| III |

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— Idylla! Idylla, acorde!

A menina acordou com um sobressalto, encarando o que estava ao seu redor com pavor. Seu olhar azulado, depois de percorrer o cômodo e entender que estava em casa, se fixou em Marin.

— O que houve, Idylla?

—Tive um pesadelo.

— Que tipo de pesadelo?

— Estava num jardim muito bonito e cheio de flores, mas de repente tudo começou a desmoronar. — A pequena abraçou os joelhos enquanto encarava a parede — O chão tremia e eu não conseguia sair do lugar... lembro que chorei muito e uma moça muito bonita chegou perto de mim. Quando ela  me pegou no colo, vi que parecia aquelas ninfas que a Saori me mostrou nos livros uma vez.

— E o que aconteceu depois? —A amazona de prata perguntou.

— Ela parecia estar correndo para algum lugar e pedaços de construção a acertavam. A ninfa ficou toda machucada, mas de repente não a vi mais.

— Nada de mal vai lhe acontecer. — Marin afagou as costas de Idylla com cuidado — Já passou.

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Os sonhos se repetiam todos os dias e sem trégua. Segundo seu pai, aquilo não era meramente um pesadelo, mas sim fragmentos de seu passado. No entanto, ele não disse mais nada além daquilo, pois temia que a menor não compreendesse tudo pela pouca idade.

Idylla, o que você acha da vida aqui no Santuário? Hades perguntou enquanto a menina observava a borboleta que pousara em seu ombro.

— Na verdade, não gosto muito... é como se eu não estivesse em casa.

Entendo.

— Pai, você já viu uma borboleta assim antes? — Idylla comentou, vendo o inseto pousar sobre seu dedo indicador.

De fato não era uma borboleta comum de se ver, pois tinha o tom fluorescente que combinava amarelo com verde. Além do mais, parecia que aquele ser tão peculiar observava tudo com atenção, como se fosse uma vigilante, e isso intrigava ainda mais a jovenzinha.

Ela é uma pequena fada, Idylla. Uma fada do Mundo dos Mortos.

— Mas o Mundo dos Mortos não é onde você morava?

Sim.

— Sempre ouvi dizer que lá tinha sido destruído junto com você...

Essas fadas não necessariamente vivem no Submundo. Elas, na verdade, acompanham um de meus espectros, Myu de Papillon.

— O que são espectros, papai?

Você sabe que Atena possui seus cavaleiros para protege-la, certo? A garota concordou e Hades continuou: eu também tenho os meus para me servirem, mas se chamam "espectros" ao invés de "cavaleiros"".

— Mas se essa fada acompanha o seu espectro, por que ela está sozinha aqui?

A missão dela era observar algumas pessoas, mas isso já faz muito tempo e é a única que sobreviveu. Certamente ela te encontrou por causa do seu cosmo.

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Aquela fada se tornou a única amiga que Idylla tinha desde então, pois a borboleta não a deixava por nada e isso abalou aqueles que antes tentavam algo contra a menina, pois era possível ver o temor em seus olhos quando olhavam a acompanhante da filha de Hades. A única pessoa que não se abalava no Santuário era a própria Atena, que sempre dizia que uma única fada do Mundo dos Mortos não seria capaz de causar mal a ninguém e tampouco seria o presságio de algo ruim.

Herdeira do EclipseOnde histórias criam vida. Descubra agora