O final do mês de Outubro parecia perfeito, a Primavera estava ensolarada sem muito calor e novas flores enfeitavam algumas praças. Infelizmente, o dia para os dois homens em uma lanchonete no centro da cidade do Rio de Janeiro, estava péssimo. E a forma como o sol brilhava naquela manhã parecia zombar dos problemas que desabavam em suas cabeças.
- Então, sua parceira chega hoje mesmo? - pergunta o homem de olhos puxados e cabelo curto ao mexer seu café e encarar o loiro a sua frente.
- Sim, e eu não vou apresenta-la a ti, Gustavo, por isso nem tente. - apesar do leve sorriso no rosto, o amigo percebe a seriedade na frase. Mesmo sentados dava para notar que tinham quase a mesma altura e porte físico, porém além da pele alva, os olhos do loiro eram extremamente azuis. - Pelo que li dos relatórios ela foi se especializar lá fora, nos Estados Unidos.
- Ao menos os problemas carcerários são parecidos. - Gustavo para de dar risada logo ao perceber uma nova mensagem em seu celular - Droga! A operação foi comprometida, tenho que ir pra lá agora.
- Eu pago tua parte, não tenho nenhum problema em ficar com seus bolinhos. - diz sorrindo.
- Não tenho paz mesmo! - o homem resmunga saindo apressado e sendo observado pelo loiro que dava risada.
O homem decide observar a movimentação da rua e o tráfego dos carros um pouco mais. A verdade é que ter uma nova parceria estava sendo mais difícil do que ele imaginava e eles só tinham se comunicado por celular.
- Até amanhã, gente!
- Venha domingo com o Hugo, o café da manhã será especial. - o dono, Afonso, um senhor de meia idade, fala ao se despedir.
O agente ia sempre ali e era bem querido pelos donos e atendentes do estabelecimento, mesmo quando estava de folga passava para comprar alguma coisa e era sempre admirado por sua gentileza. No seu trabalho não era diferente e se orgulhava disso, ainda que não falasse em voz alta.
Gustavo era um bom amigo, se conheciam a pouco mais de um ano. Nunca trabalharam em um caso junto, pelo menos não do início ao fim. O parceiro do seu amigo, Matheus, era intragável para o loiro que sempre preferiu ignorar seu ar de superioridade e prepotência. Mas, agora receava ter como dupla uma versão feminina do próprio e hora ou outra pensava como seria exaustivo ignorar aquilo de tão perto. Seus problemas e o próprio caso já eram o bastante para lidar, ele não queria nem precisava de mais um.
- Bom dia, senhor. - fala ao entrar na sala do delegado.
- Que bom que chegou, sua parceira já está na sua sala, ou melhor, na sala de ambos. - o delegado, Carlos, mal termina de falar quando o telefone toca - Agora se me der licença... - encara o homem por cima dos óculos, atendendo logo que o loiro se retira.
Parado em frente a porta que tanto conhece, o agente se vê em dúvida: não sabendo se bate ou simplesmente entra, por isso se sentindo estranho e idiota, apenas adentra o local. A sala continuava do mesmo jeito, as mesmas duas mesas, os computadores, o painel na parede estilo Hollywoodiano, a papelada, tudo. E ainda assim, não conseguiu evitar o sentimento de incômodo e estranheza ao olhar a figura parada de costas para ele.
- Bom dia! Eu esperava que você chegasse pela tarde. - fala tentando soar amigável.
- E eu esperava você ser pontual.
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HQs: Mortes em Série
RomanceO que fazer quando mortes fictícias assombram a vida real? Um serial killer assombra a cidade do Rio de Janeiro inspirado em situações de histórias em quadrinhos da Marvel e DC Comics. Sempre no dia 05, alguém aparece morto junto a uma carta detalha...