"Can't Get You Out of My Head"

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Capítulo 13

   

    No fone de ouvido da Simone tocava "Misread" do Kings of Convenience, enquanto ela seguia o caminho do novo salão onde trabalhava. Naquela manhã nublada de domingo, ela estava tão adiantada que chegaria bem cedo no salão, localizado numa conhecida avenida de São Paulo. Ao longe, ela avistou um rapaz, todo de preto, com capuz cobrindo uma parte do rosto, sentado num daqueles extensos pontos de ônibus da avenida. Simone pensou que talvez o conhecesse. Até que ele a avistou se aproximando pela calçada, se levantou e foi em sua direção.

    Sim, ela o conhecia, era o César. Ela andou mais rápido, abrindo um sorriso e os braços para cumprimentá-lo. E naquele apertado abraço entre amigos, o César finalmente se desmanchou. Simone estranhou, mas, sentia que aquelas lágrimas pareciam estar há muito tempo engasgadas. Ela nada disse, apenas esperou pacientemente o amigo se sentir mais aliviado e calmo. 

    Ao encará-lo ela apenas sorriu e disse:

    - Vamos pra casa? - E ele concordou meneando a cabeça, limpando o rosto todo molhado.

    Durante o caminho:

    - Eu não fui forte o suficiente Si... Já tô cheirando já faz uns meses e... - Ele desabafava, ao lado dela no ônibus, agora não mais se importando com as lágrimas e Simone ouvia atentamente, dando um palavrinha vez ou outra, mas principalmente afirmando:

    - Eu tô contigo César. Você é meu amigo. Relaxa,eu tô do seu lado. Você vai sair dessa! E eu vou te ajudar tentando o máximo que eu puder. Mas você também precisa querer...

    E ele foi contando, sem muitos detalhes, todas as suas experiências sexuais frustradas e o quanto se sentia cafajeste, um monstro e um aproveitador. Concluindo, agora mais aliviado, que a sua maior vontade era encontrar uma pessoa só para chamar de sua e ele, só dela.

    Simone concordava com ele, que ainda parecia sob efeito de álcool e resquícios de cocaína. Alguns minutos depois, já estavam na Avenida Noronha.

    Aproximando-se do pequeno prédio onde morava, César já está mais tranquilo, descendo a rua ria e tirava sarro com a Simone das imundícies espalhadas pelo chão, e ao passar pelo portão do prédio, ele avistou o Renan, colocando um saco preto na lixeira lateral. César o encara, mas o outro não o nota. Quando Renan se vira para voltar, o César dispara sério:

    - E aê maluco... - O outro se assusta - Cê fica ligado hein! - Sua expressão era de raiva - Tô sabendo de uns 'baguio' seu aí, que cê fica dando em cima do... - Ele pensa rápido e resolve mentir - namorado dos outros, se toca mano. Fica esperto! 

    - Ah, vai se fuder ôh, seu viado! - Renan disse, subindo rapidamente pelas escadas. César riu.

    - Ficou com medo né? Seu cuzão! Ele tem dono viu! - Falou, quase gritando, e depois ouviu uma porta batendo e se fechando.

    - Que caralho foi esse, César? Cê tá maluco? - Simone perguntou, sem nada entender. - Arrumando confusão essa hora da manhã mano? Cê é louco mesmo! E quem é que tem dono? 

    César ainda ria, um tanto nervoso, mas pareceu ter ficado até aliviado em saber que o outro ficou com medo e não retrucou.

    - Eu já te conto...

    Eles subiram e entraram no apartamento.

    César sentou-se no sofá, Simone tomou um copo d'água e logo em seguida ele já estava com um quadradinho na mão, jogando de uma mão para outra. Ele olhou pra Simone com ar travesso e disse:

Júlio & César (1ª Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora