Capítulo 1

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POV'S SINA

Meus pulmões parecem que estão sendo esmagados, eu puxo o ar, mas ele não vem. Tia Amália segura minha mão desesperada enquanto os enfermeiros empurram a maca comigo às pressas pelo corredor, um som gutural escapa da minha garganta, meu corpo parece pegar fogo, eu tento gritar, pedir para que me ajudem, mas não consigo formular uma palavra se quer, minha língua parece formar um nó dentro da boca.

- Desculpe senhora, você terá que esperar aqui- O enfermeiro diz.

- Mas é a minha sobrinha, ela só tem a mim...- Tia Amália reclama, mas eu não consigo ouvi-la mais, pois os enfermeiros continuam se movendo rapidamente me levando consigo.

- Sedativo agora- Alguém diz.

- Qual a dose?- Outra pessoa pergunta.

- A maior que ela suportar...

- Senhorita? Senhorita?- Sou despertada pela aeromoça do meu pesadelo- Nós vamos pousar, você poderia por o cinto de segurança?

- Ah, claro- Respondo ainda meio assustada.

Isto não é apenas um pesadelo, é uma lembrança de dois anos atrás quando tive minha pior crise de ansiedade, naquele dia eu achei que iria morrer ou então para um manicômio, mas olha só, aqui estou eu, desembarcando em Los Angeles para cursar faculdade.
Tia Amália me incentivou tanto, e foi essencial para que eu superasse meus dias difíceis. Não foi fácil pra ela me criar com o salário de garçonete em um país diferente do nosso, viemos morar nos Estados Unidos quando meu pai recebeu uma proposta de emprego, tia Amália veio conosco pois minha mãe e eu éramos suas única família depois da morte da vovó, ela nunca pensou em desistir, mesmo com o peso de criar a sobrinha de 8 anos depois que os pais morreram.

Eu sempre me esforcei pra ser a melhor, e por isso consegui me manter com bolsa integral na melhor escola preparatória de Seattle, e por meu currículo impecável acabará de conseguir uma bolsa na UCLA, sei que nas universidades dos Estados Unidos é possível cursar alguns anos sem escolher qual curso seguir, apenas fazendo matérias que se adequem mais a seus gostos e possíveis cursos, tia Amália sempre quis que eu cursasse dança, mas convenhamos que nos dias de hoje quem consegue seguir carreira precisa de muita sorte. Eu já sei o que cursar, direito, meus pais sempre quiseram essa carreira pra mim, e eu vou cumprir o desejo deles.

POV'S NOAH

- Noah Jacob- Escuto meu pai me chamar da cozinha, ele nunca me chama de Noah, sempre diz que se pôs meu nome de Noah Jacob é pra que eu seja chamado assim.

- Sim senhor- Respondo entrando no cômodo. Ele está vestido como de costume, no seu uniforme impecável, as botas sempre bem lustradas, a calça camuflada e a camiseta extremamente branca.

- Preciso que você busque Joalin no aeroporto e leve ela para o alojamento, eu iria busca-la mas tive um imprevisto no quartel e tenho que resolver- Ele diz.

Joalin é a afilhada do meu pai, que na verdade parece ser mais filha dele do que eu, meu pai mima tanto essa garota. Ela é filha do falecido tenente Loukamaa que morreu a alguns anos atrás, ele era o melhor amigo do meu pai e após a sua morte, o Coronel Beauchamp se certifica da criação de Joalin, mesmo depois dela ter se mudado para o México com a mãe, que se casou novamente e teve filhos gêmeos. Meu pai tem mais contato com Joalin do que nós mesmos que estamos dentro de sua casa, ela é a filha que ele sempre quis ter. E agora ela está vindo para Los Angeles cursar faculdade como eu, ótimo, mas outra coisa para Joalin me superar no ranking de afeto do meu pai.

- Ela realmente não quis morar aqui conosco, seria um gasto a menos para ela com alojamento- Minha mãe diz puxando mais uma fornada de biscoitos quentinhos e os pondo sobre o balcão.

- E ela ia dormir onde? No porão?- Eu rio.

Meu pai e minha mãe me encaram como se a resposta fosse óbvia.

- Definitivamente não- Digo sentindo a angústia me consumir mais uma vez- Ninguém vai ficar no quarto da Linsey, vocês iam fazer o quê? Jogar as coisas dela fora?

- Noah, já fazem 9 anos- Meu pai argumenta.

9 anos que você me culpa pai, eu digo mentalmente.

-Vou na casa do Josh e então busco sua afilhada- Respondo já pegando as chaves do meu carro e saindo.

Nos primeiros anos depois da tragédia eu e meu pai brigávamos muito, mas depois de um tempo eu mudei a tática, simplesmente assinto as coisas que ele me diz, é melhor fingir ser o filho perfeito do que continuar levando pancadas por ser a ovelha negra.

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So wrong, but it's so right - Adaptação NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora