Capítulo 3

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POV'S SINA

-Com licença, vocês sabem me informar onde fica o apartamento 14 A?- Pergunto para duas garotas que estão sentadas nos degraus de entrada do bloco 3. Acabei chegando um pouco tarde e perdi a apresentação aos calouros, a maioria provavelmente já está instalada em seus alojamentos.

- Você deve ser a Sina não é, só faltava você chegar- A garota morena, de cabelos cacheados e olhos castanhos diz animadamente- Eu sou Any, segundo ano de medicina, sou uma das suas colegas de apartamento, estávamos esperando por você.

- E eu sou a Heyoon, também estou cursando medicina e também moro no mesmo apartamento, vem vamos te apresentar para as outras- A garota pequena de traços asiáticos me puxa pelo braço.

Na UCLA os alunos podem escolher entre morar em fraternidades ou também alugar os alojamentos da própria faculdade, que vão desde os unitários, aos maiores que são divididos para um número maior de pessoas, no caso, eu vou dividir o apartamento com mais cinco garotas, no contrato de aluguel estavam listados seus nomes e informações básicas, e eu vim o caminho todo do aeroporto até aqui tentando decorar seus nomes.
Joalin, Hina, Sabina, além de Heyoon e Any que me receberam agora.

Subimos dois lances de escada, Any me ajuda levando uma das malas e Heyoon com minha mochila nas costas.

Sou informada por Any que em cada andar ficam 5 apartamentos, por tanto o nosso é o 4° apartamento do 2° andar.

Vejo que na frente de cada porta tem uma pequena lousa para que sejam escritos avisos ou coisas do tipo e a numeração do apartamento.

Quando chegamos ao 14 A, Heyoon abre a porta sem cerimônias.

- Saaaabi! A terceira caloura chegou- Heyoon chama e quase que instantaneamente uma garoto de cabelos negros surge na sala.

- Oi! SouSabina Hidalgo- Ela diz.

- A outra caloura, sua colega de quarto morou no México,- Heyoon diz- Mas o que estamos esperando, vamos te apresentar nossa e agora, sua casa- Ela diz apontando com o dedo pelo cômodo que estamos- Aqui é a nossa sala de estar/sala de jantar/quarto de hóspedes com o anexo da nossa cozinha- Ela explica apontando para o pequeno cômodo separado da sala por um balcão e que possui uma geladeira, um fogão, uma pia e alguns armários- Aquela portinha ali do canto é a nossa lavanderia e quartinho de bagunça, nesse corredor aqui nós temos três quartos e o banheiro que é a última porta, durante a manhã cada menina tem 15 minutos para tomar banho e fazer o que seja no banheiro de acordo com a ordem de quem acordar primeiro, a noite o banheiro é mais liberal, temos um acréscimo de 10 minutos no tempo de cada uma, novamente na ordem de chegada. As tarefas são designadas por semana e todo mundo tem que colaborar, beleza?

- Beleza- Respondo rindo da rapidez com que Sabina despeja informações sobre mim.

- O primeiro quarto é o meu e da Sabi- Any me informa- O quarto ao lado é Heyoon e da Hina, que também é caloura, acho que ela está tomando banho agora, e o quarto ao lado do banheiro é o seu e da Joalin, ela já está lá arrumando as coisas dela, é bom você ir conhecer sua colega de quarto.

Assinto puxando minha bagagem com ajuda das meninas até o quarto. Vejo a garota loira de costas para a porta ocupada de mais tentando colocar suas roupas no armário do seu lado.

- Ah, oi, Sina Deinert não é? Eu sou a Joalin- Ela diz ao perceber minha presença- Agora que você chegou, nós podemos chegar num consenso e decorar o quarto.

POV'S NOAH

- Algum problema amor?- Mia pergunta me abraçando por trás, o jantar de aniversário do pai dela acabou, estamos a poucas quadras da loja de discos da sua família, num restaurante que serve uma ótima lagosta.

Tive que sair para a calçada para responder a mensagens da minha mãe, não quero transparecer preocupação para a família de Mia, apenas Josh nota minha inquietação.

Na mensagem minha mãe pede que eu volte pra casa urgentemente pois está tendo pressentimentos ruins, é sempre assim depois da morte da minha irmã menor, minha mãe sente um medo absurdo de que aconteça algo comigo também, eu não discuto, apenas concordo com ela em voltar imediatamente para casa, só Deus sabe a dor que ela sentiu ao perder minha irmã, e como isso ainda assusta minha família nos dias de hoje.

- Eu vou ter que ir, meu pai ficou até mais tarde no quartel e eu disse a ele que iria buscá-lo, o carro dele tá no mecânico.

-Poxa- Mia faz beicinho- Mas tudo bem meu benzinho, admiro tanto essa união da sua família sabe, vocês são tão certinhos- Ela me diz antes de dar um selinho.

Ah se você soubesse...

- Vamos, eu vou me despedir dos seus pais...

[...]

Chego em casa em poucos minutos e já consigo ver a luz do quarto dele ligada, minha mãe está lá mais uma vez, remoendo as lembranças da vida breve da pequena Linsey.
Estaciono o carro, entro em casa, subo as escadas, do corredor já consigo ouvir seu choro lamurioso.

Vejo meu pai na porta do meu quarto com a expressão cansada.

- Ela teve uma recaída- Ele diz dando um suspiro alto.

- Tudo bem, pode ir dormir pai, eu vou dar um jeito- Digo passando por ele e entrando no quarto de minha irmã.

Nós dois sabemos que vai ser pior se ele ficar, sempre que minha mãe tem esses picos de tristeza ela novamente culpa meu pai de ter sido negligente, de ter nos deixado sós naquele dia, naquele maldito dia.

Eu sei que afinal todos nos temos nossa parcela de culpa, mas não adianta mais procurar um culpado, Linsey já se foi, nada pode trazê-la de volta.

Entro no quarto e observo mais uma vez a cama no canto, o mural que costumava ter vários desenhos mas agora está vazio, várias caixas ocupam o lugar, os brinquedos a muito tempo não estão nas prateleiras, nem as roupas nas gavetas, tudo isso me atinge como um soco no estômago, parece que a qualquer momento ela vai entrar por essa porta gritando " NOAHHH", mas ela não vai, a nove anos eu sinto sua falta.

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So wrong, but it's so right - Adaptação NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora