Capítulo 17 - John

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Olhei para o relógio pelo que parecia ser a décima vez nos últimos 5 minutos. Minha cabeça estava doendo há pelo menos duas horas agora e só Deus sabia quando essa reunião ia acabar. Eu não pude nem mesmo sair da sala para almoçar porque meu chefe achou que seria uma boa ideia comer aqui enquanto continuávamos conversando sobre os investimentos de algumas das empresas que usavam nosso banco.

Não que fosse a primeira reunião entediante da qual eu participava. Na verdade, sempre gostei de reuniões assim. Um dos motivos pelo qual eu resolvi seguir carreira na área de finanças foi exatamente essa monotonia, a única emoção do trabalho era ficar de olho nas taxas de câmbio e na ascenção e queda da bolsa de valores, o que segundo Will vinha me dizendo desde os 10 anos, era a profissão mais chata do mundo.

Pensar em Will não fez nada para diminuir minha ansiedade. Meu celular estava desligado nas últimas horas e depois do que aconteceu no sábado, eu tinha medo de perder alguma chamada importante de novo.

O senhor Menezes fez uma pergunta, me trazendo de volta a realidade. Foi uma coisa boa eu ter a vaga noção de que ele estava falando sobre Fundos aplicados de renda variável porque assim fui capaz de dar uma resposta coerente. Ou pelo menos boa o suficiente para que Menezes não me repreendesse por minha falta de atenção.

— Os senhores estão dispensados – Ouvir isso me fez soltar um suspiro de alívio e antes mesmo que todos saíssem da sala, eu estava ligando o celular.

— John? – Olhei para cima ao ouvir a voz do meu chefe. Armando Menezes estava em pé de frente a cadeira em que eu estava sentado. – Você está bem?

— Hum, sim? – A palavra saiu mais como uma pergunta do que como uma resposta. Armando podia ser meu chefe, mas ele também era um dos meus amigos mais próximos, o que significava que dificilmente deixaria isso passar.

— Will? – Ele perguntou se apoiando na mesa.

— Entre outras coisas – Coloquei o celular sobre a mesa esperando reiniciar.

— Como Jack está lidando? – Dei de ombros.

— Não muito bem, ele está bravo. Compreensível, eu acho. – Eu não havia mandado Jack de volta para escola no domingo como deveria, em vez disso liguei para avisar que ele faltaria a semana inteira. Eu só queria pensar em um jeito de consertar as coisas com ele até o próximo final de semana.

— Olha, eu sei que você tem muito com que se preocupar – Armando franziu a testa – Mas quando você está em uma reunião com grandes investidores, espero que se esforce de verdade para estar presente. Eu posso ser seu chefe direto, mas não posso fazer muito se nossos investidores acharem que você não está apto para o trabalho.

— Eu sei – Apertei a ponte do nariz, sentindo minha dor de cabeça aumentar. Os investidores do banco eram um bando de abutres, o pior de todos, Jorge Pollak, havia pedido a demissão de uma assistente porque ela não quis ir para a cama com ele. – Vou ficar mais atento.

— Ótimo – Armando deu um tapinha no meu ombro e caminhou para a saída. Peguei o celular de cima da mesa e a tela mostrou 13 chamadas perdidas de Karen. Por um momento senti meu peito gelar com a ideia do que isso poderia significar, mas descartei a possibilidade pois se fosse o caso Maryon também teria ligado. Ainda assim, tinha que ser sério.

Enquanto caminhava de volta para minha sala, retornei a ligação para Karen. Ela não atendeu nos três primeiros toques, o que só aumentou minha ansiedade. Quando finalmente atendeu, não tive tempo nem mesmo de abrir a boca antes que ela começasse a falar.

— Por que você não atendeu a porra do telefone? – A voz irritada junto com o palavrão me fez estremecer. Karen não falava palavrão a menos que estivesse pronta pra matar alguém e parecia que no momento esse Alguém era eu.

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⏰ Última atualização: Aug 16, 2020 ⏰

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