Capítulo 2: Cruzada

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Lídia, Carlota, Marga e Óscar já levavam quatro horas na traseira do caminhão. Dois soldados cuidavam de vigiá-las e, apesar de todas as tentativas de obter alguma informação através deles, seguiam sabendo apenas do que Carlos havia dito sobre os trilhos do trem.

O soldado da esquerda, que estava com a arma no coldre e parecia relaxado, havia oferecido a elas garrafas de água e sanduíches de queijo.

– Lídia, você não disse uma palavra desde que a gente entrou nesse caminhão. Por favor, reaja – pediu Carlota.

– Meu Deus, ela ainda não está acreditando em nada do que aconteceu – Marga comentou, angustiada. – E se a gente jogar um pouco de água no rosto dela? Talvez ela desperte.

– Não, não – Óscar rejeitou a ideia. – É normal ela estar assim, foi uma emoção avassaladora. Quando for a hora ela vai dizer alguma coisa.

De olhos arregalados e vidrados no nada, Lídia podia ouvir a conversa das amigas, mas ainda não conseguia reagir. Sua boca estava seca e sentia suas pernas formigarem.

– Água – ela disse, enfim.

– Ah, graças a Deus – Marga agradeceu e entregou uma botija à amiga.

Como se voltasse à vida, Lídia deu um longo gole na água, e em seguida vários goles pequenos. Respirou fundo e olhou para o rosto de cada um dos amigos. Marga e Carlota a encararam de volta, ansiosas. Óscar pôs a mão sobre uma de suas pernas e a acariciou suavemente.

– Chicas, isso não é possível. O Carlos morreu. A Elisa me disse, ela disse que viu o corpo dele, isso não faz sentido. É tudo um delírio da minha cabeça. Eu morri e estou delirando – falou.

– Nós estamos vivas, Lídia. O Carlos nos salvou. Ele está vivo – disse Óscar.

– Por Deus, ele chegou na hora exata. Mais um segundo e nós teríamos virado umas peneiras ensanguentadas – Marga comentou, não escondendo sua excitação.

– Não tem a menor chance disso ser verdade, ele/

– Isso é verdade – o soldado da esquerda interrompeu. – O Coronel Cifuentes salvou a vida de vocês. Agora se abaixem e se escondam embaixo dessa lona que está no chão. Vamos passar por uma zona militarizada.

– Nós não morremos, chicas. Estamos aqui, respirando. E nossa história ainda não terminou – Carlota falou antes de se levantar e erguer uma parte da lona para que elas pudessem se esconder sobre ela.

As Telefonistas: Uma Nova ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora