaveta do caixa ele pegou um envelope e me entregou. - Aqui, isso é seu. - Peguei envelope, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele continuou - Pelo tempo extra que passou aqui suponho que já tenha organizando tudo

- S... sim - Eu gaguejei um pouco ainda espantado

-Bom, isso significa que pode ir para casa - Ele nem mesmo olhou para mim ao dizer isso. Sabendo que isso era o jeito de Carter me mandar "Dar o fora", segui em direção a porta.

- Boa noite, Senhor Carter - Disse segurando a porta antes de fechá-la atrás de mim - E obrigado - Carter apenas acenou na minha direção mas não disse nada ou olhou para mim.

Fiz o caminho de volta a minha casa em silêncio, normalmente colocava os fones de ouvido e ia cantarolando em voz baixa até em casa. Mas, a conversa que tive com meu chefe mais cedo ainda ecoava em minha cabeça.

Sim, eu havia tomado a decisão que estava me deixando louco desde sexta feira passada. E aparentemente Carter, sabia disso de alguma forma. Eu não sei o que o fez se abrir daquela forma comigo hoje, nem estou certo de que ele mesmo saiba. Seja como for, essa conversa realmente me ajudou, e essas férias...

Perdido em pensamentos, mal percebi que já estava em casa. Entrei o mais silencioso possível para ter certeza de que não iria acordar minha mãe caso ela tivesse caído no sono na biblioteca de novo.

O relógio da sala marcava 22:30. Antes de ir para o meu quarto, fui até a biblioteca, esperando ver minha mãe adormecida entre o computador e uma pilha de livros. Não me surpreendeu ver que a cena era exatamente essa.

Fui até seu quarto e peguei um de seus cobertores antes de voltar a biblioteca e colocá-lo sobre suas costas. Parte mim se sentia culpado pelo que pretendia fazer, sabendo quanta preocupação ela passaria nos próximos dias.

Sacudi a cabeça, tentando dispersar o remorso. Talvez eu precisasse passar o resto da vida pedindo perdão a minha mãe, talvez ela me odiasse por isso, mas essa era a primeira chance (e provavelmente a única) que tinha de fazer algo realmente significativo para meu irmão e eu não podia simplesmente ignorar.

Passei pelo quarto de Will e abri a porta sem bater. O lugar estava escuro e podia ouvir a respiração lenta. Não me atrevi a acender a luz com medo de acordá-lo. Apesar de ter a intenção de contar imediatamente as boas notícias, decidi deixar para o dia seguinte. Meu irmão precisava descansar.

Finalmente fui para meu próprio o quarto, tirei o envelope que Carter me dera do bolso, ao abrí-lo fiquei surpreso ao ver que ali havia um valor três vezes maior que o meu habitual salário. Senti um sorriso se formar em meu rosto. Mais que a quantia de dinheiro que me ajudaria nos próximos dias, era bom saber que meu chefe era humano.

O Último Show Da Minha Vida (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora