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00:25 PM.

De Madrid rumo a Barcelona, 6 horas e 38 minutos de viagem.

Velocidade baixa, 60km/h devido à pista molhada pelas gotas de chuva que caíam sem parar.

Sara carregava em si uma felicidade imensurável. FELICIDADE era tudo o que ela e seu marido estavam sentindo e vivendo naquele momento.

A empolgação de fazer uma surpresa a Arthur, permitiu que Sara seguisse por um longo caminho dirigindo seu carro sem ao menos dizer ao marido.

Tudo parecia perfeito e completo, mas, algumas das vezes, a vida se encarrega de arruinar mesmo o mais feliz dos cenários e mostrar que nem a mais otimista das autoras consegue basear uma história real em momentos felizes constantemente, porque a vida não é um filme. A vida gosta de mostrar que tudo poderia ser perfeito, mas não é.

A vida tem sempre razão.

Sara não teve tempo de preparar seu marido, sua família ou seus amigos. Não poderia se preparar para tamanha crueldade. Do destino ou daquele motorista embriagado que dirigia em alta velocidade em uma curva já naturalmente perigosa, que estava totalmente molhada. O carro deslizava pela pista em zig-zag, para lá e para cá.

Amor : Amor, a Patrícia me disse que você está vindo pra cá. Como assim você está vindo de carro sozinha?

Amor: Tudo bem, amor. Você está na estrada agora, mas quando chegar vamos conversar. Vou preparar seu chá. Te amo!

Amor: Mesmo que eu esteja chateado por você estar vindo sozinha a essa hora, eu te amo e amo nossa pequena. Tome cuidado na estrada. 😍

Mensagem não entregue
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A frase pesava, despedaçava e fez o coração do jogador sangrar por longos minutos até que a notícia chegasse.

Arthur não podia acreditar.

— Vamos Paulo, acelera esse carro. Ligeiro! Eu preciso vê-la.

O brasileiro suplicou ao irmão, que conduzia o carro até o local do acidente, tentando ao mesmo tempo guiar o veículo em segurança e acalmar o caçula, que chorava copiosamente.

Sua esposa fora arremessada para fora do carro naquela batida. Todo o desespero era compreensível.

— Não! Elas não!

Arthur gritou, saindo do carro do irmão às pressas logo que avistou Sara ser erguida pelos paramédicos em cima de uma maca imobilizadora com um colar cervical e muito, muito sangue cobrindo seu corpo e rosto.

— Afaste-se, senhor. Temos que conduzi-la urgentemente ao hospital. Ela está perdendo muito sangue e líquido. — Um dos médicos que estavam por perto se pronunciou. — Por favor, fique calmo. Ela ficará bem!

O jogador ainda insistiu e se aproximou da maca, conseguindo ouvir a voz da espanhola, ainda que quase inaudível pelo volume e incompreensível pela dicção da mulher, que estava comprometida.

— Eu te amo, meu amor. Cuide da nossa pequena se ela resistir. Seja feliz!

— Ela vai. Vocês vão! Nós vamos ser felizes juntos, meu amor. Por favor não me deixa! Tudo vai ficar bem. Só fique aqui.

Arthur respondeu, com lágrimas caindo dos seus olhos enquanto outro paramédico vinha tentar afastá-lo de sua esposa. Apesar do desespero, o jogador tinha fé no coração.

 Incomparable | Arthur MeloOnde histórias criam vida. Descubra agora