Capítulo 7 - Não houve fogo!?

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Cheguei na mansão ainda abalado com a ameaça de Alex, então procurei por Ágata o mais rápido possível e desabei na cadeira mais próxima. Ela estava em seu escritório trabalhando com seu notebook e sua caneca de café ao lado, enquanto falava com alguém ao telefone.

- Sim, eu te ligo mais tarde - ela disse quando me viu e desligou o celular - O que aconteceu?

- Alex me encurralou em um beco e me interrogou com uma faca no pescoço.

- Então é pior do que eu pensava. Você está bem? - ela parecia incrédula.

- Tão bem quanto a situação permite, - suspirei - mas vou sobreviver.

- Margarida é nossa prioridade agora. Conversei com os médicos e eles vão acelerar o tratamento dela, mas ela vai precisar ficar de repouso em casa mesmo assim.

- Tudo bem, eu também devia estar de repouso - falei, cansado.

- Inclusive, por que não está?

- Jonas está lá em casa, e por mais que eu goste dele, acho que acabo ficando com medo de dar mais um passo entre nós. E também eu queria saber como estavam as coisas por aqui - a cadeira rangeu quando apoiei mais as costas nela.

- Entendi. Bom, eu estava resolvendo as coisas com a família de Gabriel, eles vieram buscar o corpo dele no fim da tarde e já foram. O delegado fez um documento falso dizendo que ele havia morrido apenas de alergia, sem crimes envolvidos. Eles foram meio relutantes, mas aceitaram e já se foram. Espero que não nos incomode mais.

- Menos uma preocupação, só faltam mais vinte - falei.

- Uma coisa de cada vez. Talvez amanhã Margarida consiga alta e eu a trago para cá. Deixo uma enfermeira cuidando dela e vamos poder nos preocupar com outras coisas. Eu estou com um contato no hospital, além do segurança, então vamos ter atualizações sobre ela o tempo inteiro. Além do mais, Alex ainda está trabalhando aqui na mansão, então pelo menos de madrugada vamos poder ficar de olho nele.

- Ele ainda está aqui depois de tudo aquilo?

- Sim, eu insisti ao delegado para o deixar aqui. Prefiro meus inimigos perto, onde eu consiga observá-los.

- Não tem medo que ele acabe tentando matar você durante a noite?

- Não, não - ela tomou um gole do café - Eu sei que ele trabalha sozinho, então nenhum dos outros seguranças vão ajudá-lo. Posso ficar tranquila aqui em casa.

Era visível que ela não estava tão tranquila assim, Ágata não era tão rigorosa quanto transpassava ser, essa casca dura foi construída ao longo dos anos.

- Entendi. E o pai de Margarida, onde está? - perguntei.

- Ela tenta esconder que seu pai tem problemas psiquiátricos, mas por conta do alagamento todas as suas medicações foram perdidas e os sintomas apareceram enquanto ele estava no serviço, então eu o trouxe pra cá. Ele foi atendido por um médico e está descansando agora.

- E o que ele tem?

- Não sei exatamente, o médico não foi capaz de diagnosticar só nos instantes do atendimento e aparentemente nem o próprio sabe o que tem. O que aconteceu foi que ele estava muito agitado, como se temesse algo ou uma lembrança muito forte fosse vívida em sua mente. Acabou derrubando algumas mesas e machucando algumas pessoas, mas nada grave ou proposital.

- Talvez ele seja esquizofrênico - chutei.

- Talvez sim. Mas pode ser algo até menos grave, como estresse pós traumático. Se não tratado ele pode ser crônico e perdurar por toda a vida.

A Garota de BaskervilleOnde histórias criam vida. Descubra agora