Capítulo 8

91 14 1
                                    

A mulher entrou na caverna, sentindo a sua excitação crescer. Os outros discípulos já lá estavam. Vestiam longos mantos feitos de escamas vermelhas, e tinham os capuzes a esconderem-lhes os rostos, para o caso de alguém dar com eles acidentalmente (como se não fossem matar qualquer pessoa que se cruzasse com eles naquele momento...).

A mulher saudou-os com uma vênia, e então tomou o seu lugar ao redor da máquina responsável por produzir os ovos.

-Ela está a tornar-se um empecilho. O Dragão tem a certeza de que ela foi a escolhida pelo Universo – Afirmou uma figura feminina. Os seus cabelos loiros espreitavam timidamente pelo capuz cerrado sobre a sua cabeça – Teremos que destruí-la.

-Sim, o Dragão pede justiça. Mas não podemos magoá-la diretamente – Retorquiu a mulher, sentindo o Dragão ronronar do outro lado da ligação. Já há algum tempo que Ele se comunicara com eles via telepatia, aliás, da primeira vez tinha sido via sonho, mas a partir daí as coisas foram ficando mais intensas, até que chegou a um ponto em que Ele estava sempre de olho neles.

-Teremos que arranjar uma forma – Murmurou um homem, encolhendo os seus ombros de forma tensa.

-Eis o último ovo! – A mulher chegou-se à frente, aproximando-se da máquina. Tratava-se de um caldeirão de cobre, com mais ou menos um metro de altura, e talhado com flores ao seu redor. Dentro de si, borbulhava um líquido preto e viscoso, e boiava o último ovo de Sombras. A mulher esticou um braço, tomando o ovo para as suas mãos.

Era feito de vidro transparente, e tinha o tamanho perfeito de uma mão. Dentro de si, podiam ver-se Sombras a dançarem como se acariciassem o vidro. Era lindo, uma verdadeira obra de arte criada pelo Dragão! Uma bomba que em breve iria explodir para consumir todo aquele mundo de Luz! A mulher quase soltou uma gargalhada perante este pensamento delicioso.

-A julgar pela quantidade de Sombras dentro deles, não demorará muito para ficarem maduros – Anunciou outra mulher, analisando os milhares de ovos que cobriam o teto, as paredes e o chão da caverna escura. As Sombras estavam quase a enchê-los por completo, mas o processo só iria terminar quando estes ficassem completamente negros e cheios Delas.

-Mal posso esperar. O Dragão mal pode esperar. Até lá, teremos que nos livrar da Flor... – Os lábios da mulher arderam ao tentar pronunciar o nome. O Dragão não os deixava, e ela tinha-se esquecido. Lágrimas começaram a escorrer-lhe dos olhos, até que finalmente a dor passou. Engoliu a vergonha e recompôs-e, emanando todo o ódio que sentia – Teremos que nos livrar dela.

-Esperamos um mês, no Dali – Anunciou um homem, a sua voz potente e intimidante.

-Combinado.

Então, todos eles deixaram a caverna, os seus olhos lentamente voltando ao normal, já que pareciam lanternas de luz vermelha, assim como o próprio Dragão. Para a sociedade, eles eram salvadores, mal sabia a sociedade que eles seriam a sua ruína. 

A Flor Cósmica e o Dragão do PoçoOnde histórias criam vida. Descubra agora