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Quando o jogador saiu do banheiro, viu a esposa recostada nos travesseiros,  folheando os livretos da viagem que se encontravam ao lado da cama.

Arthur observa a mulher ao lado de sua filha e se aproxima, tocando-a cuidadosamente para que ela não acorde.

Um jogo importante estava prestes a acontecer e trazia ao jogador um desconforto e sentimento de ansiedade e medo.

Chegar a uma final de Champions League era tudo o que Arthur almejava para sua vida profissional, mas trazia consigo uma alta dose de responsabilidade também. Isso incomodava Sara um pouco, principalmente pelo fato de Arthur estar perdendo algumas fases importantes de Helena, mas ela sabia que o marido fazia seu melhor e tentava ao máximo compensar suas ausências.

O jogador, por sua vez, também odiava o fato da filha estar se desenvolvendo de forma tão precoce sem presenciar isso de perto. A primeira palavra da menina foi "mamãe" e ele não estava por perto para ouvir. Assim também foi com os primeiros passos e com o primeiro dia de aula. Conforme o tempo ia passando, o pai perdia cada vez mais o desenvolvimento da sua filha, acompanhando-a principalmente através de ligações e mensagens de voz.

— O que foi?

O jogador ouviu a voz feminina de Sara interrompendo todo seu momento pensativo.

— Estou sendo um pai e esposo horrível, não estou?

O jogador rebateu, com decepção.

— Horrível?

Sara pareceu não entender.

— Sim, eu estou todo o tempo do meu dia preso ao trabalho, se não isso, estou preso em reuniões. Quanto tempo eu perdi? A Helena já diz frases completas, sua barriga já está enorme. Onde eu estive esse tempo todo? Podem me perdoar?

O jogador questionou, inquieto, sentindo cada toque da mulher ao seu lado.

— Olha, eu adoraria que você estivesse mais disponível para nós, mas é o seu trabalho e você está vendo os resultados de ser tão focado. Eu e Helena nos orgulhamos muito de você e sempre te perdoaremos porque entendemos que tudo o que você faz é pensando em nós e em nossa qualidade de vida.

Sara consolou o marido, acariciando seu braço.

— Estamos de férias e eu ainda assim recebo ligações do trabalho.

Arthur continuou o desabafo.

— Bom, sobre isso, basta desligar o celular por algumas horas no dia. Inclusive, agora seria uma boa hora porque tenho algo importante para te mostrar sobre o nosso bebê.

Sara contou, se levantando da cama.

— O que você tem para me mostrar é o sexo do nosso bebê?

Arthur perguntou, curioso.

— Exatamente.

Sara lançou um sorriso ladino na sequência.

— Você vai ser direta ou vai preferir me matar de curiosidade como castigo?

O jogador perguntou, fazendo beicinho e arrancando risadas da esposa.

— Você acha mesmo que eu consigo fazer rodeios? Parece que não me conhece tão bem.

Sara levantou os olhos para o jogador e lhe entregou um envelope branco que acabara de pegar na bolsa de mão.

— Não posso acreditar, amor. — Eufórico com o que acabara de ler, o homem se jogou na cama larga ao lado da esposa, sorrindo feito criança. — Vem aqui e me abraça, temos que entrar em um acordo sobre o nome do nosso pequeno.

Acrescentou, puxando Sara para um abraço.
— Um acordo sobre o nome e sobre como explicar à Helena que não será uma boneca como ela apostou, e sim um jogador de futebol como o papai.

A grávida disse, sorrindo de orelha a orelha.

— Jogador de futebol? Ela acha que se for um menino ele será jogador de futebol?

Arthur ri da situação, sem disfarçar que adorou a ideia de ter um pequeno jogador em casa.

— Foi o termo que ela encontrou para não precisar dizer que é menino.

— É um jogador de futebol, mamãe? Ele vai ter a cara do papai?

Helena interrompeu a conversa dos pais, questionando ainda com voz rouca sobre o fato de ter um irmão mais novo.

— Olha só quem acordou! Vem aqui meu amor, deixa a mamãe te falar: Estou esperando um jogadorzinho de futebol como o papai. Você terá um irmãozinho

Sara explicou.

— É isso, filha. Agora precisamos da sua ajuda para encontrar um nome perfeito para ele.

Contou Arthur.

— O nome dele pode ser Heleno. Por que o meu nome é Helena.

A primogênita contou, com espontaneidade, arrancando risadas altas dos pais.

— Onde é que você aprendeu a ficar tão tagarela assim, filha? Me faz mesmo perceber que perdi muita coisa.

O jogador comentou, expressando chateação.

— Estou feliz por estarmos todos juntos e eu sei sei que será assim sempre, de hoje em diante.

Sara disse, o acalmando.
— Eu amo vocês e sempre darei a minha vida por vocês três, não tenha dúvidas disso, por favor amor. Te asseguro que eu serei mais presente. Preciso de vocês, ando sendo pressionado.

Comentou Arthur.

— Nós sabemos disso. Te amamos e estaremos aqui sempre. Mas agora, porque não aproveitarmos esse dia? Observe lá fora, o sol está radiante e nos chamando para sair desse quarto agora.

Sara comentou, mostrando um sorriso ladino e empolado.

 Incomparable | Arthur MeloOnde histórias criam vida. Descubra agora