Capítulo 24

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POV'S JOALIN 

Tanto tempo que eu não andava de ônibus por L.A., tanto tempo que eu não tinha tanta coisa na minha cabeça. Talvez minha cabeça nunca esteve tão confusa.

Marco sempre foi um exemplo pra mim, um homem íntegro e verdadeiro. Mas agora ele é o cara que traiu o melhor amigo, o pai que eu não imaginava ter, o cara que me criou pra tentar se redimir das escolhas erradas que fez na vida.

Wendy, como deve ter sido pra ela me ver todos esses anos sabendo que era a filha bastarda do seu marido? Como foi pra ela conviver todos os dias com as lembranças dessa traição presentes?

E Noah, mais uma coisa pra lista problemática dele. Quantas vezes desejei ser sua irmã, quantas vezes desejei poder fazer aquela dor dele parar, Noah era o irmão mais velho que eu nunca tive, e agora ele era literalmente meu irmão mais velho.

Desço no ponto de ônibus mais próximo da UCLA e já consigo avistar os primeiros bêbados dispersos da festa das fraternidades. Várias pessoas bebem em frente a fraternidade Beta.

Eu caminho tentando ignorar o fato de alguém está me chamando de gostosa e outro perguntando se não quero conhecer seu quarto. Ignoro até não conseguir mais, pois um grupo de idiotas caminha atrás de mim falando várias imoralidades, entre eles Lucca McClare, meu colega de laboratório mulherengo.

- Joalin? Que tal a gente conversar? - Ele diz segurando meu braço.

- Me solta- Eu reclamo puxando a mão, mas seu aperto é firme, luto contra a vontade de chorar em vão, choro por estar esgotada, estar decepcionada, minha vida virou de cabeça pra baixo.

- Ei, só aceito você chorar se for de prazer e nua em cima de mim- McClare volta a falar. Sinto a ânsia de vômito subir pela minha garganta enquanto eu choramingo em meio ao grupinho de babacas que ri.

- Me solta por favor- Eu ainda choramingo, mas algo vem com força e se choca contra Lucca, não algo, mas alguém, Bailey May.

Eu dou um passo pra trás assustada enquanto todos observam Bailey se por na minha frente.

- Você é surdo ou só é burro mesmo? Não entendeu que ele falou pra soltar? Quando uma garota diz não, é não seu filho da puta- Ele diz encarando McClare.

- May, o assunto não chegou na oficina ainda, o lance é entre eu e a loira aí- O garoto diz dando um passo em minha direção, Bailey se impõe novamente na minha frente.

- Toca nela de novo e eu faço questão de enfiar uma chave de fenda no você sabe onde- Bailey diz- É engraçado né? Assustar garotas indefesas? Pois bem McClare, essa não é a primeira vez que você faz isso, mas foi a última. Se eu pelo menos pensar que você e seus amiguinhos babacas fizeram isso de novo, você me paga seus escroto, e eu não tô falando de expulsão não, eu tô falando de arrancar essa porcaria que você chama de pau fora!

- Você não é doido, minha família ia te fazer mofar na cadeia- McClare diz visivelmente assustado.

- Acha que eu tenho medo da sua família riquinha? Você sabe que eu tenho coragem não é? Vai pagar pra ver ?- Bailey olha pra mim- Você tá bem Joalin?

- Sim- Eu digo tentando controlar as lágrimas.

- Se queria comer ela primeiro era só falar- Escuto um dos caras da turminha de McClare falar.

Bailey olha pra mim e me dá um sorriso singelo antes de se virar e com muita força acertar um soco no dito cujo que fez o comentário, o cara cai no chão nocauteado.

- Vão embora daqui, eu não quero ver a porra da cara de nenhum de vocês na minha fraternidade, e levem o cuzão do amigo de vocês desmaiado- Ele avisa quando se vira pra mim- Vamos Joalin, eu vou te acompanhar até seu alojamento.

[...]

Não sei de onde saiu toda essa tagarelice, mas acabei falando tudo para Bailey, eu realmente precisava desabafar. Ele me ouviu atentamente enquanto andamos lado a lado na calçada e em nenhum momento julgou ou condenou algo, me disse que preciso de um tempo pra entender e digerir tudo e agora eu só posso concordar.

- Eu não sei muito sobre você, eu achava que conhecia todos os amigos idiotas do Noah, e com isso quero dizer, o Josh- Digo e Bailey ri.

- Talvez por eu não ser um amigo idiota- Ele diz pondo as mãos no bolso.

- É, talvez- Respondo- Mas sério, eu morei em L.A. e não lembro de conhecer você.

- Quando eu vim morar aqui você provavelmente já tinha ido morar no México. Eu vim das Filipinas com minha mãe, minha irmã e meu avô no primeiro ano do ensino médio. - Bailey explica.

- Espera, se você tem família aqui, por que tá morando na fraternidade?

- Minha família não mora aqui, meu avô perdeu o emprego e as coisas ficaram difíceis pra gente, então eles voltaram para as Filipinas pra perto da nossa família e eu fiquei pois já tinha passado pra UCLA. Eu trabalho meio período pra ver se consigo arrumar algum trocado.

- Me deixa adivinhar, em algum escritório de contabilidade de riquinhos? - Eu dou uma risada, a primeira desde a notícia.

- Não, numa oficina aqui perto, eu sou basicamente o faz tudo.

- Caramba, eu nunca iria supor isso- Digo.

- Eu preciso pagar a faculdade e minhas despesas, não posso jogar minhas responsabilidades nas costas da minha família, as vezes até sobra pra mandar pra eles, a felicidade da minha mãe não tem preço.

As aparências realmente enganam, eu nunca diria que aquele garoto todo penteado e arrumado que conheci na cafeteria seria o mesmo que trabalha numa oficina para conseguir sobreviver. Eu nunca diria que me sentiria tão bem conversando com Bailey May.

- Você pode me fazer uma favor?

- É claro- Bailey responde sem pestanejar.

- Essa hora Sina já chegou em casa com o meu carro, você poderia ser meu motorista?- Bailey me olha confuso- É que eu preciso ir pro aeroporto, e se não tiver alguém pra traze-lo de volta eu vou ter que deixar estacionado lá, e eu não sei quando eu volto.

- O que diabos você vai fazer no aeroporto? - Bailey ergue a sobrancelha me encarando.

- Sabe aquele lance sobre um tempo pra entender e digerir tudo? - Bailey assente- Eu vou pro México hoje mesmo, tenho muitas perguntas pra fazer pra minha mãe.

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So wrong, but it's so right - Adaptação NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora