Capítulo 12

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POV'S NOAH

Aquele vulto foi o que me fez entrar na loja, estava esperando encontrar Josh na casa de Aly, mas era melhor que eu ficasse do lado de fora depois da conversa complicada que resultou no término do meu namoro com a Mia.

Eu estava de cabeça quente e ligando para Josh que não me atendia, meu pai novamente me dizendo o que fazer, minha mãe aparentemente fingindo que nada estava acontecia. Pela manhã doamos alguns brinquedos de Linsey e eu não pude evitar que a tristeza viesse.

Mas aquela sombra, a dança dela me fez esquecer momentaneamente da dor que eu sentia. Eu precisava entrar, eu precisava vê-la, precisava ver mais aquela dança.

- Você não deveria estar cursando direito- Digo quando tirei seu fone de ouvido, Sina deu um pulo quando se virou e eu a segurei para que não caísse.

A nossa proximidade tão perigosa fez minha pele formigar, o seu cheiro tão bom invadiu minhas narinas, os seus cabelos sempre foram assim tão platinados e brilhantes como um sol? Ela é linda, eu não posso negar, mesmo quando discutimos na sala de aula, nas suas trocas de farpas e respostas bem formuladas, apesar de nossa relação conturbada eu não posso deixar de achar Sina linda, ela é incrível e inteligente, apesar de perder os pais não se abate, está cursando faculdade longe de sua tia e do seu país.

Tire Sina da sua cabeça Noah Urrea, ela nunca teria algo com você.

Mas mesmo assim, ela é a única coisa que vem na minha cabeça enquanto dirijo.

[...]

POV'S SINA

- Ela era linda não era? - Wendy me pergunta quando folheio um álbum cheias de fotos de Noah, Joalin e Linsey.

Estou com uma foto de Linsey na mão, ela está sentada numa bicicleta, nesta foto tem pouco mais de 6 anos.

- Sim, ela era- Digo com um sorriso triste.

Eu não sei como viemos parar aqui, Wendy e eu começamos a conversar assuntos aleatórios e então agora eu estava aqui mexendo nas memórias de uma criança morta.

Noah provavelmente vai querer me matar, foi a única coisa que ele pediu pra que eu não fizesse, falar sobre sua irmã com Wendy, e aqui estou eu, fazendo tudo ao contrário. Mas conversar com Wendy foi tão libertador, talvez por termos passado por dramas parecidos, nós duas sabemos o que é perder quem amamos. Foi a primeira vez que falei sobre meus pais com alguém sem sentir angústia, apenas saudade dos momentos incríveis que tivemos juntos.

Wendy me conta como Noah perdeu o primeiro dente de leite quando caiu de cima do balcão da cozinha. Sobre como Joalin brigava com Noah pra decidirem quem ficava vigiando Linsey no berço.

Depois que o pai de Joalin morreu quando ela tinha 3 anos, os pais de Noah praticamente assumiram a sua criação pois a mãe de Joalin só vivia triste pelos cantos, e era perceptível os reflexos desta criação nela, Joalin e Noah tinham as mesmas manias, a mesma risada sarcástica, o mesma mania de organização, dentre tantas outras coisas. Depois da morte de Linsey, Joalin voltou a morar com a mãe e quando ela completou 14 anos foi morar no México com a mãe e o padastro.

A porta se abre junto com uma lufada de vento frio quando Noah tira o casaco e pendura no armário ao lado da porta. Atrás dele vejo um homem no uniforme militar, vejo de onde vem os olhos tão esverdeados de Noah, este é o Coronel Marco Urrea, pai de Noah e padrinho de Joalin. A presença dele é intimidante, Noah também herdou isso dele.

- Boa noite- Ele diz quando percebe minha presença.

- Boa noite senhor Urrea- Digo me pondo de pé e lhe dando um aperto de mão.

- Você é a nova namorada do Jacob?- Ele me pergunta levantando uma sobrancelha, Wendy solta um risinho baixo enquanto recolhe as fotos sobre a mesa de centro.

- Ah, não...não...- Eu gaguejo.

- Sina é minha colega de sala pai, ela é a minha dupla de debate- Noah diz.

Marco abre um sorriso satisfeito.

- Muito bem Jacob, essas são as amizades que você deve focar- Ele diz claramente fazendo alusão a troca de curso de Josh- Joalin falou muito bem de você Sina.

- Sina, acho melhor eu te deixar em casa, já está tarde pra estudarmos- Noah diz meio desconfortável.

- Ah, claro, eu ainda tenho que terminar um resumo para a aula de amanhã- Digo inventando alguma desculpa.

- Mas vocês nem comeram os biscoitos que eu fiz- Wendy diz.

- Não se preoucupe querida, tenho a impressão que ainda veremos Sina muitas vezes- Marco diz.

[...]

- Está chateado? - Pergunto enquanto puxo mais o casaco sobre meu corpo, a chuva bate contra o carro tornando a estrada apenas um borrão que obriga Noah a diminuir a velocidade, o que aumenta nosso tempo de trajeto e o clima estranho que está dentro do carro.

- Eu já deveria imaginar que você não ia seguir minhas recomendações, você é tão teimosa Sina Deinert- Ele diz sem tirar os olhos da estrada.

- Eu realmente não tive a intenção Noah, mas conversar com sua mãe foi tão confortante, ela me falava sobre a sua irmã com um brilho lindo nos olhos, Noah, sua mãe é uma mulher forte- Digo.

- Ela é- Noah dá um riso fraco- Depois de toda merda que meu pai fez ela ainda continua firme.

Percebo o rancor na voz de Noah, mas não comento, não quero parecer evasiva.

-Obrigada Sina- Noah diz baixo e eu me pergunto se isso foi coisa da minha cabeça- Foi a primeira vez em meses que vi minha mãe rir daquele jeito.

Eu apenas rio ao mesmo tempo que quase sou jogada pra frente quando Noah freia bruscamente, ouço sirenes e vejo as luzes da ambulância. O policial encharcado pede que os carros mantenham a velocidade baixa enquanto passamos pelo local.

Este local, essa situação... Isso tudo me parece tão familiar, os flashs daquele dia voltam à tona.

-Mamãe?!- Porquê ela não se mexe- Mamãe, fala comigo- Choramingo- Mamãe, cadê o papai? - Pergunto olhando para a porta do carro arrancada e no banco do motorista não vejo o papai. Tento me soltar para ajudar minha mãe, mas o meu cinto de segurança está emperrado.

-A criança está viva- Uma voz desconhecida diz- Recolham os corpos primeiro, não queremos que ela veja isso.

Um moço que se identifica como bombeiro começa a tirar a mamãe do carro, eu choro, porque estão levando a mamãe?

-Sina, tá tudo bem?

A luz do caminhão que vem no sentido oposto nos ilumina, e mais lembranças me invadem.

- Sina, o que eu falei sobre o cinto?- Minha mãe fala.

- Ele aperta mamãe- Choramingo.

- Mas te mantém protegida mocinha- Ela solta seu próprio cinto e estica seus braços para o banco de trás onde me encontro para pôr meu cinto.

- Sina querida, logo vamos chegar em casa e você pode tirar o cinto, mas por enquanto...-Meu pai diz olhando pra mim pelo retrovisor, mas ele não consegue completar a frase, meus pais não conseguem ver o caminhão vindo em nossa direção, ele nos acerta em cheio, nosso carro roda no ar. Eu grito e fecho os olhos, sinto os objetos se chocarem contra mim, com um baque o carro para, eu não consigo ver mais o papai, a chuva cai fortemente e o buraco na janela deixa que a água molhe a mamãe, eu tento protegê-la mas o maldito cinto me segura, o mesmo cinto que salvou minha vida.

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So wrong, but it's so right - Adaptação NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora