Galen sabe onde encontrar seu irmão. Invadir o isolamento de Grom nos restos das minas dos seres humanos é a última coisa que quer fazer, mas ele está sem tempo. O ponto forte de Emma não é a obediência, o ponto forte de Toraf não é o controle — ele vai aceitar o que ela quer ao primeiro sinal de birra. Ele já disse a Galen que, na teoria, ela será a rainha deles um dia, por isso, ele deve ficar em uma boa situação com ela. E foi uma ordem real que deixou Toraf para trás, incapaz de recorrer a Grom quando Rayna exige a dissolução do acordo. Ao se aproximar da beira do velho campo de minas, Galen decide falar em nome de Toraf. Rayna ficará furiosa, assim como Emma, porém ele deve isso a seu amigo.
As minas o deixam nervoso, sempre foi assim. Há muito tempo, peixes e plantas deixaram essa parte do território de Tritão. Na verdade, até onde Galen sabe, Grom é o único visitante que esse lugar recebe. Buracos grandes o bastante para engolir barcos pesqueiros aparecem no chão do mar com as explosões. A lama ao redor de cada abertura tem uma cor mais escura, como se a explosão deixasse uma sombra. Apenas duas das centenas de bombas permanecem intactas, impotentes, como um monumento silencioso ao que se perdeu aqui. E com a morte de Nalia, os Syrenas perderam mais que a futura rainha. Perderam a unidade. Perderam a confiança. Perderam o legado. E podem ter perdido sua capacidade de sobreviver.
Galen estremece ao passar por uma das bombas intactas. Presa ao chão por uma corrente, a bola de metal flutua tranquilamente, consumida pela ferrugem, deixada pelos seres humanos depois de eles terminarem de investigar a atividade repentina. Como se as cicatrizes na lama não bastassem.
Quando vê seu irmão, ele o chama, apesar de saber que Grom percebeu sua presença antes de entrar no campo minado. Grom ronda o precipício do cânion profundo além das minas, com os braços cruzados.
— Parece que perdi a cerimônia de coroação, Majestade — diz Galen.
Grom esboça um leve sorriso.
— Que pena que o Pai não cumpriu a promessa que fez de arrancar sua língua, irmãozinho. Pensei que ele fosse fazer isso desta vez.
Galen ri.
— Também pensei. Mas Rayna insistiu para eu continuar com minha língua por mais um tempo.
— Você faz bem em deixá-la feliz. Se não fosse por ela, você estaria morto, deserdado ou as duas coisas agora. Acho que ela merece uma viagem especial aos trópicos pelo esforço que empreendeu.
Galen ri. O local preferido de Rayna para procurar objetos de seres humanos é nas rotas de cruzeiros comerciais no Golfo do México. Ela insiste em dizer que as pessoas nos navios jogam fora seus pertences de propósito, para deixarem para trás uma pequena parte delas. Pelo menos foi o que Rachel disse a ela.
— Posso fazer isso. Se ela continuar com Toraf.
Grom vira a cabeça na direção do irmão.
— Ela aceitou Toraf?
— Não. É disso que estou falando. Ela quer pedir a dissolução a você.
— Dissolução do quê?
— Do elo deles.
— Rayna e Toraf estão unidos? — pergunta Grom. — Quando isso aconteceu?
— Muito engraçado. Grom sorri. Galen tenta imaginar o irmão como um ser humano de 80 anos. Cabelos grisalhos, mais rugas que as linhas de uma concha e aquele sorriso de menino que ficaria sem dentes. No entanto, como um Syrena de 80 anos, ele tem a aparência tão jovem quanto a de Galen. Também tem mais dentes, graças a Toraf. Apesar de tudo, ele ainda é errado para Emma. Calmo demais, contido demais, metódico demais para lidar com um furacão como Emma Teimosa McIntosh.
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Poseidon
RomanceAlém da beleza fora do comum, com seu cabelo quase branco e seus olhos cor de violeta, Emma chama a atenção por ser um pouco desajeitada. Ela não se sente muito à vontade em lugar nenhum... e não sabe que sua misteriosa origem é a fonte dessa sensaç...