Capítulo 11

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Ao contrário de nos outros dias, Astrid não acordou ao nascer do sol, com o som do cântico dos Arcturianos que voavam sobre o céu na cidade. Muito pelo contrário. Quando abriu os olhos, o sol do meio dia já espreitava por entre as finas camadas de nuvens que cobriam o céu. A rapariga bocejou, sentindo-se tão enérgica como já não se sentia há algum tempo.

Tinha sonhado com a sua família, porém, apenas memórias boas que a fizeram sorrir durante o sono, e soltar gargalhadas de contentamento ao acordar.

Decidiu tomar o seu pequeno almoço (ou seria almoço?) ali mesmo no quarto. Ainda de pijama, aproximou-se da pequena cozinha da qual às vezes se esquecia, e pegou numa tigela, enchendo-a com leite e cereais de aveia. Já tinha saudades de refeições tão básicas quanto aquela, que a faziam lembrar-se dos dias em que acordava atrasada para a escola, e tinha que preparar tudo às pressas.

Depois de terminar a sua refeição, tomou um duche rápido e escovou os seus dentes. Caminhou até ao armário, retirando um macacão de lá de dentro e colocando-o no pequeno roupeiro ao lado. Este fez um breve som mecânico, e logo de seguida a tampa abriu-se, como que por magia, e Astrid pôde retirar o macacão, já limpo e sem quaisquer manchas de sujidade, de lá de dentro.

Vestiu-se e então saiu para o salão. Estava com dúvidas de onde poderia achar os seus amigos, e os seus olhos percorriam atentamente por todos os sofás, poltronas e secretárias da divisão, quando se depararam com alguém bastante inesperado!

-Astrid, estava à tua espera – Ayün levantou-se do sofá, caminhando como um felino sensual até ela. A rapariga mal pôde conter a sua vontade de o olhar de cima a baixo.

-E porque razão é que o farias? – Respondeu ela, um tanto ácida.

-Precisava de algum tempo para pensar, e cheguei à conclusão de que estamos a adiar algo inevitável.

-Que seria...

-Estarmos juntos. Se não queres estar comigo porque ainda não nos conhecemos bem, eu entendo, mas podemos ser amigos – O sorriso que ele lhe ofereceu era brilhante e polido.

-Amigos? – Astrid engoliu em seco. Porque não? – Ok.

-Então, queres sair comigo? Como amigos, claro! – Os seus olhos azuis cristalinos pareciam repletos de esperanças. Diria até que as maçãs do rosto levemente rosadas.

-Sair para onde? – A rapariga ergueu uma sobrancelha.

-Talvez seja uma surpresa...

-Uma surpresa? – Ela fez uma breve pausa - Sabes que mais? Aceito, mas só espero não ficar arrependida – Lançou-lhe um olhar de aviso, que Ayün se limitou a ignorar.

Da Praça dos Portais pegaram um portal para a Embaixada Nórdica. Astrid ficava cada vez mais confusa quanto ao lugar onde ele a queria levar, mas estava disposta a dar-lhe um voto de confiança, afinal, duvidava muito que ele tivesse intenções maliciosas.

A Embaixada Nórdica era uma versão mais dinâmica e moderna da Embaixada Humana, e não era de espantar, pois as duas raças eram exorbitantemente parecidas. Parecia a Astrid que todos os que circulavam na rua eram loiros e extremamente pálidos, e por momentos surgiu-lhe uma dúvida.

-O nosso planeta era completamente gelado, por isso é que temos estas características físicas – Respondeu Ayün, mesmo antes de ela lhe colocar a questão.

Caminharam por alguns minutos, até que chegaram a um grande campo repleto de naves esféricas que flutuavam a alguns centímetros do chão, e que pareciam pérolas de tão brancas! Podiam ver-se alguns Nórdicos a atravessarem, como se fossem fantasmas, as paredes das naves, quer para entrarem nelas, quer para saírem.

A Flor Cósmica e o Dragão do PoçoOnde histórias criam vida. Descubra agora