| Prólogo |

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— Shina, está ouvindo isso? — Marin questiona.

— Um choro de bebê? Mas como? Estávamos aqui até agora e não ouvimos nada.

A luz do sol aparecia novamente, indicando que o Imperador do Submundo conhecera a derrota. Por isso, Shina segue o som do choro e descobre uma menina, que já deveria ter por volta de sete meses de idade com roupas de tecido preto e dos mais finos, indicando ser de origem nobre. No pescoço da menor, era possível ver um colar de prata em forma de estrela com o nome "Idylla" gravado em letras elegantes e delicadas. Com todo o cuidado, a amazona pega o bebê nos braços e volta para onde os demais se encontram.

— É uma menina. De acordo com o colar que carrega, seu nome é Idylla — diz a mulher, balançando suavemente a menina para que ela parasse de chorar. — E não me parece pertencer a uma família qualquer... por qual razão a deixariam sozinha em um lugar como esse?

Todos passaram a prestar mais atenção na criança, que era dona de cabelos pretos como a noite e olhos tão azuis quanto o céu sem nuvens. Já mais calma, a bebê apenas encarava cada um dos estranhos e suas armaduras com expressão indiferente, indicando estar acostumada a ver pessoas vestidas daquele jeito.

— Sinto que tem algo a mais — Marin se pronunciou. — Posso sentir um cosmo fraco vindo dela, mas não é nada parecido com o nosso ou mesmo com o de Atena.

— Você está imaginando coisas. É algo raríssimo um bebê emanar o cosmo naturalmen...

Antes que a amazona de cabelos esverdeados pudesse terminar de falar, um suave brilho escarlate envolveu Idylla.

– Não é possível... — Shina quebrou o silêncio — É uma energia poderosa demais para uma criança tão pequena emanar. Inclusive, se parece muito com o de...

– Hades — A outra completou. — Idylla está ligada a ele de alguma forma.

— E o que vamos fazer? Estamos lidando com um ser indefeso, não podemos simplesmente tirar a vida dela!

— E não vamos. Cabe a Atena decidir o que fazer.

Não demorou para que deusa e seus defensores aparecessem. Os outros cavaleiros de bronze foram rapidamente ao encontro de Seiya para ajudar enquanto as duas amazonas de prata iam até a recém-chegada.

— Atena, encontramos essa menina chorando nas proximidades logo após o eclipse parar — A amazona de águia disse. — O nome dela é Idylla.

Saori empalideceu por um instante ao olhar para a bebê e o mesmo aconteceu com Shun e Ikki, que estavam próximos.

— É como se estivéssemos vendo o próprio Hades — Fênix balbuciou.

— Tem razão, Ikki — O cavaleiro de Andrômeda concordou. — O cosmo dessa criança é igual ao dele, isso até minhas correntes perceberam.

As correntes enroscadas nos braços de Shun começaram a se agitar por estarem perto da criança, obrigando seu portador a se esforçar para contê-las. Já Atena, por outro lado, continuava em silêncio e analisava Idylla com cuidado.

— Não há dúvidas de que ela tem o cosmo de Hades. — A deusa finalmente fez sua colocação — E, levando em conta a história que todos conhecem, a mãe de Idylla só pode ser Perséfone.

— Mas por que, depois de tanto tempo, ele teria uma filha só agora? — Shina questionou. — O ideal seria que ela tivesse, pelo menos, nossa idade.

— E, considerando que sua alma estava selada em Shun até então, qualquer contato com Perséfone seria impossível ao longo desses anos — Ikki observou.

— Assim como a alma dele começou a se manifestar depois de um tempo — Shun interveio —, pode ser que a mesma coisa tenha acontecido com Idylla. E se, por alguma razão, ela também tenha sido selada nesta forma? Sabemos que Hades era cuidadoso com seu verdadeiro corpo, portanto nada o impediria de esconder e preservar a menina se assim desejasse.

— Não duvido dessa hipótese — Saori concordou. — Até porque, como um dos Três Grandes, ele tem poderes para fazer o que quiser.

— E que fim levará essa criança? — Shina tornou a questionar.

— Ela vai ficar conosco no Santuário. Apesar de ser filha de Hades, não é impossível fazê-la aprender o que precisa sobre os humanos para ser uma pessoa melhor que o pai.

Os dois cavaleiros e as amazonas se entreolharam, incertos sobre a decisão da deusa. Contudo, ninguém ousava questionar a decisão e a fé de Atena de que as coisas seriam diferentes. Embora não tivesse culpa, Idylla trazia tensão aos cavaleiros, e não seria para menos. Na visão deles, era como se a pequena fosse um sinal de que a Guerra Santa ainda estava longe de terminar.

Herdeira do EclipseOnde histórias criam vida. Descubra agora