Mesmo após tomar um longo banho quente cada passo era uma pontada de dor na minha pobre bunda.
Kit não acordou nem com os meus resmungos doloridos, ele permanecia adormecido, abraçado no meu cobertor com uma expressão tão pacífica que era impossível não ficar olhando.
Eu separei um terno cinza para o trabalho e, enquanto tentava me vestir, tentei ver sentido no que ocorreu naquela última noite. Meu estômago embrulhado pela bebida embrulhou também por causa da angústia.
Qual seria o papel do Octávio na minha vida, dali em diante? Parte de mim sabia que era bobagem continuar pensando nele, mas nós dividimos planos e sonhos durante muito tempo. Eu compartilhei com ele todos os meus projetos para o Yuki Sushi, alguns destes projetos deram certo e outros, como a contratação do senhor Kishimoto, falharam miseravelmente, mas o Octávio sempre esteve lá me apoiando.
E então eu simplesmente conheci outro cara e substituí o Octávio. Eu me sentia uma completa piranha.
Kit esticou o braço e espalmou o espaço vazio onde eu havia dormido.
"Hmm..." Ele entreabriu os olhos, sonolento, e me avistou abotoando a camisa. "O sofá cresceu."
"Você está na minha cama. Foi bem difícil te fazer subir as escadas, ontem."
"Ótimo, vem pra cá." Resmungou ele.
"Nem pensar." Eu torci a boca para não rir. De manhã cedo a cabeleira loira do Kit parecia um tufo de palha.
Kit encontrou meu celular na mesinha e testou os botões até conseguir acender a tela.
"Seis da manhã? Só pode ser brincadeira."
"E estamos atrasados, geralmente nesta hora já estou no Yuki Sushi fazendo balanço de inventário." Eu me sentei ao pé da cama para vestir as meias. "Arrume-se com as suas roupas mágicas de alucinação psicótica, eu sei que você é invisível para as pessoas mentalmente normais, mas não vou conseguir me concentrar no trabalho com você pelado."
Kit bocejou alto e de repente levantou, parecia assustado.
"Não me diga que vamos ao seu restaurante. Hoje? Tipo, agora mesmo?"
"Sim, é óbvio. Se precisar tomar banho, as toalhas estão naquela gaveta."
Kit concordou com a cabeça, mas parecia realmente nervoso. O que havia aborrecido ele? Se não quisesse conhecer o Yuki Sushi ele poderia ficar em casa.
Antes de eu perguntar sobre o problema meu estômago borbulhou estranho. Só me faltava, ficar com dor de barriga além de dor na bunda. Eu realmente não deveria ter bebido tanto.
"Bom, enquanto você se arruma aí eu vou improvisar um café. Você gosta de biscoito recheado?"
"Espera!" Kit se jogou mim e agarrou meu braço. Suas pupilas contraídas tremiam. "Não podemos ir hoje, porque... porque..."
Eu arqueei minha sobrancelha, me perguntando que desculpa Kit inventaria para ficar me fodendo o dia inteiro antes de receber um sonoro não.
Kit mexeu no meu celular apertando partes aleatórias da tela, até que eventualmente abriu o meu e-mail mais recente. Ele sorriu como se aquela fosse a resposta óbvia desde o começo.
"Não podemos ir por causa disso!" Ele me mostrou o e-mail.
"Aumente o seu pênis em até cinquenta centímetros usando esta antiga técnica milenar." Eu li o título e suspirei, me perguntando o que fiz para merecer tanta enrolação de manhã cedo. "É só um e-mail de spam, Kit. Seu teatrinho de quem nunca usou a internet é bem interessante, mas não vai me convencer a ficar em casa."
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Nas Garras da Raposa
RomanceCom apenas vinte e dois anos Lírio já está perto de conquistar todas as suas metas de vida: ele tem um restaurante de sucesso, grandes fortunas e um lindo noivo com quem pretende construir a família perfeita. Durante uma viagem de negócios ao Japão...