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— Não posso acreditar que é tão cedo assim.

O jogador resmungou, ao olhar a tela do celular.

Embora ambos estivessem felizes pelo acontecimento, era notório e completamente compreensível a pequena tristeza por terem que acordar tão cedo. Certamente o dia (e a noite) anterior tinham sido cansativos demais para o casal.

O relógio marcava exatamente 4:45 am quando o despertador no celular de Arthur tocou, fazendo-o despertar completamente.

O jogador se levantou da cama, levou as mãos ao rosto e observou todas as malas já prontas para voltar para Barcelona, destino que agora ele e Sara iriam traçar juntos.

Arthur esperava ansiosamente que a namorada despertasse de um sono profundo, enquanto em seu pensamento procurava incansavelmente por uma maneira de fazer o relacionamento dar certo com ela. Ele não aguentaria outro término e não queria desistir.

A espanhola estava se mudando da casa de seus pais e planejava morar sozinha numa casa próxima da Ciutat Esportiva Joan Gamper, para que a locomoção até o trabalho fosse a mais rápida possível. A decisão deixava Arthur tenso quanto ao pedido feito a Sara. Como a moça aceitaria morar junto com ele, se já estava prestes a se mudar para uma outra casa?

— Bom dia, amor.

— Bom dia, amor. Eu pedi nosso café, levanta pra tomar um banho, não podemos perder nosso vôo.

Arthur alertou a namorada e acompanhou com olhar apaixonado enquanto ela seguia até o banheiro para tomar um banho e fazer sua higiene matinal.

Depois se reuniram para o café da manhã e enfim seguiram em direção ao aeroporto.

Após conversarem por horas em um vôo longo, desembarcaram e foram até a casa de Arthur para aproveitar o resto do dia que lhes restava.

Um silêncio incômodo se fez presente naquele momento. Fazia tempo que o casal tentava achar uma solução para a fixação de Arthur sobre morar junto com Sara.

Talvez o momento não fosse ideal, mas a espanhola logo quebrou o silêncio que consumia o lugar:

— Você sabe que eu te amo e que não tenho dúvidas sobre você ou sobre nossa relação, não é? Espero que você possa entender isso. — Sara se pronunciou, tentando esconder a feição preocupada com o clima tenso.
— Eu sei. Também te amo e não tenho dúvidas do que quero, mas queria que você estivesse aqui, a todo momento ao meu lado.

O jogador explicou.

— Eu entendo, mas esse é um passo importante e muito grande para nós. Tenho medo de te atrapalhar ou de não ser uma boa companheira de casa para você.

— Minha casa é grande, amor. Cabe você e a família enorme que iremos construir.

O jogador sorriu ladino sem desviar o olhar de Sara, que engoliu em seco e segurou as mãos do namorado, sorrindo enquanto soltava uma respiração funda:

— Amor, tudo o que eu mais quero é um dia poder construir um futuro lindo contigo. Uma família, nosso lar... Mas quero ir com calma. Acabamos de reatar e ainda precisamos superar nosso último término.

Arthur escondeu o sorriso que estava exposto e deu de ombros.

— Tudo bem. Já que achamos uma maneira para tudo, deveríamos achar uma maneira de conversar sobre isso sem que eu saia machucado. — Arthur reclamou, soltando as mãos da companheira.

— Eu jamais quero te machucar. Nunca nessa vida... Eu amo você!

— Tá, eu sei disso. Também amo você.

O jogador resmungou, sem dar importância ao esforço de Sara para diminuir a tensão no ambiente. A moça pediu:

— Vamos só deixar as coisas fluírem para nós dois primeiro.

— Sabe, eu achei que te conhecia. Você costumava ser mais direta.

Disse Arthur, irritado pela primeira vez.

— Arthur, não começa com isso... Eu quero morar com você um dia. Só não por enquanto! Quando for o momento certo vamos saber.

— Tudo bem, Sara. Me avise quando for o momento certo.

O brasileiro se levantou em direção às escadas e subiu rumo ao seu quarto. Sara respirou fundo e se levantou para ir atrás dele, decidida a resolver a situação.

— Você não quer dormir desse jeito, né? Chateados um com o outro...

Ela se aproximou do jogador, tentando contornar a situação.

— Não estou chateado, estou com raiva.

— Raiva?

Sara questionou.

— Sim, raiva por não conseguir ser suficiente para fazer você sentir ao menos vontade de morar comigo.

— Você faz tanto drama, Arthur Henrique... Eu já disse que quero morar com você. Só vamos esperar o momento certo. É tão difícil de entender?

A moça questionou, levando uma de suas pernas até a coxa do jogador.

— E quando vai chegar o momento certo, cariño?

— Quando eu tiver um pouco mais de estabilidade no trabalho, talvez. Quando estivermos mais firmes como casal... Nós saberemos, amor! Mas agora, enquanto esperamos, por que você não me beija, hein? — Sara mudou o tom e começou a dizer com malícia — Não consigo ser sedutora mais?

— Você sempre consegue, Sara Carrilho.

O jogador afirmou, se rendendo aos encantos da amada.

— Achei que não diria isso.

Arthur sentia a namorada se aproximando cada vez mais, o tocando e olhando como uma leoa sedenta por sexo. Seu membro pulsava apenas por sentir a mulher em cima de si.

O jogador entrelaçou seus dedos nos cabelos de Sara, aproximando seus lábios. Em uma fração de segundo iniciaram um beijo quente e profundo, que deixou o casal com as pernas bambas, a respiração ofegante e o coração acelerado.

Tocaram. Sentiram. Amaram.

 Incomparable | Arthur MeloOnde histórias criam vida. Descubra agora