por detrás da sombra

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No dia seguinte

Após ter combinado tudo com midnight, decidimos pôr o plano à prova.
Saí da escola e andei exatamente pelo mesmo caminho de à dias atrás. Fiquei uns minutos na esperança da tal pessoa que se escondia nas sombras aparece-se. No mesmo instante em que viro a esquina oiço um barulho. Olhei levemente para o lado, e continuei a andar.
-É ele – falei para midnight na sua cabeça.
O gato saltou para um arbusto e seguidamente ouvi uns grunhidos. Fui até ao mesmo e desviei as suas folhas. Mid tinha conseguido o amarrar.
-O que estás a fazer? – perguntou o rapaz confuso enquanto respirava ofegante.
-Adam? – olhei surpresa.
-Rachel – sorriu meio atrapalhado.
Olhei para aos lados para ver se avistava alguém, quando vi que o perímetro estava seguro baixai-me ficando assim escondida entre as folhas – porque estás-me a seguir?
-Eu...
-Fala – ordenei séria.
-Porque prendeste-me? vais fazer-me mal? – perguntou um pouco incomodado com as cordas em volta ao seu corpo.
-Depende da tua resposta, mas começava por dizer a verdade se quiseres sair melhor desta situação.
-Eu sei que pode parecer de loucos, mas eu só estou a seguir-te para tua proteção.
-Proteção? Tu tentaste acabar com a carreira dos meus amigos! Chantageaste-me! E agora queres me proteger?
-Eu sei, desculpa – disse com olhar arrependido – eu tive uns problemas, mas eu estou-me tratando, juro.
-Seguir pessoas faz parte do tratamento?
-Não - disse frustrado – outro dia reparei que um homem estava a perseguir-te, não pude simplesmente ignorar, então seguiu. Mas depois perdi-o, então pensei que se tivesse atento ti podia o apanhar.
-Um homem – olhei para midnight.
-Sim, ela era baixo, tinha um colete e podia ver-se uma pequena arma num dos seus bolsos, parecia um caçador – explicou.
-Caçador – lembrei do sonho onde a outra sombra atira-me um dardo tranquilizador.
Midnight olhou preocupado.
-Acredita em mim, eu sei que já fiz-te muito mal, mas hoje não.
Ele parecia estar a falar a verdade, e as coisas que dizia encaixavam-se na perfeição. E mesmo com os acontecimentos passados, acho que devo-lhe ouvir agora.
-Eu acredito – sorri e ele sorriu de volta – e obrigada, mas agora eu é que preciso resolver isso. Tens de prometer ficar fora deste assunto e não comentar com ninguém.
-Está bem – disse triste – mas se precisares de algo podes contar comigo, sei que te devo uma – disse envergonhado.
-Eu sei – desamarrei a corda e ele olhou para mim por uns segundos.
-Tchau Rachel – acenou e saiu.
-Tchau Adam – disse em tom baixo.
Respirei fundo.
-Nunca ouvi falar de um caçador de magia – disse midnight.
-Isto deixa-me muito assustada, assim não sabemos como lidar com ele.
-Talvez é melhor irmos para casa.
-Não, não quero estar sozinha neste momento – fiquei uns segundo a pensar, o Isac está ocupado, e a casa do Kylo é a que está mais perto, se ele estiver lá.
-Como te sentires mais confortável – disse ele – mas, vamos o mais rápido possível para lá.

Bati à porta.
-Já vou – ouvi a voz que parecia ser do Kylo – ele abriu a porta e deu um grande sorriso – Ray, o que fazes aqui?
-Aconteceu uma coisa e fiquei com medo de ficar sozinha, posso?
Olhou-me preocupado – claro – deixou espaço para eu entrar e depois fechou a porta. Parei e esperei que ele guisasse o caminho, já que nunca havia estado na casa dele – mas o que aconteceu? – entrou na sala e sentou-se no sofá.
-Preparamos um plano – sentei-me, olhei para mid e depois de volta para Kylo – e meio que o apanhamos.
-A sombra?
-Pois eu pensava, mas era o Adam.
-Adam? – interrompeu.
-Sim, ele disse que estava-me a proteger porque viu um homem que aparentava ser um caçador a perseguir-me. E pelo que ele descreveu era igual ao meu sonho. Ele vem atrás de mim! ele vem atrás do midnight! E eu não sei o que fazer – disse um pouco nervosa.
-Calma – conforto-me – nós faremos tudo o que precisares para ter a certeza que estarás segura.
-Obrigada, é que assusta saber que antes nunca ouve um.
-Talvez ele no fundo pode até não ser mau, apenas só quer saber o que tu podes fazer, nem todos tem tanto mal no coração.
-Eu espero que sim – suspirei – podemos falar sobre outro assunto?
-Ok, espera um pouco – ele levantou-se e foi até à cozinha – aqui tens – trouxe um prato com algumas bolachas.
-Obrigada, foste tu que fizeste?
-Achas? – riu-se – foi a minha mãe.
Provei um – hum, muito saborosa.
Ele pôs o prato em cima de uma pequena mesa e sentou-se no chão. Abriu uma caixa e tirou um álbum de fotografias dentro dele.
-Ontem falei com os meus pais sobre viver com Dave, eles disseram que ia pensar no assunto e que talvez hoje dariam a resposta, mas ouvi eles a falarem ontem e só diziam pontos positivos – sorriu.
-Isso é ótimo, mas para que é a caixa?
-Nunca cheguei a dizer adeus à Califórnia, nós apenas fugimos. Por momentos fiquei com saudades.
Podia-se ver-se a tristeza no seu olhar. Ele quer tanto ficar, mas sinto que ele precisa de ir.
Ele mostra algumas fotos dos locais que gostava de ir regularmente, desde praias, cafés e parques.
-Essa é a tua irmã? – perguntei.
-Sim – sorriu – isso foi no aniversário dela, fomos ver os golfinhos, fazíamos sempre todos os anos.
Ele continuava a revirar as paginar falando das histórias de cada foto.
-Acho que deverias ir.
-O quê? – perguntou confuso.
-Eu sei que tens muito aqui, mas deixaste tanta coisa para trás. Eu sei que queres voltar.
Ele olhou-me e depois começou a chorar.
-Eu não sei o que fazer, eu quero tanto voltar, mas não quero perder nada. Indo para lá é como se...
-Te sentisses perto dela? – sorri.
Ele sorriu de volta – eu estou tanto confuso.
-Podias sempre ir com os teus pais durante as férias de natal, e depois se quiseres voltar, voltavas.
-Claro, boa ideia – respirou fundo – já nem sei o que pensar ultimamente, obrigada.
-Não precisas agradecer. Se pensares bem, se nós conseguirmos ir a San Diego podíamos nos encontrar e tu mostravas esses lugares que tanto amas.
-É verdade, sempre vão a tal biblioteca?
-Sim, eu preciso saber o que eu sou – ri.
Oiço um barulho de chaves e a porta se abriu.
-Bom tarde – disse a senhora sorridente – deves ser a Rachel certo?
-Sim – sorri.
-Eu sou a Livia e este é o Will.
-Um prazer te conhecer – disse ele.
-Igualmente.
-Eu preciso dizer uma coisa sobre a viagem – disse Kylo.
-Não te preocupes, nós já temos a nossa resposta – disse Will.
-Bem, sempre cumpriste as tuas responsabilidades e conseguias organizar a escola do teu lazer, e ainda o tornar isso num trabalho. Acho que tens o direito de ficar, apoiamos a cem porcento – sorriu Livia.
-Obrigado – abraçou-os – mas tem mais uma coisa.
-O quê? - perguntaram confusos.
-Eu estou com imensas saudades, gostava de ter me despedido das coisas e das pessoas da maneira certa. Pensei que poderia ficar lá um tempo e depois voltar.
-Claro – disse Will.
-Obrigado, de verdade eu amo-vos.
Olhei para ele feliz. Acho que agora ele sentia-se mais confortável com a sua escolha, e notava-se que estava feliz.

Saí do carro e virei-me para Kylo
-Obrigada, vemo-nos depois?
-Sim - sorriu.
Fechei a porta e dirigi-me acompanhada de midnight até a entrada.
Destranquei a porta e entrei.
-Mãe, cheguei! – fechei a porta e fiquei em silencio à espera de resposta.
-Estranho – disse mid.
Fui até á cozinha e tinha um bilhete – fui fazer compras do mês no centro, volto mais tarde, beijos - li.
-Queres que chame a Heather? - perguntou preocupado.
-Ela saíu do trabalho há cerca de uma hora e pouco – fechei todas as cortinas da sala – deve estar quase a chegar, acho que vou tomar um banho, ficas de guarda?
-Claro – ergueu o peito para mostrar que era valente.
Peguei numa t-shirt antiga do meu pai e uns calções largos que normalmente usava por casa e fui até á casa de banho. Liguei o chuveiro e tirei a roupa. Assim que as gotas cairam pelo meu cabelo passei shampoo neles. Esfreguei até fazer espuma e passei por água novamente.
Começo a sentir uma estranha dor de cabeça e parece que todo o barulho à minha volta ia ficando abafado. Seria um sonho novamente?
Saí imediatamente do chuveiro, passei a toalha pelo meu corpo e sentei-me. No mesmo momento oiço um grande miado que me deixou assutada.
-Midnight?
Tento ver a visão de midnight e consigo observar um homem de estrutura média, tinha exatamente a mesma roupa que o Adam descreveu e parecia estar a tirar uma arma do bolso. Rapidamente comei a correr mas quase cai no chão, então voltei e peguei na minha camisa, mas no mesmo momento a mesma desapareceu. Olhei para mim e já estava vestida. Sem tempo para questionar abri a porta e corri. No fim do corredor conseguia ver um homem com o midnight  na mão, porem ele tinha uma mascara, que impedia de ver a sua cara.
Ele levanta novamente a arma na minha direção, como no sonho, mas desta vez eu faço impulso com a mão e a sua arma voa. Ele parece ter ficado atrapalhado e começou a correr. Fui atrás dele, porém quase sem folego parei e olhei em volta.
Tinha o perdido. Sentei-me no chão e comecei a sentir-me perdida, sem saber o que fazer.
Vejo duas grandes luzes a se aproximarem de mim e segundo depois para. A minha mãe sai  imediatamente do carro assim que me viu naquele estado.
-Está tudo bem Rachel? O que aconteceu?
-O mid, levaram-no – comecei a chorar.
Ela abraçou-me com força
-Vai ficar tudo bem querida.
Não vai mãe.
Disse para mim, e voltei a chorar nos braços dela.

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