Capítulo 7: Sem máscaras

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Um mês.

Esse espaço de tempo onde se pode contar quase 5 semanas, 31 dias, 5 segundas-feiras — e, caramba, quem é que curte encarar 5 segundas antes do fechamento mensal? — essa foi a contagem que se arrastou e nada de Uraraka aparecer. Kirishima se contentou com uma mensagem ou outra, mas reparou que ela estava um pouco distante, com frases curtas e apressadas, mostrando-se animada, porém, bastante ocupada.

— Kirishima, tá tudo bem? — Tamaki arriscou a pergunta, preocupado com a rara expressão de desânimo no rosto do colega de equipe.

— Quê? Ahhh, tudo bem, sim, Senpai. — Distraído, Kirishima respondeu com um ânimo que não convenceu ninguém. Levantou-se do seu lugar na outra ponta da mesa do escritório de SunEater para despejar mais uma pilha de relatórios na caixa de concluídos.

— Você pode ir já, se quiser. Vai descansar.

— Não! Eu tenho que te ajudar nesses relatórios! Não posso deixar minha parte do trabalho pra você. — Ele coçou a testa, confuso.

— Ah, sim. Mas, não... — O herói sabia que Kirishima jamais abriria mão do serviço por algumas horas a mais de descanso, seja por folga ou qualquer motivo. Porém, vendo o desânimo dele que se arrastava faziam semanas, ele quis insistir. — Quero dizer... Não precisa me ajudar! Isso é uma o-ordem!

— Mas, Amajiki-Senpai... eu estou bem! — insistiu.

Amajiki geralmente hesitaria em ser incisivo e se intrometer no assunto pessoal dos outros, mas... a preocupação era maior que sua vergonha no momento. Ele separou alguns documentos, limpando a parte central da mesa do escritório e esticou as mãos para alcançar a papelada que Kirishima encarava como um zumbi.

— Você não está bem! O RedRiot que trabalha comigo é o funcionário mais animado daqui! Acho que você só perderia pro Mirio ou talvez pro Fat, em animação... — Recuando as mãos timidamente, ele levanta o olhar para encarar o colega. — Vá para casa e aproveite que amanhã é sua folga. Faça algo que você gosta. Um herói estressado não tem um bom rendimento, certo?

— Mas.... — Kirishima sabia que sustentar um olhar tão incisivamente era um verdadeiro desafio para Tamaki. Se o seu superior, e também amigo, já estava notando seu desânimo, realmente, ele tinha que fazer algo a respeito. Portanto, finalmente cedeu: — Certo. Ok. Você tem razão. Eu... só faltam os carimbos e as rubricas dessas 30 vias. Muito obrigado pelo trabalho!

Kirishima curvou-se em agradecimento, deixando o escritório com um aceno, que Tamaki respondeu com um sorriso fraco carregado de preocupação.

Aquele não foi um dia para academia, portanto, Eijirou seguiu do vestiário da empresa direto para o apartamento de Bakugou, como um morto-vivo caminhando pelo metrô. Mal conseguiu sorrir quando foi abordado por duas fãs e seus celulares frenéticos sedentos por fotos. Pedindo licença e acenando gentilmente para elas, desculpou-se e seguiu viagem.

Estava incomodado com a noite quente e queria chegar logo para se esparramar no chão da sala sob o ar-condicionado. Talvez jogasse algo no videogame para distrair ou faria a janta, apesar de não estar sentindo muita fome. Entrando em casa, ele só conseguiu encarar o escuro e o silêncio. E não gostou nada daquilo. Correu para o chuveiro, a fim de lavar o suor e fadiga do dia. Só então conseguiu se sentir um pouco mais normal. 

Kirishima não era o tipo de pessoa que se incomodava com coisas triviais. Geralmente botava um sorriso no rosto e seguia de peito aberto para sua rotina. Só que ultimamente ele estava com uma necessidade anormal por atenção. Ele não vive bem sozinho, gosta de ter alguém para rir, conversar, interagir. Não seria novidade pra ninguém se ele ligasse para Kaminari ou Mina e marcasse um drink pra fechar a noite, apenas para relaxar e falar um pouco de asneira, não importava o dia da semana que fosse. Esse era seu perfil: extremamente sociável. Mas a falta disso o deixava cabisbaixo.

Akai OchakoOnde histórias criam vida. Descubra agora