Fomos ao galpão num pulo. A multidão que manifestava em frente à mansão acabou nos acompanhando até lá, compartilhando o choque da cena conosco. O galpão ardia em chamas e a fumaça preta subia ao céu num cilindro amedrontador.
Os portões pareciam estar trancados e uma gritaria tomava o lugar, eu não sabia se eles vinham de quem estava dentro ou fora. A polícia já estava lá, mas nenhuma providência estava sendo tomada. O primeiro que eu vi tomando uma atitude foi um pobre homem que tentou abrir os portões com as próprias mãos e gritou de dor em seguida.
- O que aconteceu? - perguntei alto esperando pela resposta de alguém.
- Teve uma explosão aí dentro - uma senhora ao meu lado me disse - e depois tudo começou a pegar fogo rápido, menino. Em um instante já tava tudo coberto.
O delegado observava a uma certa distância, acompanhado pelo filho.
Tentei me aproximar um pouco mas Margarida me impediu.
- Tá maluco? - ela disse.
- Eu quero saber se tem gente viva ainda - eu respondi.
- Deixa isso pros bombeiros.
- Só deus sabe a hora que eles vão chegar.
- Você ouviu a senhora dizer que teve uma explosão, pode ter outra ainda. A gente não sabe qual foi a causa.
- Ela tá certa, meu filho - a mesma senhora completou.
- Mas aí as pessoas que estão lá dentro vão simplesmente morrer?
- As vidas delas não estão em nossas mãos, Beto. - Margarida respondeu séria - Não somos heróis. Se a gente entrar lá vai morrer igual.
- Eu não estou nem aí pra isso, aquelas pessoas não podem morrer assim sem mais nem menos, elas já são vítimas!
- Beto... - eu saí correndo - BETO! - Margarida tentou me segurar, sem sucesso.
Cheguei perto do portão e não ouvia mais som algum vindo de dentro além do crepitar do fogo. A fumaça preta saia por cada fresta das paredes e deixava difícil a aproximação. Os policias já tinham desistido de tentar abrir o portão, mas eu estava determinado. Dei três chutes que não causaram efeito algum.
- Ele abre pra fora - uma voz disse por trás de mim. Olhei pra trás e vi que era Miguel enquanto se aproximava.
- Não é a hora do seu descanso?
- E policial tem descanso quando? Vai tentar abrir?
Uma explosão pequena veio lá de dentro e derrubou uma parte do telhado e o encanamento exterior na lateral. A fumaça saía com mais intensidade e nos forçou a nos afastarmos um pouco.
- É o inferno - um homem gritou ao longe.
Olhei na direção de Margarida e percebi que Sr. João e reverendo Augusto estavam entre a multidão nos observando. Provavelmente estavam na igreja quando a explosão aconteceu.
Era visível que o calor incomodava muito Miguel, o suor escorria por seu rosto copiosamente. Ele me deu um pano pra amarrar em meu rosto e amarrou outro em seu próprio. As tossidas ficavam cada vez mais frequentes. Ele tirou a própria camisa e amarrou em suas mãos, numa tentativa de se proteger do calor da maçaneta do portão, mas acabou ficando muito grosso e não encaixava o suficiente pra abri-la.
- Vamos tentar chutar juntos, os ferrolhos estão frouxos. Com a força certa vamos conseguir derrubar - ele sugeriu.
- Certo, vamos - olhei pra trás e os únicos perto do portão éramos nós. Todos os outros policias estavam longe pra manter a população distante da fumaça.
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A Garota de Baskerville
HorrorEntre ser devorada por uma entidade como sacrifício ou ser perseguida e morta pela seita que a adora, Ágata Albuquerque resolveu lutar por sua vida! Depois de revirar a biblioteca antiga de Baskerville ela encontrou o diário de seu avô, bravo guerre...