Capítulo 13

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As gotas pesadas de chuva batiam contra a janela com pancadas fortes. Era o único som que preenchia a sala de Sebastian. O relógio marcava 00:16, mas o álcool em seu sangue deixava sua mente nublada, então não tinha como ter certeza.

Ele balançou o copo de Whisky na mão que pendia do apoio da poltrona, enquanto olhava para a ponte do Brooklyn. Essa era a vista que sua bela janela, do teto ao chão, proporcionava.

Podia imaginar como parecia: um homem com os cabelos ligeiramente bagunçados, abotoaduras soltas e a gravata solta em seu pescoço. Uma imagem decadente, sabia, mas...

Ela estava atrasada.

Mais uma vez, repassou a conversa com sua velha amiga no bar naquela noite e a informação que ela havia lhe dado.

Ela não era apenas um rostinho bonito.

Pelo canto do olho, Sebastian percebeu uma sombra próxima à prateleira com as quinquilharias que guardava.

Ela chegou.

Então, ele disse:

— Você está atrasada.

Não houve resposta, mas a sombra oscilou levemente.

— Se eu lhe aguardo para uma visita, é desrespeitoso que chegue tão tarde — Sebastian continuou. — Você sabe quem eu sou, suponho.

A mulher saiu das sombras e entrou em um feixe de luz, mas não havia nada para ver além de roupas pretas e máscara da mesma cor.

— E tem como não saber? — a voz que saiu do corpo era quase robótica.

— Um modificador de voz — ele aprovou, ainda olhando-a pelo reflexo do vidro. Sebastian entornou o copo de Whisky, terminando o conteúdo.

— O que você quer? Arquivos? Dinheiro? — Ele sabia o que ela queria, mas não revelaria o fato naquele instante.

— Nada que você queira me dar.

— Ótimo.

Sebastian se pôs de pé rapidamente e arremessou o copo na direção da mulher, que desviou em um movimento sinuoso e atordoado. Ela se recompôs e inclinou a cabeça como se dissesse "Você não fez isso!"

Sebastian puxou a gravata do pescoço e a deixou pendendo entre os dedos.

— Bom saber que os seus reflexos são rápidos — ele apontou.

— Você não tem amor à vida? — a pergunta retórica soou como um rosnado.

— Estou disposto a descobrir.

Antes que pudesse pensar, a mulher estava há dois passos de Sebastian e o punho acertando seu rosto com força o suficiente para lançar sua cabeça para trás.

— Tente novamente, querida — grunhiu segundos antes de tentar acertar o estômago dela, que desviou com facilidade e aproveitou a brecha para acertar as costelas de Sebastian.

Um choque de dor se espalhou pela lateral do corpo de Sebastian e, por um momento, ele desejou ter seguido com as suas aulas de luta no passado.

Sentiu o braço da maldita mulher se fechar ao redor de seu pescoço, o corpo pequeno pressionado contra o de Sebastian. Ela fez pressão em sua traqueia, impedindo a entrada de oxigênio.

— Onde estão os seus arquivos? — a voz modificada exigiu, apertando seu pescoço com mais firmeza.

Como eu falo com ela me sufocando?

Um Passo Atrás de Você (Conto 1 - Série Secrets)Onde histórias criam vida. Descubra agora