𝐓 𝐇 𝐄 𝐆 𝐔 𝐀 𝐑 𝐃 𝐈 𝐀 𝐍ㅤ▬ㅤirondad.

𝐈𝐈𝐈.ㅤ▬ㅤacordando

As coisas foram voltando lentamente. Ouvir foi a primeira dica... uma voz. Várias vozes. Ele não reconheceu nenhuma delas. Seu cérebro não estava funcionando muito bem, então ele não conseguiu reunir muito mais do que um mero pensamento. Tudo o que Peter conseguia fazer era reconhecer que os sons estavam acontecendo, o que não era algo muito útil. Sons. Vozes. Beeps. Algo mais... ele não reconheceu todos eles. Mas então ele pôde sentir... alguma coisa. Primeiro a dor. Isso o fez fazer barulhos do qual ele não pretendia fazer, mas depois as vozes retornaram de novo... vozes mais altas. E então Peter ficou tonto e flutuante, como se fosse feito de ar. Ele não conseguia nem se mexer, o que poderia deixá-lo preocupado caso ele pudesse forçar seu cérebro a se preocupar com alguma coisa.

Ele não conseguia se lembrar do por que se sentia flutuante, cansado e doente. Ou por que alguns lampejos de dor deixavam seu corpo com uma sensação de ter sido eletrocutado antes que a sensação flutuante voltasse mais uma vez. Merda, na metade do tempo ele não conseguiu nem ao menos lembrar do seu próprio nome. Não parecia importar, mas às vezes, quando a dor de cabeça voltava, fazendo-o tremer e suspirar, uma mão passava pelos seus cabelos ou fechava sua outra mão, o acalmando um pouco. Era bom ter alguém apertando sua mão e fazendo barulhos que ele ainda não conseguia decifrar.

Então teve um dia, um dia em que ele pôde entender. Era como mágica... como se os sons simplesmente fizessem sentido agora.

- ...e é melhor você acordar logo, garoto. Tony está ficando louco, sabia disso? E seu amigo liga para ele todos os dias, perguntando como você está. - isso... isso não fazia sentido. Acordar? Tony? Ele franziu um pouco a testa. - Peter? - ele estava dormindo? Ele não sabia dizer se estava dormindo.

Ele tentou se lembrar, mas seu cérebro era como uma nuvem que Peter não conseguia sentir. Uma névoa, repleta de buracos. Desesperado, ele tentou encontrar a sua última lembrança. Ele era Peter, isso estava claro agora. A pessoa que estava falando com ele era... alguém. Alguém que ele conheceu antes. Ele chegou ao limite com isso, sua cabeça palpitando pela força feita para achar aquelas memórias. E então ele desistiu, deixou aquilo ir embora, e voltou a cair no sono.

A próxima vez que seu cérebro funcionou de novo, alguém estava falando com ele.

- Vamos, garoto. Só por um segundo, por favor? - ele conhecia aquela voz. Sr. Stark. Se o Sr. Stark estava falando com ele, então... ele estava machucado? Ele tentou se forçar a se concentrar, enquanto uma mão grande passou pelos seus cabelos e outra segurou a mão dele. - Peter? Vamos lá, já faz mais de uma semana, amigo. - por que o Sr. Stark parecia tão cansado e tão triste?

Ele tentou se lembrar. Laboratório do Sr. Stark, ele ia lá toda semana agora... às sextas depois da escola. Os dois trabalhavam em seus trajes e o Sr. Stark fazia perguntas sobre os estudos. Às vezes iam à sala de estar, assistiam filmes com Rhodey e jantavam. Lembrou-se de melhorar seu traje com aquilo, trabalhando em seus webshooters com o Sr. Stark. Então... e então mais nada. - Pepper veio hoje, disse que sentia sua falta - a mão segurando a dele apertou. - Você está quase completamente curado... falta apenas a sua cabeça agora - a mão em sua cabeça sumiu e Peter decidiu tentar se comunicar. - Então... você acha que poderia acordar?

Ele conseguiu um barulho. Abrir os olhos ainda não era possível, mas o barulho saiu. - Peter? Ei, você pode me ouvir? - ele fez outro barulho, mais um gemido do que qualquer outra coisa, seus dedos conseguindo se enrolar ao redor dos do Sr. Stark. Não foi muito, mas já era alguma coisa. A mão voltou à sua cabeça, passando suavemente sobre algo que parecia um nó que latejava mesmo sob seu toque gentil. - Pete?

- S... sr... Srk? - ele sentia a boca desconectada do resto do corpo, e aquela mão apertou a dele novamente. Quando o Sr. Stark falou, soou o mais gentil do que ele já tinha ouvido antes. Algo devia estar realmente errado.