Astrid só foi acordar horas depois, e quando abriu os olhos sentiu-se incrivelmente confusa. Não era suposto estar morta? Não tinha sido consumida pela neblina?!!! O que raios se estava a passar, e porque é que ainda estava viva?
Ela olhou à sua volta, e percebeu que estava deitada numa cama de ceda branca. O quarto era todo branco, e havia uma enorme janela do seu lado esquerdo, que ocupava a parede inteira. Pela janela conseguia ver-se uma vista inacreditável, que a fez imediatamente perceber que não estava na Terra.
Ao longe, montanhas pronunciavam-se no horizonte, brilhando em tons de verde, azul turquesa, amarelo e roxo. O céu cintilava, consumido por laranjas e azuis, num espetáculo crepuscular que já não via tão nitidamente há imenso tempo, por causa da neblina. Aproximando-se mais do lugar onde ela estava, podia ver-se uma cidade repleta de edifícios que pareciam copulas de vidro, adornados por cristais que brilhavam sob a luz do sol, em várias direções.
Ela olhou maravilhada para a quantidade de cores brilhantes e efervescentes, e então reparou num rio, tão repleto de vida, que se fazia estender desde o topo de uma montanha até ao fundo da cidade. Já não via tantas cores há imenso tempo, ultimamente parecia que o mundo era constituído apenas por branco e verde.
Estava tão deslumbrada, que por momentos se esqueceu do que se tinha passado, apenas umas horas antes. Do caos. Da destruição. Da morte! O seu pai, Kate...
Astrid deixou-se cair sobre a cama, com as lágrimas a inundarem-lhe os olhos. O seu pobre pai tinha morrido, vítima da neblina. Será que tinha sofrido? Esperava que tivesse tido uma morte rápida e pouco dolorosa, afinal, isso era o máximo que podia pedir... E Kate? Aquela que fora como uma mãe para si... Pobre Kate...
Naquele momento, não conseguia parar de chorar e de soluçar pela perda dos seus entes queridos. Primeiro a sua mãe, depois Tom, depois Joel, depois Kate, e por fim, o seu pai. Como a vida era injusta para aqueles mais bondosos! Aonde é que estava a justiça de que todos falavam? Aonde é que estava o karma?!! O que ela dava para ter morrido no lugar de todos os que amava! Ela era capaz de vender a sua alma, era capaz de se deixar ser apagada pelo esquecimento, apenas para ter a certeza de que eles teriam uma vida feliz e plena...
Astrid lembrou-se rapidamente da estranha criatura que comunicara consigo. Ela tinha a certeza de que esta criatura tinha algo que ver com a neblina, talvez até fosse ela quem a comandava. Parecia uma sombra estranha, robótica... Um animal grotesco, um monstro!
Ao menos se ela pudesse ter visto o seu pai uma última vez, se tivesse tido a oportunidade de se despedir propriamente dele. Tinha-se esforçado tanto na viagem para permanecer viva, quando no fundo voltara para encontrar tudo em ruínas!
Chorou até ao ponto de lhe começar a dar uma enxaqueca, e lhe parecer que a sua cabeça iria rebentar. Só parou quando ouviu três batidas na porta do quarto. Engoliu o choro e virou-se, caminhando cautelosamente até à porta.
-Posso entrar? – Era a voz de uma mulher. Parecia serena.
-Sim? – Astrid estava relutante. Onde é que ela estava? Que sitio estranho era aquele?
A porta abriu-se, e uma mulher entrou. Era de estatura média, pele morena e cabelo curto e escuro, que lhe chegava ao queixo e estava penteado em pequenos caracóis e ondas, que pareciam uma espécie de penteado das décadas de vinte. Vestia um macacão justo, e completamente branco, e umas botas da mesma cor, e não usava nenhuns acessórios.
-O meu nome é Diana, e sou a Embaixadora da Terra no planeta X – Ela apresentou-se com uma leve vênia, e Astrid não soube bem como responder. Embaixadora? Planeta X? O que é que aquela mulher lhe estava a dizer? Que ela estava noutro planeta?! Seria uma lunática? Será que tinha ido parar a um hospício enquanto estava apagada?
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A Flor Cósmica e o Dragão do Poço
Science FictionReza a lenda que, nas profundezas deste que é o nosso lar, existe uma máquina que faz o Universo continuar a expandir-se em harmonia, ao qual os membros da Confederação Estrelar deram o nome de Poço. Este lugar transforma as Sombras em Luz, e, passa...