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O único "casamento" que Frank tinha presenciado era aqueles ministrados por seu pai, no clã. A união de lobisomens era uma reunião simples, mas simbólica. Na manhã do casamento o clã inteiro caminharia com a noiva até a árvore mais antiga da floresta, usada para toda cerimônia importante.

O noivo a estaria esperando junto do chefe do clã, e o casal juntaria suas mãos com seus pulsos cruzados. O chefe então prenderia as mãos e pulsos do casal com grama tecida. Alguns votos eram falados, normalmente pensados na hora, e toda a cerimônia seria completa com a benção do chefe.

Como um símbolo duradouro do compromisso um com o outro, no fim da cerimônia a grama tecida seria usada para criar um bracelete que seria usado para sempre. Todos no clã sabiam como trançar grama de forma em que resistiria ao uso e a ser rasgada, mas era uma lenda em comum que se um bracelete de casamento estava se desgastando ou se partisse, significava que o casamento estava condenado.

Frank sabia que os casamentos dos humanos eram meio diferentes, mas ele nunca tinha visto um ou sabia muito sobre eles. Ele não tinha ideia de como um casamento entre vampiros era. Julgando pelo tipo de roupa que ele tinha sido enfiado, seria bem diferente de uma união de lobisomens.

Os dois vampiros escoltando Frank o levaram pelo palácio, por longos corredores e por uma escada em caracol antes de o empurrarem por uma porta lateral que se abria em um pátio. Frank ao menos pode ver o céu da noite, claro e iluminado com milhões de estrelas brilhando para ele. Ele se perguntava se a cerimônia seria feita aqui, porém seus guardas o empurraram para frente e ele foi forçado a continuar andando.

Frank e seus captores seguiram a parede do palácio até que eles passaram por uma curva e encontraram uma trilha. Os paralelepípedos indicavam o caminho que passava por um lindo jardim e subia por uma pequena colina, e no topo da colina estava uma construção que Frank reconheceu. Ele nunca tinha visto ela antes, mas parecia igual a qualquer outra igreja que ele tinha visto quando caçava por humanos.

Frank queria perguntar se os vampiros acreditavam no mesmo Deus que os humanos. Ele nunca havia considerado muito isso, mas ele entendeu que igrejas eram para adoração religiosa. Frank nunca imaginou que seria submetido a um casamento religioso e ele estava ainda mais incerto sobre que esperar.

"Nós... Nós não..." Frank não conseguia fazer sua pergunta sair, ele nem ao menos sabia o que ele queria dizer. Seus guardas vampiros olharam para ele mas não disseram nada, embora um deles o cutucou na base das costas para fazê-lo andar mais rápido.

Frank tropeçou um pouco nas pedras, o pequeno salto de suas botas o fazendo se sentir desequilibrado. Ele não era acostumado a usar sapatos em geral, muito menos sapatos como esses. Ele se sentiu totalmente ridículo enquanto tinha dificuldades para subir a colina, temendo o momento em que ele chegaria ao topo.

Quando os três homens finalmente chegaram na igreja, Frank percebeu que podia ouvir música do lado de dentro. Todas as vezes que ele ouviu música em uma igreja humana era sempre algum tipo de cantoria triste ou o velho grunhir de um órgão. Entretanto, essa música era calma e doce, um quarteto de cordas.

"Agora," Um dos vampiros parou na frente de Frank antes que eles alcançassem as portas fechadas da igreja. "Quando nós entrarmos, você irá andar diretamente até o Príncipe; porém não ande rápido. Dê para ele a chance de olhar para você."

Frank abriu sua boca mas descobriu que não tinha nada para dizer.

"Quando você alcançá-lo, é costumeiro que você não erga seus olhos para ele. Uma noiva tradicionalmente usa um véu, mas o Príncipe pediu especificadamente para que isso fosse emitido pelo o bem da sua dignidade." A forma que o vampiro falou conseguiu exibir exatamente o que ele pensava sobre a dignidade de Frank.

Monsters and Kings - Frerard (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora