So wrong, but it's so right - Adaptação Noart

Capítulo 59

POV'S SINA

Nas poucas vezes que saio de casa nos últimos dias Lamar sempre me acompanha, ainda é complicado pra mim andar por aí mesmo que o canalha do Joseph esteja preso. Meu corpo gela ao saber que verei ele de novo no dia do julgamento que será em algumas semanas.

Não posso evitar notar o olha das pessoas quando caminho com Lamar em direção a meu apartamento, algo está errado, não vejo pena nos seus rostos como é de costume, é outra coisa... raiva? Descontentamento? Desaprovação?

Lamar sobe as escadas com as sacolas de compra nos braços. Ele retomou as aulas na faculdade noturna, então só fica na minha escolta até as 17:30, que é meu horário de recolher, normalmente um dos garotos vem dormir aqui pra que eu me sinta mais protegida. Já são 17:00 e me apresso para chegar em casa logo para não atrasar Lamar.

- Com mensagens desse jeito é claro que eles estavam juntos- Escuto uma garota que tenta cochichar para sua colega de apartamento, paradas no corredor elas me encaram e riem sarcasticamente.

- Algum problema?- Lamar pergunta para elas enquanto eu tento achar as chaves na bolsa com minhas mãos trêmulas, sinto que algo está errado, que as coisas estão ficando cada vez pior.

NÃO PIRA SINA!-Grito para mim mesma internamente enquanto abro a porta, Lamar continua encarar as garotas que entram em seu apartamento intimidadas pelo meu amigo policial.

- ...é um ser humano terrível!- Escuto Heyoon falar, sua voz parece vir do seu quarto.

- Eu juro que eu vou matar aquele desgraçado e todos esses filhos da puta que estão trabalhando pra ele aqui fora! - Sabina ruge.

- Diminua o tom Sabi- Any reclama.

- Pobre Sina- escuto Hina choramingar.

Entro no quarto às pressas assustando minhas amigas, Joalin dá um pulo na cama e fecha o computador que está sobre suas pernas.

- O que tá acontecendo?- Encaro minhas amigas.

- Sina, nós nem vimos você chegar- Any disfarça.

- O que é isso que estão escondendo? Joalin me entrega este computador!

- Desculpa Sina, eu não posso fazer isso- Joalin responde abraçando o computador com força.

- Joalin, não me obrigue a tomar de você- Digo, Joalin se mantém firme e eu avanço na direção dela, minhas amigas tentam me parar, eu protesto. Elas param quando escutam a voz de Noah.

- Deixem ela ver!- Ele diz parado na porta do quarto com um semblante nada agradável, ele parece ofegante, como se tivesse corrido para chegar até aqui.

Joalin a contra gosto me entrega o computador quando sento ao seu lado na cama, todos parecem apreensivos quando abro o notebook. Meu corpo gela quando vejo a imagem.

Não não, isso não pode tá acontecendo.

- Vários alunos receberam essa foto hoje por email, não sabemos quem enviou mas eu vou dar jeito Sina, eu prometo- Noah diz.

Eu continuo perplexa olhando para foto, uma foto minha, especificamente um nude. Na foto estou apenas de calcinha frente ao espelho do banheiro, eu me lembro de ter tirado essa foto, eu mandei para o Noah a algumas semanas atrás.

- Noah, não me diga que você deixou isso vazar?!- Eu grito transtornada.

- É claro que eu não fiz isso- Noah me encara, percebo o desapontamento no seu olhar- Na descrição do e-mail, a pessoa se identifica como hacker e diz ter invadido o celular do Joseph e conseguido essas fotos e conversas que você mandou pra ele, ele também diz que você é uma mentirosa e que nós dois somos os vilões da história.

Eu não consigo conter o choro, minha vida fica cada vez pior, parece que esse inferno nunca vai acabar.

- Nós sabemos que o desgraçado do Joseph está por trás dessa porra toda, mas a questão é, como ele conseguiu essa foto?- Joalin questiona.

- O celular da Sina- Lamar diz- O celular da Sina ficou na casa do Joseph naquele dia, mas a polícia não encontrou quando revistou a casa não é? Ele teve acesso as fotos pelo celular da Sina!

-Eu... eu preciso de um banho- Digo querendo mais que tudo ficar só.

- Sina- Noah me chama.

- Depois Noah, depois.

[...]

Ligo a torneira da banheira e me sento no chão com meu notebook nas mãos. Me permito entrar nas redes sociais, meu maior erro, são tantas mensagens e comentários maldosos.

"Você não passa de uma vagabunda aproveitadora"

" Queria que você mandasse fotos assim pra mim também gostosa"

"Tomara que você e seu amante apodreçam na cadeia"

"Eu tenho nojo de você"

"Você não deveria existir"

"Você não passa de um monte de lixo repugnante"

Vale a pena viver assim? Vale a pena viver num mundo tal cruel? A cada dia uma coisa pior acontece, uma merda atrás da outra, tomando conta de mim e de todos ao meu redor, mas isso vai acabar, vou dar um fim nisso agora mesmo.

Abro o armário do banheiro, o calmante que o médico me receitou está ali, um comprimido caso tenha um surto de pânico, um deles me deixa com sono, quantos serão precisos para que eu durma pra sempre? Jogo um punhado deles na mão e me obrigo a engolir.

Ainda estou vestida quando entro na banheira.

Me desculpe Noah, me desculpe tia Amália... Joalin, é uma pena que não vou conhecer seu filho...

Sinto a água na altura dos meus seios enquanto desço vagarosamente na banheira tomando coragem.

-Sina, tá tudo bem?- Escuto Hina bater na porta- Sina? Eu tô preocupada!

Eu choramingo, afundando meu corpo até a altura dos ombros.

- Sina- Ela bate com mais força- Sina por favor, abra a porta...Sina me responde!

Adeus Hina.

Meus pensamentos estão confusos, minha visão está turva, escuto o barulho de batidas na porta, batidas desesperadas, mas o barulho fica cada vez menor. Eu afundo completamente.

A água entra no meu nariz ao invés de ar, e eu não tenho forças para reclamar, e não quero. Logo isso vai acabar, logo vou estar livre de todo esse inferno.

Meus olhos ainda estão abertos, tudo é um borrão, menos os olhos dele, os olhos verdes e espantados de Noah.

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