Durante os cinco segundos que levam para se mexer na cama de vidro estilhaçado, Galen tenta engolir o coração de volta para o lugar certo, dentro do peito. Quando Emma se mexe — e então geme quando Rayna se levanta —, ele consegue respirar. Rayna se protege quando Emma chuta suas pernas para derrubá-la. E tudo recomeça.
Toraf se remexe ao lado dele na sala de estar e cruza os braços.
— A Rachel foi embora — afirma ele, suspirando. — Disse que não vai voltar.
Galen assente.
— Ela sempre diz isso. Mas talvez, esta noite, seja melhor assim.
Os dois fazem uma careta quando Rayna acerta um pontapé nas costas de Emma, jogando-a sobre o vidro estilhaçado.
— Eu ensinei isso a ela — diz Toraf.
— Um bom golpe.
Nenhuma das duas parece se importar com a chuva, com os raios ou com o paradeiro da anfitriã. A tempestade continua caindo, molhando os móveis, a televisão e a estranha arte na parede. Não é à toa que Rachel não quis ver aquilo. Ela cuidou de tudo por dias.
— Pois então, eu meio que fiquei sem ação quando ela disse não gostar de peixe — comenta Toraf.
— Percebi. Também fiquei surpreso, mas todo o resto existe.
— Falta de paciência.
— Os olhos.
— O cabelo branco também assusta, não?
— Sim. Mas eu gosto. Cala a boca. — Galen olha de soslaio para o amigo, cujo sorriso faz com que ele cerre os punhos.
— Ossos duros e pele grossa, obviamente. Não há sinal de sangue. E ela levou uns golpes bem dados de Rayna — Toraf continua, de modo neutro.
Galen assente, e relaxa os punhos.
— Além disso, dá para sentir o puxão... — Toraf é recebido com um golpe forte que faz com que ele deslize em um só pé pelo chão escorregadio de mármore. Rindo, ele volta a ficar de pé ao lado de Galen.
— Imbecil — diz Galen.
— Imbecil? O que é um imbecil?
— Não sei bem. Emma me chamou disso hoje quando estava irritada comigo.
— Você está me insultando com palavras de seres humanos agora? Estou desapontado com você, vairão. — Toraf assente em direção às meninas. — Não deveríamos acabar com isso logo?
— Acho que não. Acho que elas precisam resolver isso sozinhas.
— E a cabeça de Emma?
Galen dá de ombros.
— Parece boa agora. Ou ela não teria arrebentado a janela em pedaços com a testa.
— Você acha que ela fingiu tudo?
— Não. — Galen balança a cabeça.
— Você devia tê-la visto na varanda. Aterrorizada. Mais do que aterrorizada. Ela até deixou que eu a levasse para casa. Ela não costuma fazer isso. Digo, ela não me deixou levar a mochila dela na escola. Tentou tirá-la de minhas mãos. Não, alguma coisa aconteceu. Só não sei o quê.
— Talvez ela tenha colocado tudo no lugar de novo. Ou talvez a Rayna tenha feito isso.
— Pode ser.
Depois de passar alguns minutos observando o sangue, Galen tira a camiseta.
— O que você está fazendo? — pergunta Toraf.
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Poseidon
RomanceAlém da beleza fora do comum, com seu cabelo quase branco e seus olhos cor de violeta, Emma chama a atenção por ser um pouco desajeitada. Ela não se sente muito à vontade em lugar nenhum... e não sabe que sua misteriosa origem é a fonte dessa sensaç...