Capitulo 10

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Durante os cinco segundos que levam para se mexer na cama de vidro estilhaçado, Galen tenta engolir o coração de volta para o lugar certo, dentro do peito. Quando Emma se mexe — e então geme quando Rayna se levanta —, ele consegue respirar. Rayna se protege quando Emma chuta suas pernas para derrubá-la. E tudo recomeça.

Toraf se remexe ao lado dele na sala de estar e cruza os braços.

— A Rachel foi embora — afirma ele, suspirando. — Disse que não vai voltar.

Galen assente.

— Ela sempre diz isso. Mas talvez, esta noite, seja melhor assim.

Os dois fazem uma careta quando Rayna acerta um pontapé nas costas de Emma, jogando-a sobre o vidro estilhaçado.

— Eu ensinei isso a ela — diz Toraf.

— Um bom golpe.

Nenhuma das duas parece se importar com a chuva, com os raios ou com o paradeiro da anfitriã. A tempestade continua caindo, molhando os móveis, a televisão e a estranha arte na parede. Não é à toa que Rachel não quis ver aquilo. Ela cuidou de tudo por dias.

— Pois então, eu meio que fiquei sem ação quando ela disse não gostar de peixe — comenta Toraf.

— Percebi. Também fiquei surpreso, mas todo o resto existe.

— Falta de paciência.

— Os olhos.

— O cabelo branco também assusta, não?

— Sim. Mas eu gosto. Cala a boca. — Galen olha de soslaio para o amigo, cujo sorriso faz com que ele cerre os punhos.

— Ossos duros e pele grossa, obviamente. Não há sinal de sangue. E ela levou uns golpes bem dados de Rayna — Toraf continua, de modo neutro.

Galen assente, e relaxa os punhos.

— Além disso, dá para sentir o puxão... — Toraf é recebido com um golpe forte que faz com que ele deslize em um só pé pelo chão escorregadio de mármore. Rindo, ele volta a ficar de pé ao lado de Galen.

— Imbecil — diz Galen.

— Imbecil? O que é um imbecil?

— Não sei bem. Emma me chamou disso hoje quando estava irritada comigo.

— Você está me insultando com palavras de seres humanos agora? Estou desapontado com você, vairão. — Toraf assente em direção às meninas. — Não deveríamos acabar com isso logo?

— Acho que não. Acho que elas precisam resolver isso sozinhas.

— E a cabeça de Emma?

Galen dá de ombros.

— Parece boa agora. Ou ela não teria arrebentado a janela em pedaços com a testa.

— Você acha que ela fingiu tudo?

— Não. — Galen balança a cabeça.

— Você devia tê-la visto na varanda. Aterrorizada. Mais do que aterrorizada. Ela até deixou que eu a levasse para casa. Ela não costuma fazer isso. Digo, ela não me deixou levar a mochila dela na escola. Tentou tirá-la de minhas mãos. Não, alguma coisa aconteceu. Só não sei o quê.

— Talvez ela tenha colocado tudo no lugar de novo. Ou talvez a Rayna tenha feito isso.

— Pode ser.

Depois de passar alguns minutos observando o sangue, Galen tira a camiseta.

— O que você está fazendo? — pergunta Toraf.

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