Capítulo 4 - Sangue azul e chamas dançantes

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Eram seis da tarde quando ela tinha mandado a mensagem pra mim, provavelmente a viagem tinha demorado mais do que o previsto. Sair daquela cama e deixar Jonas lá foi um sacrifício sem tamanho, mas minhas responsabilidades tinham que vir primeiro, era muita coisa em jogo. 

- Já vai? - ele perguntou enquanto eu me levantava.

- Preciso ir. Hoje vai ter um jantar especial.

- E você foi convidado? 

- Sou gente importante, não sabia? - respondi.

- Claro que eu sabia - ele abraçou minha cintura - Só não tinha ideia de que eles também sabiam.

- Pois todo mundo sabe. Agora eu vou lá pra encher a barriga de graça, você quer coisa melhor? 

Ele riu.

- É o mínimo que você podia fazer, já que eles sugam todo o dinheiro que a gente produz. 

- Vou tomar um banho pra sair, viu?

Ele fez uma cara repleta de malícia.

- Vai, é?

- Vou, e você vai me deixar tomar meu banho porque não posso me atrasar. 

 Era visível a decepção em sua face. Ele suspirou.

- Tá bom, então. Eu realmente preciso ir pra casa de qualquer forma, tem umas coisas que eu preciso organizar para a decida à mina amanhã - ele disse.

- Certo então - demos um beijinho e ele partiu. 

Foi o banho mais tenso que eu tomei na vida. O peso da água em minha cabeça era tão grande que parecia minha consciência. 

Me arrumei e me dirigi em direção à mansão. Encontrei Margarida na metade do caminho.

- É hoje, né? - perguntei.

- Aqui não - ela respondeu.

Continuamos a andar em completo silêncio até chegar na mansão e Ágata estava sentada no sofá ao lado de Gabriel. Sua expressão era a mais pura que eu já tinha visto ela usar, a certeza que ela estava fazendo seu melhor papel de atuação era total.

Gabriel não era alto e era tão branco que fiquei com medo de deixá-lo roxo se o apertasse muito em meu abraço. O cabelo dele era castanho escuro, mas algumas partes eram mais claras, pareciam queimadas do sol, ele usava uns óculos pequenos e quadrados e usava um terno azul celeste. 

- Ah, eles chegaram - Ágata disse ao nos ver. Ela levantou com ele e esperou até que chegássemos perto - Esses são Humberto e Margarida, meus amigos e funcionários mais próximos. 

Ele apertou minha mão e deu um abraço em Má. 

- Prazer conhecê-los - a voz dele era bem grossa e ele parecia ser um homem de negócios, bem sério.

- O prazer é meu - eu respondi. Margarida só acenou com a cabeça.

Um silêncio desconfortável reinou...

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- Bom - ele disse e deu uma risada constrangida - quando será o jantar?

Eu engoli seco, mas as meninas não pararam de atuar.

- Vou pedir para a cozinheira adiantar um pouco o processo, por que não se sentam enquanto eu vou lá? 

A Garota de BaskervilleOnde histórias criam vida. Descubra agora