LEMBRANÇAS

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Enquanto Arizona se mantiverá em um sono pesado e profundo, Callie teve o resto de sua madrugada melancólica ao choro. Vendo o dia clareando, a morena não demorou muito pra se levantar da cama com suas olheiras profundas, se pendurando na negação daquele sentimento que estava começando a fazer sentindo em sua cabeça.

Então recapitulou seu passado:

As festas de adolescência que costumava ir onde descobriu seu desejo e gostar de meninas ao beija-las quando o álcool tomava seu corpo, mas ficava com a consciência tranquila pois pra si, era apenas curtição.

Até se apaixonar e quase começar a namorar uma, e tudo ir por água abaixo com a descoberta feita por sua mãe. Foram dias terríveis que passou, ameaças eram feitas, não podia sair de casa, apanhava quase todo dia da sua projetora e se Callie se atrevesse a mexer no celular ou descumprir uma das milhares regras impostas, era jogada no sótão deveras podre de sua casa por algumas horas.

Seu pai andava muito ocupado na empresa na qual era dono na época pra se atentar no que estava acontecendo, talvez até hoje ele não saiba desse fato.

E a latina acabou prometendo a sua mãe de joelhos no milho todas as noites antes de dormir que jamais olharia pra qualquer mulher com alguma intenção.

Apenas Mark sabia disso. Por ser seu melhor amigo e homem, forá o único amigo que sua mãe permitiu contato. Claro, Addie também estava sempre presente e por perto, mas a ruiva armaria um escândalo na família se soubesse do que ocorrerá na época com Lúcia.

E assim, acabou se fechando em seu mundo e levando a vida.

Agora no presente, acabou despertando todas essas lembradas que jurou esquecer, por causa de uma única pessoa. Ela. Tudo por causa dela.

Arizona.

Callie não conseguia tira-la da mente, e toda vez que pensava nela entrava em um nebuloso conflito interno. Robbins tinha um jeito único, sua esperteza, a forma que age sem escrúpulos algum, como transparece ser empoderada com suas questões, era algo raro e admirável. Apesar que as vezes chegava a ser insuportável a maneira que a loira tinha de ser audaciosa e impor moral no que fazia, mas isso não anulava absolutamente tudo nela ser marcante.

Principalmente o olhar e sorriso, até o jeito de movimentar as mãos ao falar se tornava encantador.

Sim, sentia desejo por ela. Qualquer um deve sentir. Só que diante daquilo, tinha um medo imensurável do que podia vir a acontecer caso se entregasse.

A morena enquanto estava acordada pensando nisso tudo, decidiu dali começar a evita-la, conversar só o básico e manter a educação.

Não podia se arriscar, não podia viver o inferno que passou novamente.

Callie desviou todas esses pensamentos após quase derrubar a comida na mesa. Depois de deixar o quarto, quis preparar o café da manhã pra elas, e agradeceu por ainda ter queijo, pois lembrou-se que Arizona detestava ovos.

Escutou o choro da sua filha e antes de ir pega-la deixou tudo pronto. Ao andar até o quarto, deu meia volta para cozinha pois Arizona já vinha com a mesma nos braços.

— Dei-me ela. – Mandou tomando a criança.

A fotógrafa mesmo com a cara amassada e evidentemente com ressaca, continuava linda.

Nossa que dor de cabeça infernal. – Reclamou sentando-se na cadeira fechando os olhos.

— Tomou o remédio que deixei do lado da cama? – Callie questionou repetindo seus movimentos com Sofia se amamentando em seus braços.

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