- Vocês sabem que dia é hoje? - disse uma voz gentil e imponente, observando minuciosamente todos ao redor.A sala do chalé era muito ampla; sofás e poltronas dividiam o cômodo com uma mesa de sinuca e uma mesa comprida com jogos: xadrez, dama, baralhos, dominós e fichas. A conversa tinha parado assim que todos, com exceção do homem de olhos verdes, começaram a sentir sonolência.
O homem com roupas azul-claro estava em pé com uma expressão calma e amigável. Passeava seus olhos por cada móvel e pessoa mesmo já conhecendo o lugar a tanto tempo, seu rosto transformava-se em prazer, como se estivesse saboreando sua comida favorita. Essa expressão ficava mais acentuada a cada vez que seus olhos encaravam seus amigos e seus rostos demonstravam incompreensão e dúvida. Um sorriso provocador aparece quando encara um dos seus amigos se aproximando.
Apesar da postura reta e do olhar forte, seu andar é lento e seus olhos piscam mais do que o normal. Os gestos não passam despercebidos pelo outro homem, que abre um sorriso maior do que antes.
- Vocês acabaram de acordar, não? - continua, olhando as janelas que permitiam a luz do sol entrar, forte e brilhante. - Por que não jogamos?
- Onde estão nossos filhos? - o homem para na frente do outro, encarando os olhos verdes firmemente mesmo com a visão desfocada.
- Estão lá em cima! - olha por sobre o ombro as escadas como se o ato provasse sua afirmação e volta a encarar os olhos negros do outro - Nos quartos.
- Não estou escutando nenhum barulho! - encara as escadas e sente seu peito doer levemente - Meus filhos são barulhentos.
- Em algum momento os gêmeos iriam aprender a se comportar. - fala sorrindo docemente - Ou alguém iria ensinar.
- Preciso vê-los, Leandro, licença! - o homem de olhos verdes sussurra em concordância e se afasta.
O homem anda mais cambaleante do que antes parando em frente as escadas. Thiago balança a cabeça tentando manter-se consciente.
- Eu preciso de ajuda! - sua voz sai rouca, apoiando uma mão na parede, vê Leandro se aproximar. Um pouco mais afastado, observa Vitor tentar levantar do sofá sem sucesso, caindo sentado no mesmo lugar.
- Acho que você precisa voltar pro sofá!
Thiago presta atenção ao seu redor, Vitor e Rosana estavam sentados lado a lado. Clarisse procurava manter contato visual já levantando da poltrona com a intenção de se aproximar. Era perceptível que estavam tontos e sonolentos, o difícil era descobrir quem estava pior. Clarisse corta o contato visual com o marido e encara as costas de Leandro e tudo parece girar 360 graus em sua cabeça. O convite, o silêncio, o mal-estar.
Tudo fazia sentido e se encaixava, no entanto, não tornava mais fácil de aceitar.
- Você... - Thiago recebe um sorriso tão bonito e sincero que ele quase se sente intimado a corresponde-lo. Então, talvez não seja isso e eu esteja delirando, pensa ele tentando se agarrar a um fio de esperança.
- Sua mulher descobriu antes de você! - Leandro não muda sua expressão e Thiago percebe por alguns segundos, torcer para que seu rosto adquira um esgar psicótico. Seria mais fácil encarar um rosto assustador sem máscaras do que enfrentar aquele olhar conhecido do seu melhor amigo - Não que isso seja uma competição, mas, eu sempre disse que ela era mais inteligente que você.
- Eu deveria agradecer o elogio? - Clarisse fala irônica e Leandro a encara - Por que está fazendo isso com a gente?
- Não leve para o lado pessoal.
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HQs: Mortes em Série
RomanceO que fazer quando mortes fictícias assombram a vida real? Um serial killer assombra a cidade do Rio de Janeiro inspirado em situações de histórias em quadrinhos da Marvel e DC Comics. Sempre no dia 05, alguém aparece morto junto a uma carta detalha...