Capítulo 5

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Astrid acordou com um barulho alto, porém suave. Ela olhou em volta, levemente estremunhada, tentando perceber de onde é que este vinha, e os seus olhos doeram-lhe quando olhou para a janela, que estava banhada de raios de sol brilhantes e quentes.

Os seus olhos ainda lhe ardiam, por causa de ter passado horas a chorar, antes de ter caído no sono. Parecendo que não, agora sentia-se mais leve.

Saltou da cama, aproximando-se do vidro enquanto se acostumava com a luminosidade, e percebeu imediatamente que o barulho vinha do céu. No horizonte, o sol acabava de se levantar, anunciando um novo dia, e mais para cima podiam ver-se Arcturianos, que voavam nas suas formas de luz, esplêndidas e rápidas como um raio. Ao cortarem o céu, imitiam um cântico suave, que parecia uma espécie de vibração, que fazia os pelos do corpo de Astrid arrepiarem-se todos.

Sabia que dia era aquele, o dia de ir para a Sukumah, mas tinha a certeza de que não estava pronta! Não sabia o que a esperava, que criaturas iria conhecer, sobre o que é que iriam falar... Estava demasiado nervosa, tão nervosa que achava que a qualquer momento iria vomitar!

Dirigiu-se até à pequena casa de banho anexada ao seu quarto, e tomou um duche rápido, certificando-se de que penteava os seus cabelos em condições, para que estes não ficassem indomáveis depois de secar. Felizmente, a banheira tinha um compartimento onde estavam guardadas bombas de banho, com diferentes perfumes, óleos, incensos, amaciadores, máscaras faciais, corporais e capilares, e champús para diferentes feitios de cabelo.

A casa de banho tinha as paredes cobertas de tijoleira branca, com pequenos desenhos de girassóis nas extremidades superiores. O chão era cinzento, de uma tijoleira a imitar madeira, e havia uma pequena banheira com propulsores de jacuzzi, uma sanita completamente branca, uma pequena janela tapada por uma cortina azul claro, e uma pia com um espelho repleto de nódulos, que tinha sido pintado também nos tons de branco. Era uma decoração bastante mundana, feita para a fazer sentir-se em casa.

Já o quarto em si, contava com uma cama de casal decorada com lençóis de cetim, um pequeno compartimento anexado com um frigorifico, repleto de comidas e bebidas mundanas, um fogão e um microondas, e bem diante da pequena cozinha, estava disposto um armário de madeira branca, com vários macacões brancos e peças intimas pouco elaboradas.

Depois de tomar o duche, secou-se com uma toalha, lavou os dentes e vestiu o seu macacão. Parou alguns segundos, apenas para respirar fundo e tentar controlar os seus nervos, e então saiu do seu quarto, indo vagarosamente para o Salão.

Ela percorreu os seus olhos pela divisão extraordinariamente grande, e encontrou os seus amigos sentados num sofá. Bom, todos menos Lucas, que estava sentado no chão, enquanto falava num tom relativamente alto. Astrid aproximou-se deles com as pernas a tremer mais que gelatina, e Mel levantou-se assim que a viu.

-Bom dia, flor do dia! – Disse ela, num tom alegre e bem disposto. Todos a cumprimentaram, até mesmo Luan, este, porém, bem mais seco do que os outros – Pronta para a Sukumah?

-Nem por isso – Astrid fez uma careta, o seu estômago revirando-se mais uma vez.

-Vai correr tudo bem, afinal, a situação não pode ficar mais estranha, certo...? Já estamos num planeta extraterrestre, rodeados de extraterrestres – Astrid suspirou. Gostava de ser tão positiva como Mel – Devíamos ir comer. Um Pleiadiano contou-me que existem restaurantes fantásticos espalhados pela cidade!

-E o que é que defines por fantástico? É que eu já provei coisas bem esquisitas por aqui – Astrid relembrou-se de todas aquelas frutas esquisitas e com sabor a detergente. Preferia apagar a memória do sabor delas...

-Defino por comida humana! Aqui perto da Embaixada existem restaurantes humanos, vamos sentir-nos como se estivéssemos em casa! – Mel deu um rodopio no ar, que atraiu alguns olhares curiosos na sua direção, porém, ela limitou-se a soltar uma gargalhada.

A Flor Cósmica e o Dragão do PoçoOnde histórias criam vida. Descubra agora